Somos amantes da teledramaturgia. Respeitamos a arte e a criação acima de tudo. Nosso profundo respeito a todos os profissionais que criam e fazem da televisão essa ferramenta grandiosa, poderosa, que desperta os mais variados sentimentos. Nossa crítica é nossa colaboração, nossa arma, nosso grito de liberdade.



ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

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sexta-feira, 11 de novembro de 2011


  

MARCÍLIO MORAES






"Nós, por princípio, somos totalmente contra qualquer interferência no trabalho do autor-roteirista, seja por parte das empresas, seja por funcionários governamentais. Não podemos admitir que alguém, executivo ou burocrata, conheça melhor o nosso público que nós mesmos." 

Ele estreou como roteirista de televisão na Globo em 1984, com a minissérie Laércio É Nosso Rei. Em seguida, MARCÍLIO MORAES foi colaborador de Roque Santeiro, e a partir de então já começou a atuar como autor-titular em sucessos como Roda de Fogo e Mandala. Está na Record desde 2005, além de ser o presidente da Associação dos Roteiristas, entidade que representa os direitos dos autores-roteiristas, sobre a qual ele também nos fala.

Confira aqui suas declarações sobre a posição dos autores em relação às interferências externas, a parceria com Dias Gomes, sua saída da Globo e, ainda, veja suas opiniões sobre produtoras independentes e a acomodação das emissoras que acabam não gerando projetos mais ousados.



ENTREVISTA EXCLUSIVA



Duh Secco pergunta

1 - A Record vai coproduzir seu próximo projeto, o seriado Chapa Quente, em parceria com a produtora Gullane. O que pensa das produtoras independentes? Acredita que as mesmas conseguirão se firmar no mercado televisivo com o auxílio das novas leis da TV paga?

As produtoras independentes deveriam ser a grande alternativa ao sistema fortemente monopolista da televisão brasileira. Infelizmente, elas, de um modo geral, ainda não estão preparadas para exercer esse papel. Estou me referindo à excelência do produto que oferecem.
Claro que há exceções. A Gullane é uma delas. E este sistema de associação entre uma grande rede e produtoras independentes, como é o caso da minha série, é muito promissor.
Há um pressuposto para que esta promessa vingue no panorama do nosso audiovisual. A televisão aberta no Brasil deu certo por uma razão muito simples: valorizou o autor-roteirista. Na TV aberta, o escritor tem um status indiscutível, um status privilegiado, diferentemente do que acontece no cinema nacional, onde quase sempre o roteirista é tratado como pouco importante, quase dispensável. O resultado é que a televisão no nosso país tem sucesso comercial, de público e de crítica. E o cinema continua capengando por aí, inteiramente dependente de dinheiro público e amargando salas vazias.
A nova lei, que resultou do PL 116, vai ser uma grande oportunidade para as produtoras independentes. Se elas tiverem a sabedoria de valorizar e prestigiar, antes de tudo, o autor-roteirista, dando o mesmo poder que ele tem na TV aberta, conseguirão não apenas se firmar no mercado televisivo como alterar o quadro em grande parte estagnado da teledramaturgia de hoje.


Guilherme Staush pergunta

2- Durante o período em que você trabalhou na Globo, sempre cobrou da emissora uma atitude menos acomodada na teledramaturgia, de forma que  houvesse uma maior experimentação no lugar das novelas tradicionais que eram produzidas na época. Atualmente, a Record, emissora para a qual você trabalha, parece estar com o mesmo problema: as novelas são bastante parecidas, todas apostando em tramas com bastante ação, com raras exceções, além do fato de a emissora ter dado um passo para trás ao produzir remakes de novelas mexicanas em vez de apostar em textos originais. Qual sua percepção disso? Por que a Record não busca mais ousadia e mais identidade, produzindo novelas de época, comédias, tramas rurais, enfim, mostrando um diferencial, assim como a Manchete fez nos anos 80 e 90, e como recentemente a Band tentou fazer com a injustiçada Paixões Proibidas?

Para dizer a verdade, eu nem sempre tive essa atitude assim questionadora na Globo. Isso aconteceu nos últimos anos em que estive lá, porque estava saturado daquela mesmice e de ver meus projetos relegados. 
O que eu cobrava – nessa ocasião já havíamos criado a ARTV - era que a Globo usasse o extraordinário potencial dos escritores que tinha sob contrato. Na época, só consegui provocar conflitos, que culminaram com a minha saída da emissora.
Mas o que eu propunha era quase sem tirar nem pôr o que a Globo faz hoje. Aposta na cabeça dos seus escritores, produz vários seriados, experimenta. Isso sem prejuízo do feijão com arroz, que são as novelas, produtos que sustentam a empresa.
Na Record a situação é diferente. Claro que eu não tenho autoridade para falar pela emissora. Não passo de um escritor contratado. O que vou dizer são apenas minhas impressões.
A posição da Globo é extraordinariamente sólida. São 40 anos de monopólio. Fora a presença maciça que ela tem em toda a mídia nacional. Se você reparar, para cada notícia de uma novela da Record, saem 20 da equivalente na Globo.
Fazer concorrência a um poder assim estabelecido não deixa muita margem para experimentações, para riscos. Então eu acho que o simples fato da Record existir como uma emissora que tem investido seriamente em teledramaturgia, apostando nos autores, abrindo o mercado de trabalho, dando alternativa ao público, já é suficiente. Ela já está cumprindo o seu papel. Este é um jogo de longo prazo.
É preciso lembrar que a Manchete faliu. Não porque ousou, mas porque negligenciou a formação de um corpo de autores-roteiristas - o que leva tempo - e entregou o comando da dramaturgia a diretores e produtores.
Quem tem, não apenas possibilidade, mas a obrigação de experimentar, de ousar, é a Globo, em consonância com sua posição fortemente majoritária. Não vamos nos esquecer que a Globo abocanha mais de 70% do mercado publicitário. Com um faturamento destes, investir em mais novelas, como esse novo horário das onze horas, em detrimento das séries experimentais, é um tremendo retrocesso.
Voltando à Record, apesar das circunstâncias adversas, eu, pessoalmente, acho que a emissora teria margem para um pouco mais de ousadia. Ousadia que ela já demonstrou, reconheçamos, apostando num seriado como A Lei e o Crime e outros programas fora do ramerrame habitual. Talvez a ousadia, neste momento, tenha mais chance de acertar o alvo do que o investimento no já conhecido.


Fernando Russowsky pergunta
3- Sobre sua saída da Rede Globo, você declarou em entrevista concedida à revista Isto É que "O que eles queriam que eu fizesse, eu não queria fazer. E vice-versa”. O que você queria fazer? Poderia falar um pouco sobre estes projetos? O que havia neles de tão diferente ou arriscado para a emissora recusá-los?

Não havia nada tão diferente ou arriscado. Simplesmente eram projetos que fugiam do estreito perfil do que a emissora produzia naquela época. Lembro de uma série, de feição policial, tendo um promotor como protagonista, para ser exibido depois das 11 horas; uma minissérie sobre a invasão holandesa; uma novela calcada numa busca religiosa, com passagens no Oriente; uma adaptação de A Tempestade, de Shakespeare, etc., etc.


Guilherme Staush pergunta
4- Como presidente da AR (Associação dos Roteiristas), você já se manifestou, com veemência, contra a “classificação indicativa”, a qual chamou de “nova censura”.
Hoje, novelas que foram ao ar no início dos anos 90, no horário das 6, são reprisadas com cortes (inclusive nas aberturas) quando reexibidas à tarde, o que demonstra um certo retrocesso na liberdade de expressão conquistada na  televisão no final do século passado.  De que maneira os profissionais de TV podem impedir que essa “censura” permaneça e atinja proporções maiores? Por que não há uma maior união entre emissoras, autores, diretores e atores no sentido de procurar barrar essa “nova censura” cada vez mais abusiva, já que existe um interesse comum a todos, além do de permitir que o telespectador democraticamente escolha o que quer assistir?


Essa união a que você se refere já aconteceu. Antes da assinatura da portaria que instituiu o Manual de Classificação Indicativa, houve um movimento reunindo todas as categorias que você citou. Foram lançados vários manifestos, participamos de debates no Ministério da Justiça, houve protestos, etc. Mas não obtivemos êxito e a Classificação obrigatória, feita pelo governo, foi instituída.
Depois disso, a posição dos autores-roteiristas se diferenciou das empresas. As emissoras se batem apenas contra a vinculação entre classificação etária e horários de exibição, porque isso atrapalha o negócio delas.
Nós, por princípio, somos totalmente contra qualquer interferência no trabalho do autor-roteirista, seja por parte das empresas, seja por funcionários governamentais. Não podemos admitir que alguém, executivo ou burocrata, conheça melhor o nosso público que nós mesmos.
Este é um posicionamento ideal, claro. Na prática não é sustentável na sua radicalidade. No caso da televisão, por exemplo, ocorrem interferências empresariais no nosso trabalho. Essas, por força dos contratos, temos que engolir. E de alguma forma conseguimos nos entender com os produtores. Mas a interferência governamental, além de desnecessária, é totalmente arbitrária. Ou seja, na equação público x autor x empresa não há lugar para o Estado.
Esta é a nossa posição, que está expressa em documento exibido no site da AR: www.ar.art.br


Duh Secco pergunta
Marcos Palmeira e Letícia Sabatella no
remake de Irmãos Coragem



5- Você fora o responsável pela atualização do remake de Irmãos Coragem, obra de Janete Clair, eleita por você, aqui no Agora É Que São Eles, como uma das novelas mais emblemáticas dos 60 anos de teledramaturgia. O que tem a dizer sobre a adaptação? Como foi lidar com o texto original de Janete Clair? E mais: o que atribui como fator determinante para que a versão de 1995 não repetisse o sucesso da original?

O remake de Irmãos Coragem foi um tanto conturbado, a começar pelo fato do diretor imprimir uma visão e um ritmo à novela contrários ao que nós pensávamos, o Dias Gomes e eu. Este conflito levou ao afastamento do diretor, logo que a novela começou a ir ao ar.
O imbróglio evidenciou o seguinte. Contrariamente ao que possa parecer, o texto da Janete Clair é denso, violento mesmo, sob certos aspectos. Se você dá a esse texto um tratamento sombrio e um ritmo arrastado, como aconteceu naqueles primeiros capítulos, ele se torna pesado, difícil de assistir, especialmente às seis horas da tarde.
Em função disso, a novela começou com uma audiência muito baixa. E levou tempo para se erguer. Só nas semanas finais que eu consegui trazê-la para um patamar aceitável, próximo dos 40 pontos (outros tempos aqueles!).
E consegui a proeza depois que conversei com o Dias – ele havia se afastado nas primeiras semanas – e o convenci de que o jeito era fazer grandes modificações na novela. De início ele tinha me pedido que fosse o mais fiel possível ao que a Janete havia escrito.
Eu então mudei o foco da novela. No original, a luta dos garimpeiros contra o poder arbitrário dos poderosos dominava a trama. Só que aquilo que no final dos sessenta e início dos setenta repercutia no inconsciente do público como a resistência contra a ditadura, em 1995 se parecia mais com a luta de traficantes contra a polícia, porque nessa época quem estava nos morros de armas na mão eram os bandidos.
Dei mais destaque às tramas românticas e a novela se estabilizou.


Daniel Pepe pergunta:
6 - Você escreveu alguns trabalhos em parceria (seja em colaboração ou coautoria) com outros autores, como Lauro César Muniz, Dias Gomes, Aguinaldo Silva, Rosane Lima, entre outros. Destacaria um ou outro com quem teve/tem grande afinidade, deixando-lhe muito satisfeito com o resultado final? Como você costuma ponderar quando existem conflitos com outro autor ou colaborador quanto ao desenrolar da história ou de um personagem?

Dias Gomes
O autor com quem eu mais trabalhei foi o Dias Gomes. Tinha com ele uma afinidade, especialmente a visão irônica de mundo. Depois vem o Lauro Cesar Muniz. Nossa maneira de escrever é muito diferente. Mas dava certo porque, de alguma forma, nós nos completávamos. Isso ficou mais evidente em Roda de Fogo, que escrevemos em coautoria.
Com o Aguinaldo, a Rosane e outros tive parcerias pontuais.
Eventuais conflitos ocorrem quando há dois autores. Divergências entre um autor e um colaborador não chegam a um conflito porque o autor tem o mando da situação e resolve o caso enquadrando o outro.
Mas quando há autor e coautora a coisa pode se complicar, porque nenhum é absoluto em relação ao outro.
Para estes casos, o código de ética da Associação dos Roteiristas diz o seguinte:Em caso de conflito num trabalho de equipe, é recomendável que os Roteiristas tentem solucionar as desavenças, em primeiro lugar, no âmbito da própria equipe. Não havendo consenso, o foro indicado é a Associação, que procurará sugerir uma solução que evite prejuízos profissionais aos envolvidos, sem ferir a hierarquia estabelecida na equipe ou na relação com o produtor (pessoa, instituição ou empresa) contratante.”
O que se tenta evitar aqui é o recurso à emissora ou ao produtor, o que pode gerar uma intervenção arbitrária e prejuízos para um ou todos os roteiristas.
Mas para resolver os conflitos através da Associação é necessário um alto grau de consciência profissional, o que infelizmente é raro entre os autores-roteiristas brasileiros.


Fernando Russowsky pergunta
7 - Foram pouquíssimas as vezes em que a Rede Globo usou, em suas novelas, a favela como cenário. Isto ocorreu em alguns capítulos de Pátria Minha e Quatro por Quatro. Como um dos cenários principais e por toda a duração da novela, somente em Duas Caras, que estreou pouco depois de Vidas Opostas. Em seu tempo na Globo, você observou resistência da emissora em relação a certos cenários, temas e abordagens?

Favela em Vidas Opostas
A Globo tem o que ela chama de “Padrão Globo de Qualidade” e que de fato se constitui numa série de critérios que orientam tudo o que vai ou pretende ir ao ar na emissora. As pessoas que analisam os projetos lá têm esses critérios na cabeça.
E que critérios são esses? Para explicar de maneira bem simples e objetiva basta dizer que são os critérios que norteiam as agências de publicidade. Ou seja, nada que vá questionar ou causar mal-estar no público consumidor. Não o público em geral, o público consumidor, especificamente.
Está claro que favelados e outros grupos marginalizados não se encaixam bem neste padrão. Bem como, ainda, o beijo gay e outros comportamentos que possam causar mais “escândalo” do que o necessário para que a programação possa parecer “ousada” sem atravessar os limites estreitos da moral pretensamente estabelecida.
Está claro que, com isso, muitas vezes, a cara do povo brasileiro deixa de ser representada nas telas, não só da Globo. 
Em Vidas Opostas o que eu fiz, e a Record topou o desafio, foi escrever uma novela que exibia a cara do povo carioca, grande parte do qual vive nas favelas, é ferrado, é vítima da violência dos bandidos e da polícia, etc. Metade dos personagens de Vidas Opostas era de favelados. Um projeto desses, pelo menos no tempo em que estive lá, não seria aprovado na Globo. Parece que depois do sucesso da minha novela, a Globo reformulou um pouco esta visão.


Guilherme Staush pergunta
8 - Como você avalia o resultado obtido por Ribeirão do Tempo nos quesitos audiência e repercussão? Acha que o fato de ter sido esticada em 250 capítulos (quase um ano de exibição) prejudicou o andamento da novela?

Elenco de Ribeirão do Tempo

Quando você planeja uma novela, faz uma projeção das repercussões que espera provocar. Essas repercussões são necessárias para a condução do trabalho ao longo dos capítulos.
Em Ribeirão do Tempo eu optei conscientemente por um caminho difícil, que é a ironia. E ainda por uma narrativa calma, sem correrias nem histerias.
Entre outras histórias mais ou menos comuns nas novelas, eu criei uma bem diferente: a trama de um ícone de 68 que alucina e resolve promover a revolução que sua geração não conseguiu fazer. Ou seja, resolvi brincar com a esquerda e os mitos com que eu próprio estive envolvido minha vida inteira.
Eu achava que esta trama conseguiria repercussão, que o Brasil já estava maduro para discutir de forma bem-humorada os ideais daquela época. Me enganei redondamente. A repercussão foi praticamente zero. Não houve nenhum comentário na imprensa a respeito. Por que, é o caso de pesquisar.
Sem repercussão, não consegui dar ao personagem a dimensão que eu desejava, que juntaria a crítica do mundo e da política atuais com a brincadeira em torno dos conceitos revolucionários. Foi uma pena.
No restante, a novela cumpriu seu papel. Não teve grande audiência, mas eu também não fiz grandes concessões: não teve noiva fugindo do altar, nem nascimento de criancinhas, nem perseguições desenfreadas, nem redenções edificantes. Sustentei até o fim a brincadeira com o “politicamente correto”. Meus personagens, por exemplo, criaram a lei úmida, para se opor à lei seca. Eu me diverti bastante
O fato de ter tido 250 capítulos não prejudicou a novela. O que prejudicou, repito, foi a falta de espaço, no país, para a ironia. A maior acusação que ouvi foi de falta de respeito com o Lula, porque botei o Presidente da República sendo assassinado com uma cachaça envenenada. Me disseram que até a Dona Marisa ficou furiosa, embora eu jamais tenha dito que aquilo se referia a uma pessoa determinada.


Daniel Pepe pergunta
Luiz Gustavo e Louise Cardoso em
Mico Preto
9- Miguel Falabella já declarou que Mico Preto foi a novela mais alucinada da televisão brasileira, e Euclydes Marinho, que vocês acabaram fazendo uma novela que não tinha nem pé nem cabeça. Os atores constantemente colocavam cacos no texto, chegando até a criar uma personagem que não existia: a Marietinha Aranha. Quais as suas lembranças e avaliação sobre a novela? Apesar de não ter sido um grande sucesso, achou prazeroso, até mesmo divertido, ter participado desta obra que já virou cult?

Para falar de “Mico Preto”, eu teria de, parodiando o romancista Lúcio Cardoso, fazer a “Crônica da Novela Assassinada”. Mas esse empreendimento vai ficar para minhas memórias, se um dia forem escritas.
O que posso dizer agora é que havia interesse de alguns figurões da Globo em derrubar a novela. Eu, como autor da sinopse e cabeça dos três autores, talvez pudesse ter evitado isso. Porque uma coisa é escrever a novela, outra é administrar o enorme empreendimento que ela é. O poder necessário para tocar a novela me foi subtraído e eu não tive força suficiente para impô-lo.
A novela, em parte, navegou à deriva. Apesar disso, foi divertido escrevê-la. Havia uma trama em que o Falabella, cujo personagem era um gay, se fazia passar pela mulher de um deputado e o Oswaldo Loureiro, um político do Acre, se apaixonava por ele. 
Mas para minha carreira na Globo essa novela foi muito ruim.


Guilherme Staush pergunta
Bianca Rinaldi e Petrônio Gontijo
participarão do especial O Madeireiro
10- A direção da Record costuma interferir no trabalho dos autores das novelas ou possui alguma cartilha impondo certos limites nos programas? Nota-se, por exemplo, que a teledramaturgia da emissora exibe com liberdade muitas cenas fortes de violência, mas por alguma razão não se vê cenas de nudez nas novelas, e as cenas de sexo são sempre tímidas, comparadas às das outras emissoras, ainda que o horário de exibição da segunda novela permita uma ousadia maior (inclusive hoje, dia 17, foi noticiado pela Folha de São Paulo que a direção da emissora está preocupada com as “cenas calientes” entre Petrônio Gontijo e Bianca Rinaldi na minissérie O Madeireiro, e estuda editá-las).  É uma postura adotada pelos autores e diretores das novelas ou é a emissora que impõe limites?

A Record não é diferente da Globo nem das outras neste aspecto. Todas estabelecem os seus padrões e os seus limites. Elas têm o poder legal para isso, já que são as concessionárias do serviço público. Nós, autores-roteiristas contratados por elas, achamos que as direções das emissoras não deveriam interferir no nosso trabalho. Mas lidamos com o fato.
E, pensando bem, a interferência das emissoras é relativamente pequena, porque quem escreve para milhões de pessoas, quem tem experiência nisso, adquire um bom senso e uma conexão com o público que não deixa muita margem para questionamentos.




BATE-BOLA com Marcílio

O que falta nas telenovelas hoje em dia é ...
Faltam questões mais relevantes, seja de ordem política, social, existencial.

Ligo a TV para ...
O que eu mais vejo na TV são noticiários e documentários. Alguns filmes. E dou uma olhada nas novelas e séries nacionais.

Desligo a TV para ...
Para a maior parte da programação, que não me desperta interesse.

Dou um presente e dou um castigo para ...
Eu daria um presente para quem criasse um programa de debate de ideias na TV brasileira. Não há um sequer. 
Dou um castigo para os dirigentes das emissoras que não abrem espaço para o debate e a controvérsia na programação.

Meu maior orgulho e meu maior fracasso:
Meu maior orgulho, em TV, foi a novela Vidas Opostas, pela circunstância em que foi feita, pela ousadia, pelo êxito que alcançou.
Fracasso... Melhor deixar para lá.

Um sonho de consumo:
Conseguir mais tempo para ler e assim diminuir a pilha de livros que vai se acumulando no meu escritório.

Um remake que adoraria fazer:
Não me ocorre nenhum.


***

6 comentários:

FABIO DIAS disse...

Muito boa a entrevista, uma das mais interessantes que li nesse espaço.
Parabéns "meninos" do Agora!

Abraço

edu vieira disse...

é, o cara não foge da raia...gostei da parte ...não teve noivas fugido, redenções milagrosas(algo assim) ... vidas opostas foi a melhor novela da Record. Queria ter visto Essas mulheres.

Telinha VIP disse...

Gosto de entrevistados assim, que não ficam fugindo das perguntas e respondem tudo na coragem.
Parabéns , uma das melhores entrevistas!

Blog Agora É Que São Eles disse...

...
...
Mensagem enviada pela atriz Lúcia Alves, via email.

Marcilio, bela entrevista! vcs estão sempre tão distantes de nós... adorei.

Mauro Barcellos disse...

Marcilio é bem direto nas respostas. Vai fundo nas questões. Ler entrevistas assim é um prazer. E a equipe sempre afiada nas perguntas. Parabéns!

Abraço

Anônimo disse...

Ótimas argumentações do Marcílio e, como sempre, questões inteligentes do pessoal do blog. Parabéns pela entrevista!
Lucas - www.cascudeando.zip.net