Somos amantes da teledramaturgia. Respeitamos a arte e a criação acima de tudo. Nosso profundo respeito a todos os profissionais que criam e fazem da televisão essa ferramenta grandiosa, poderosa, que desperta os mais variados sentimentos. Nossa crítica é nossa colaboração, nossa arma, nosso grito de liberdade.



ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

Free DHTML scripts provided by Dynamic Drive

quarta-feira, 13 de abril de 2011


Guilherme Staush e
Duh Secco entrevistam
CRISTIANNE FRIDMAN



.
.
Nossa terceira entrevistada é Cristianne Fridman, autora de "Vidas em Jogo", próxima novela da Rede Record, que estreia no dia 3 de maio.


.
Cris já conhecia o nosso trabalho, e foi muito gentil (e simpaticíssima!) em conceder uma entrevista.




Duh Secco pergunta


1- Você passou por bom período no casting de autores da Globo. O que traz de melhor e pior desta época? E porque resolveu migrar para a Record? .


Meu primeiro contato com a televisão foi na Oficina de Autores da TV Globo. Vi um anúncio no jornal, escrevi um roteiro e passei por todas as etapas da seleção e, na oficina, também consegui ir até o final. O que trago de melhor é, sem dúvida, a minha formação como roteirista. Em todos os trabalhos que fiz aprendi muito. Pior? Nunca pensei sobre o pior. Se aconteceu ficou no esquecimento. Guardo o que de melhor vivenciei. Estas são as minhas lembranças. Resolvi ir para a Record porque recebi um convite e, na época, avaliei que seria bom ter esta experiência. .



Guilherme Staush pergunta


2- Fale um pouco sobre “Vidas em Jogo”, sua próxima novela para a Rede Record. Além do mote principal - um grupo de amigos que ficam ricos de uma hora para outra, ganhando uma bolada na loteria – que outros temas você pretende abordar? . .


‘Vidas em Jogo” é uma novela atual. E digo atual no sentido dos personagens agirem e reagirem de acordo com o que nós todos vivenciamos em nosso dia-a-dia. Este grupo de amigos que ganha o prêmio da loteria vê seus valores em xeque. Dinheiro é bom, mas às vezes o preço é caro! Não gosto de ter um tema e moldar a história a ele. Gosto que na história cada personagem traga os seus conflitos. Não vou discutir a obesidade, mas tenho uma personagem gorda que sofre e reage a isso. Outro personagem, o Welligton, é um rapaz que busca o corpo ideal para ser um centroavante “trombador”. O percurso dele o acaba levando para o uso de anabolizantes. A Andrea é uma taxista que acaba batendo de frente com a máfia dos táxis ilegais. O olhar vem do personagem e não o tema que dá esta visão a eles. .



Duh Secco pergunta


3- Você dividiu com Yoya Wursch a autoria de Dona Anja, novela do SBT, baseada no romance de Josué Guimarães. Quais as dificuldades de se adaptar uma obra? Neste caso específico, quais foram as principais alterações do livro para que o mesmo tomasse contornos de novela? E quais os outros romances que gostaria de adaptar?


Aprendi muito com a Yoya, mas já faz um bom tempo e não lembro das principais alterações que fizemos no livro. Lembro, sim, que não adaptamos, mas fizemos uma novela inspirada no livro. Há uma diferença quando você adapta uma obra e se inspira livremente nela. Óbvio que sempre devemos procurar respeitar as linhas, a essência do autor que estamos usando como fonte. No momento não tenho um romance em mente que eu gostaria de adaptar não. E, cá pra nós, se o tivesse não diria em uma entrevista. Vai que outro autor adapta antes de mim, rs! .



Guilherme Staush pergunta

4- Você trabalhou como colaboradora na novela “Coração de Estudante” (2002), na Rede Globo, cujo autor principal era Emanuel Jacobina, e adaptou “Bicho do Mato” juntamente com Bosco Brasil para a Rede Record, em 2006. Ambas as novelas sofreram interferências para alavancar a audiência. A primeira de Carlos Lombardi e a segunda de Tiago Santiago. Como você avalia essas mudanças que acabam alterando a ideia original dos autores, em especial nas novelas supracitadas? De que maneira elas afetaram o teu trabalho? .

No caso do “Coração de Estudante” eu era colaboradora e o Emanuel Jacobina fazia sua primeira novela como autor-titular. A partir desta experiência a própria Globo lançou autores novos, mas tendo o seu primeiro trabalho supervisionado. Beth Jin, Duca e Thelma, o próprio João Emanuel. Não sei o quanto afetou a idéia original do Emanuel. Isto ele poderia responder melhor. Em Bicho do Mato a supervisão do Tiago Santiago foi acordada desde a sinopse, que ele também participou. Eu e Bosco aceitamos esta condição desde o início. Tiago assumiu a novela durante um período e, logo depois, eu a reassumi. Óbvio que duas cabeças não pensam a mesma coisa e temos estilos diferentes. Foi complicado, mas quando eu retomei o trabalho não vi dificuldade em exercer a minha autoria.


Guilherme Staush pergunta

5- Os grupos de discussão no Orkut são quase unânimes com relação a teledramaturgia da Record. “Essas Mulheres” e “Cidadão Brasileiro” são apontadas como as melhores novelas da emissora, até então. Em oposição a isso, a Record insiste em produzir novelas bem diferentes das citadas, com muita ação, violência, perseguição de carros, e todas elas com um número enorme de capítulos (a atual Ribeirão do Tempo vai acabar com quase um ano no ar)... tornando-as muito parecidas nesses aspectos. Como você avalia isso? Na sua opinião, o que está faltando para que a Record consiga de vez competir de igual para igual em termos de audiência e qualidade com a Globo?

O convite que recebi da Record foi para trabalhar justamente na colaboração da novela “Essas Mulheres”. Eu e Bosco fomos para realizar esse trabalho junto com a Rosane Lima, que era autora-titular e depois dividiu a autoria com o Marcílio. Era uma novela difícil de escrever, mas maravilhosa! O resultado comercial dela não foi bom, mas deu prestígio à Record. Não vejo como característica exclusiva da Record o fato das novelas apresentarem cenas de ação, violência, perseguição de carros. Tenho visto isso já há algum tempo em outras emissoras também. Já o fato das novelas longas vejo ser característico da Record. “Chamas da Vida” teve 253 capítulos! Não é fácil levar uma história por tantos capítulos assim... Record e Globo têm produtos de qualidade e outros nem tanto. Acho que para todos os artistas esta competição no mercado é saudável. Gera emprego pra muita gente! .


Guilherme Staush pergunta

6- Um dos grandes suspenses no final de “Chamas da Vida” foi a revelação do misterioso incendiário, responsável por vários crimes ao longo da novela. Desde o início já estava previsto que o piromaníaco seria o Léo, personagem de Rafael Quiroga? Você chegou a escrever outros finais?

. Estava previsto, sim, um segundo incendiário. E isto se deu quando o Maciel avaliou a sinopse e levantou uma preocupação com a piromaníaca Vilma. Ela seria revelada logo de início e isso a enfraqueceria no embate com os outros personagens. Por isso pensei no segundo incendiário, mas ele só se definiu bem mais adiante na trama. Escrevi outros finais para manter o suspense e não vazar na imprensa. .


Duh Secco pergunta

7- Recentemente, o autor Lauro Cesar Muniz declarou: “Hoje um autor de novela não senta no computador para criar histórias. Ele virou um distribuidor de tarefas.” Concorda com esta afirmação? Acredita que o autor de hoje passe mais tempo delegando cenas aos colaboradores do que escrevendo?

No meu caso eu escrevo muitas cenas dos capítulos e crio muitas tramas. E sei que outros autores também tem esse método. A novela é escrita COM os colaboradores. Vidas em Jogo é escrita COM Camilo Pellegrini, Jussara Fazolo, Aline Garbati e Alexandre Teixeira, aos quais agradeço a grande parceria! Mas também sei que há autores que escaletam e delegam a escrita das cenas inteiramente aos colaboradores. Cada um tem o seu jeito de trabalhar. A Glória Perez escreve sozinha! De qualquer modo acho que o autor é o responsável pelo texto da sua novela, bem como pelas tramas que ela apresenta porque, mesmo quando um colaborador escreve, o autor faz a sua redação final e ao escaletar ele está dando a levada da sua história, ainda que peça idéias, trilhas, sugestões aos seus colaboradores. O que eu tinha lido é que o Lauro estava lutando por novelas com 120 capítulos, se não me engano. Enfim: novelas menores. Eu assino embaixo! As novelas com uma quantidade menor de capítulos podem ter uma qualidade muito maior.


Duh Secco pergunta

8- Ainda repercutindo as declarações de Lauro Cesar Muniz. “O processo industrial está acabando com a qualidade e a solução é cortar pela metade o número de capítulos.”. Foi o argumento utilizado por seu colega de emissora para defender uma redução no tamanho das novelas atuais. Acredita que essa suposta queda na qualidade e o ritmo industrial das novelas sejam fatores determinantes para a diminuição de audiência pela qual o gênero passa atualmente?

Não sei se há esta ligação direta audiência/ redução dos capítulos. “Essas Mulheres” não foi uma novela longa, teve qualidade e não alcançou uma boa audiência. “O Cravo e a Rosa” teve mais de duzentos capítulos, teve qualidade e alcançou um bom ibope. O que eu acho é que a possibilidade maior de qualidade está em novelas com um tamanho mais reduzido.

***

7 comentários:

TH disse...

Mais um Gol de placa do "Agora"

Como é bom perceber a humildade e acessibilidade dos autores hoje em dia. Christiane aparenta ser mesmo bastante agradável e humana.

Parabens, rapazes!

P.s.: Coração de estudante é de 2002!

Guilherme Staush disse...

Valeu, TH! Falha do entrevistador.
Já está corrigido ;)

Walter de Azevedo disse...

Ótima entrevista. Aguardando a estréia da novela!

edu vieira disse...

também adorei a Friedmann!!! não sabia que ela tinha colaborado em Coração de Estudante, novela de que gosto bastante( antes do Lombardi) e até com ele, vai! Parabéns pelas entrevistas!!!

Fernando Oliveira disse...

Cristianne é criativa e suas novelas são bem interessantes. Não deve ser nada fácil esticar uma novela tanto como foi feito em Chamas da Vida. Com relação a ESSAS MULHERES, me alegra saber que ele é considerada, ao lado de Cidadão Brasileiro, a melhor novela da Record até o momento presente. Realmente foi uma prodção curta em número de capítulos mas foi um primor em qualidade de enredo e texto.

Isaac Santos disse...

Gostei de Bicho do Mato, mas foi uma novela "tímida", curti mesmo e considero uma das melhores novelas da Record, Chamas da Vida.

Parabéns a turma do Agora é que são Eles e também a Cristianne pela entrevista. Interessante a observação do Tiago, concordo!

Reinaldo Henriques disse...

Adoro e a considero um grande talento!