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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Revolução em termos
por Duh Secco

Quem acompanhou a campanha de divulgação de Amor e Revolução, estreia do último dia 05 no SBT, notou o empenho da emissora em transformar a novela em uma produção vitoriosa. Chamadas elaboradas, programas especiais, participação de atores em todos os programas da casa e uma exagerada divulgação do excesso de violência que a trama, passada no período da Ditadura Militar, apresenta.

É neste último item que está o maior erro da trama. Com o objetivo de “passar a história do Brasil a limpo”, Amor e Revolução se perde em meio à temática e acaba por deixar sua trama, o que realmente movimenta uma novela, em segundo plano.  Tiago Santiago já cometeu esse deslize quando botou pra escanteio a trama inicial de Caminhos do Coração, dando ênfase aos mutantes que faziam parte da trama, o que alterou até mesmo o título da novela. Em Amor e Revolução, a história se repete. A story-line, a da guerrilheira apaixonada por um militar, e os núcleos bem planejados, focando todas as áreas atingidas pela Ditadura na época (dentre elas, a imprensa e o teatro), são suplantados por repetitivas cenas de tortura e por diálogos didáticos que dão a impressão de que os personagens estão mais para contar a história do que vivê-la.

Sabemos que boa parte do público desconhece o Brasil desta época, mas contar e recontar os acontecimentos, o tempo todo, usando de dados que em nada acrescentaram a trama, torna a mesma um tanto quanto maçante. Exemplo disso é a cena do primeiro capítulo em que Marina Campobelo (Gisele Tigre) e Dra. Marcela (Luciana Vendramini) comentam o saldo de mortes do primeiro dia após a tomada do poder pelos milicos. Poderiam resumir a história com “foram sete vítimas”, mas optaram por citar cada um dos casos. Os jargões como “É preciso fazer a revolução” também são utilizados constantemente, tanto pelos militares, como por aqueles contrários ao golpe.

O texto nada elaborado também prejudicou sequências interessantes, como o incêndio na UNE, cuja ação foi interrompida por desnecessárias frases dos protagonistas José Guerra (Claudio Lins) e Maria Paixão (Graziella Schmitt). O mesmo para a perseguição ao par romântico Odete (Gabriela Alves) e Carlo (Marcos Breda), que, levados para a sala de tortura (sem que o público tivesse maiores explicações sobre o motivo da prisão do casal) decidem apostar em argumentos como “Eu sou pai. Minha esposa é mãe. Temos que cuidar de nossas filhas”.

Por outro lado, a novela representa um avanço na teledramaturgia da emissora. Avanço este que já começa na redução dos capítulos de frente (diferença dos números de capítulos que vão ao ar e os que estão sendo gravados), possibilitando a correção de erros capazes de prejudicar a audiência, ainda longe da almejada pela emissora. A direção é segura e a produção conta com um melhor aparato. Destaque para a cenografia e iluminação. E para bons nomes no elenco, como Jayme Periard, Lúcia Veríssimo e Reynaldo Gonzaga, que se sobressaem ainda mais diante de atores extremamente despreparados, como Patrícia de Jesus, que compromete seriamente as sequências das quais participa.

Digno de nota o selo da censura que antecede a exibição do capítulo, lembrando os tempos em que a mesma não era velada, como nos dias atuais. E os depoimentos que encerram a novela todos os dias, sempre emocionantes.

É acompanhar e ver o que Amor e Revolução nos reserva. Pelos primeiros capítulos, parece uma boa trama, envolta por uma caprichada produção, mas perdida em erros recorrentes do autor.

12 comentários:

Fábio Leonardo disse...

Sempre fui um crítico de Tiago Santiago, mas resolvi lhe dar uma chance em Amor e Revolução, novela que assisto com dois olhares diferentes: o do historiador e o do amante de dramaturgia.

Como historiador, desde Anos Rebeldes e Um Só Coração não vejo um trabalho tão fiel a um momento histórico do Brasil. As cenas fortes são de extremo compromisso com a realidade da época. Ou melhor, com as realidades, visto que a história - e a novela mostra isso muito bem - é feita a partir de múltiplos olhares.

Como amante de dramaturgia, e aspirante a novelista, concordo com os enorme pecados no texto. As mesmíssimas coisas poderiam ser ditas de uma forma diferente, dando muito mais agilidade, e não ofendendo a inteligência de que assiste.

Eddy Fernandes disse...

Olha, só com muita boa vontade, pra assistir um capítulo dessa novela e não cair na risada.

Nilson Xavier disse...

Ótimos comentários Duh!

Trilha equivocada, didatismo, atuações pífias, cachorrinho errado no lugar errado...

Tomara que Tiago deixe o texto nas mãos de seus colaboradores, pq ele põe a novela a perder.

O que chega a ser uma lástima diante de tanta garra da produção e aparatos técnicos de primeira.

Amanda Aouad disse...

"os personagens estão mais para contar a história do que vivê-la." Isso é o que mais incomoda. Parece que todos os personagens estão lendo um livro de história e não vivendo aquela época. Lamentável. Fora o excesso de cançoes por capítulo.

Agora, achei o depoimento no final do capítulo (apesar de ser uma cópia da idéia de Maneco), um acerto, a gente fica com aquilo na mente como última coisa do capítulo. É forte e acaba nos fazendo voltar no dia seguinte.

aionr disse...

Eu gostei da novela. Apesar de alguns dialogos parecerem ter saido de livros de história.
O elenco todo está tentando fazer um excelente trabalho, o texto não ajuda.Apesar disso,acredito que se melhorado a novela tem tudo para emplacar. E o SBT ganhou pontos comigo por estar apostando nessa trama.
Adorei a premissa do blog! Se tiverem interesse, visitem meu blog Jornal Tv.
jornaltv.blogspot.com
Vou continuar acompanhando o Agora é que São Eles, meus parabéns pelo blog.
Um abraço a toda a equipe.

Anônimo disse...

Ótimo texto, Duh. Concordo com vc e tb ressalto a boa atuação, por incrivel que pareça, de Patrícia de sabrit e seu núcleo.

Mas, a novela é cacetíssima, didatíssima, enfadonha, enfim, o que é uma pena, já que conta uma história na qual eu tenho muito interesse em saber.

Por mim, já abandonaria a trama na 1ª semana mas, devido ao meu já mencionado interesse por esses acontecimentos, me fudi e vou tender em acompanhar essa trama que parece ser escrita por algum estudante do 3º ano primário.

Oremos.

RMBLUCAS

Anônimo disse...

Quer saber como se tem certeza do talento de um crítico? Quando você gosta de ler uma crítica dele a respeito de uma obra que você não viu nem verá.

Detesto novelas do Tiago Santiago, não vejo um capítulo sequer. Mas adoro ler as críticas do Duh Secco - inclusive sobre as novelas do Tiago Santiago. hehe

Eduardo Vieira - Recife/PE

Pedro Nascimento disse...

O duro é ver muito atores bons com muitos atores ruins. A novela tem potencial para crescer. Dá tempo de melhorar muita coisa.

Adoro Coadjuvantes disse...

Acho que falta uma boa direção de atores. Lucia Veríssimo está péssima, parecendo uma atriz mexicana, até Patricia De Sabrit está melhor.

visitem o meu novo blog:

adorocoadjuvantes.blogspot.com

Estou perto de descobrir o paradeiro do Tony Vermont

Walter de Azevedo disse...

Gosto da novela e acompanho. Claro que o texto do Tiago Santiago não é bom, mas é visível a diferença quando os colaboradores escrevem. Além disso a trama tem uma história forte e potencial. Tiago deveria apenas escaletar e deixar na mão de Miguel Paiva e Renata Dias Gomes.

Fernando Oliveira disse...

Acompanho a novela e gosto do enredo e do tipo de trama, a época em que ela se passa. O que coloca a perder toda a produção é o texto explicativo de Thiago Santiago. Didatico e as vezes chato.

edu vieira disse...

tentei ver um capítulo e notar a diferença entre o Santiago e os colaboradores. Infelizmente, não achei. É uma pena, pois a produção é bem boa, mas a novela é chata demais...