Duelo
de titãs
SBT e Record se esforçam para ocupar a
vice-liderança
por
Duh Secco

Estudos recentes, entretanto, indicam
que o segundo lugar em audiência está com outras mídias. A soma de audiência de
plataformas como a TV a cabo e os aparelhos blu-ray é maior do que os índices atingidos pelas emissoras que almejam a vice-liderança. Prova de que a
TV aberta já não é mais tão atraente ao telespectador como em outros tempos. A
julgar pelo conteúdo oferecido por algumas delas, como a Rede TV!, que loteou
sua grade com programas ligados à igrejas, podemos entender o motivo pelo qual
o público tem preferido outras opções.
No caso de Record e SBT, ambas
apresentam atrações semelhantes e outras que divergem, o que garante uma
vantagem maior para uma ou outra no saldo final de audiência. A Record investiu
demasiadamente em jornalismo, contratando profissionais renomados, que estavam,
em sua maioria, no quadro de funcionários da Globo. Tal ação repercutiu em
resultados excelentes. O Jornal da Record
viu sua média subir consideravelmente, sob o comando de Celso Freitas e Adriana
Araújo, e, posteriormente, por Ana Paula Padrão. O Tudo a Ver, de Paulo
Henrique Amorim e Patrícia Maldonado, foi um dos excelentes produtos lançados
neste período que, infelizmente, não se criou na grade vespertina da Record,
tendo apenas o seu título reaproveitado em outra atração, destinada a reprises
de quadros de outros programas da emissora. Paulo Henrique fora deslocado para
o Domingo Espetacular, espécie de Fantástico, que, a princípio, se tornou
uma importante arma na guerra pela audiência dominical. Entretanto, todas estas
atrações se deterioraram ao longo dos anos. A exibição de matérias ligadas à
Igreja Universal e a opção pelo noticiário policialesco levaram à queda
expressiva dos índices do jornalismo da Record. E do sensacionalismo passaram
ao grotesco. Geraldo Luiz, apresentador do Balanço
Geral, talvez seja o maior expoente desse equívoco. Entre uma notícia
absurda e outra, ele investe em almoços no estúdio e conta com o auxílio de um
anão e um galo para comandar a atração. É o show das notícias escabrosas!
O SBT, desde a saída de Bóris Casoy e
a extinção do TJ Brasil, nunca mais
havia investido em jornalismo. Até a contratação de Ana Paula Padrão e Carlos
Nascimento e o surgimento do SBT Brasil.
A audiência não correspondeu e Silvio Santos recorreu a Joseval Peixoto e
Rachel Sheherazade, jornalista que ficou conhecida após difamar o Carnaval em um editorial,
na apresentação de um telejornal local do SBT. A dupla de apresentadores se
afinou ao longo do tempo e a exibição de matérias curtas, com os posteriores
comentários de especialistas, levou o SBT Brasil a vice-liderança em seu
horário, numa disputa interessante com o Jornal
da Band e mesmo o Jornal da Record,
que tem abandonado a linha policialesca adotada por toda a emissora e com isso,
revertido a queda de seus índices.
Se no jornalismo as coisas vão bem
para o SBT, nas novelas tudo tem saído ainda melhor. Carrossel se tornou o fenômeno de audiência dos últimos tempos, e a
grande responsável pelo retorno da emissora à vice colocação. A opção por um
produto de muito sucesso nos anos 90 não inspirava confiança no público e
crítica. A adaptação de Íris Abravanel, entretanto, se revelou vitoriosa, ao
unir as novidades tecnológicas que tanto agradam às crianças aos conflitos e
fantasias do folhetim original. A direção de Reynaldo Boury também se revelou
um acerto. O resultado: na última semana, a novela chegou a ficar apenas quatro pontos atrás de Salve Jorge, que recebeu a audiência baixa do Jornal Nacional e demorou a subir. O feito do SBT levou à Record ao desespero. Sacrificaram Rebelde, novela que já vinha capengando
nos índices devido à sua excessiva duração, o que implicou em mudanças
desacertadas no roteiro. Levada no ar no mesmo horário que Carrossel, a trama, também adaptada de um texto mexicano, acabou
minguando de vez, até se despedir melancolicamente com seu capítulo final
erroneamente programado para a exibição no dia 12 de outubro, um feriado
prolongado. Tal ação corresponde a mais um dos muitos erros da Record: a
incapacidade da manter a grade de programação sem alterações, por mais de uma semana.
Atitude que contribuiu para levar o SBT à derrocada em audiência, no momento em
que a Record, no esforço para bater a Globo, se preocupava com os horários de
apresentação de seus programas e a duração dos mesmos.
No último mês, a emissora de Edir
Macedo chegou a sacrificar Ídolos Kids,
hoje sua maior audiência, para promover a estreia da Fazenda de Verão e, no dia seguinte, realocar o reality-show às
20h30, para tentar fazer frente à Carrossel.
Em vão. A novelinha infantil continua em alta, enquanto a tal Fazenda ainda não fez o barulho
necessário para se atrair o público, levando a Record a programá-la para às 23h. Sua única contribuição, até o momento, foi
revelar o bom desempenho de Rodrigo Faro em atrações “ao vivo”. O apresentador
também está longe dos áureos tempos de seu O
Melhor do Brasil, que chegou a bater a Globo em diversas ocasiões, mas caiu
em virtude da repetição de quadros, o que assola todos os outros programas da
linha de shows da Record, como o Tudo é
Possível, ameaçado de extinção, o Programa
do Gugu, e o recém-estreado Programa
da Tarde, que de opção interessante para o período vespertino passou ao
mais do mesmo, apoiado no tripé famosos, violência e barracos. No SBT, a
situação, no que se refere ao entretenimento, não é muito diferente. A linha de
shows levada ao ar durante a semana está em decadência. As atrações, já velhas,
não empolgam como antes. Mas, curiosamente, o Programa Silvio Santos, no ar quase desde que a TV brasileira
iniciou suas atividades, ainda se mantém em boa posição no ibope. Em parte por
conta do comportamento moderninho de seu apresentador, cada vez mais assanhado
e divertido. Diversão também é o que se vê no Programa do Ratinho, que
abandonou os testes de DNA e as notícias pesadas para apostar na anarquia de
seus integrantes e no contato com o povão. Resultado: tornou-se uma ótima
blindagem para um possível avanço da Record, que tentou derrubar a atração de
Carlos Massa como a reprise de Rei Davi.
A minissérie serviu também como ataque a Globo, sendo apresentada pela Record
como alternativa a uma novela que evoca entidades espíritas.

Entre erros e acertos nos dois lados, o SBT tem vantagem por ter uma identidade, ao contrário da Record que faz de tudo para parecer a Globo, tendo atitudes que marcaram um passado que deve ser esquecido pelo SBT.
ResponderExcluirLucas - www.cascudeando.zip.net