

Eduardo Vieira é natural de Santos e reside no Guarujá. Formado em letras, é professor de português. Contribui bastante com seus conhecimentos em comunidades virtuais sobre novelas. Leia abaixo seu texto analisando algumas personagens femininas marcantes de Gilberto Braga. Nossos agradecimentos a ele!
Gilberto Braga e as mulheres esclarecidas
Sempre que assisto às novelas do autor Gilberto Braga, o que me chama mais a atenção não são as vilãs ou vilões, tão comemorados e vistos como presentes pelos atores, mas sim as mulheres cordatas que permeiam suas novelas.

Discorro sobre isso na ocasião da morte da personagem de Ana Beatriz Nogueira em Insensato Coração, Clarice Cortez, em uma novela que, mesmo não estando na boca do povo, exibe boas tramas e traz sempre a boa marca registrada do texto gilbertiano e do seu parceiro de história, Ricardo Linhares. Chamo essas personagens carinhosamente de mulheres esclarecidas, que têm uma importância capital à história e mostra ao telespectador que ser bom não significa propriamente ser desprovido de graça.
Atrevo-me a apontar a primeira personagem desse tipo em sua obra: Ester, mulher do comendador Almeida, feita pela excelent

Já no horário nobre, vemos em Água Viva, a construção mais completa dessa mulher educada, refinada, q

Esta últ

Em Vale Tudo, talvez o maior sucesso do autor, tal personagem vem como o vértice do principal triângulo da história, a doce e sensível artista Helena Roi


Já em sua polêmica O Dono do Mundo, Glória Pires é a esposa do vilão que aguenta calada algumas traições do marido, mas logo sofre uma grande transformação pelo fato de não concordar com ideias machistas e preconcebidas do marido e do pai. Stella Barreto vira a sua vida do avesso, tira o diploma do armário e vai à luta tentar trabalhar na carreira de Jornalismo que largara ao se casar. Uma de suas frases à personagem Karen, vivida por Maria Padilha, resume muito o caráter dessas mulheres selecionadas : “ Há pessoas interessantes em todas as classes sociais.”, ela afirma.
Em Pátria Minha,

Na ensolarada Paraíso Tropical, vemos o retorno da grande atriz Renée de Vielmond, no papel de Ana Luísa Cavalcante, esposa dedicada de um dono de uma rede de hotéis (Tony Ramos). Sua vida é marcada por um grande trauma, a perda do filho, e depois a descoberta da infidelidade do marido com uma pessoa que ela tratava com o maior desvelo, a secretária dele. A exemplo de Stella Barreto, depois disso ela consegue vencer vários medos, como a retomada da profissão d

Para se ter idéia de como às vezes esse tipo de papel rende, a participação da atriz que seria apenas no início da trama foi esticada graças à bondade e elegância de caráter que Ana Luísa imprimiu ao andamento da história. Na sua história foi abordado depois o tema da adoção de crianças e a amizade dela com a nova esposa do marido, Lúcia, vivida novamente por Glória Pires.
Na atual Insensato Coração vemos que, além de Clarice, que deixou a novela com gosto de “quero mais,” pois o público esperava um confronto maior com o homem que a fez sofrer tanto, há também, um tanto mais à sombra, a figura de Gilda (Helena Fernandes) , uma mulher rica, porém de hábitos simples e com consciência social. Veremos que agora ela passará por um problema com o marido, Oscar e sua história será melhor desenvolvida.

Vemos portanto que os brasileiros também se identificam com personagens com ética, que tratam bem o próximo, que exibem consciência moral, e não somente com os famigerados vilões que estão cada vez mais difíceis de serem inéditos.
(Imagens: Rede Globo, Dramaturgia Brasileira)
10 comentários:
adorei o texto com imagens dessas maravilhosas atrizes. Que esmero!!! beijos Edu
Bom, eu não estou acompanhando e gostando de Insensato Coração, mas o pouco que vi de Clarice achei um personagem interessante. Mas, e Força de Um Desejo? Quem seria essa mulher esclarecida? Guiomar?
bjs
acho que em A Força de um desejo esse papel da história é cumprido pela frágil Juliana, papel da magnifica Júlia Feldens. a Guiomar eu coloco junto dos alter egos do Gilberto, as desbocadas, sem papas na língua, como a Janete em Água Viva, a Ângela Leal em Dona Xepa, a Carminha em Dancin Days.Pulei algumas novelas porque se não ia ficar mais extenso ainda.
Amei o texto! Uma análise brilhante destas personagens que enriqueceram o universo das telenovelas brasileiras. Na minha opinião, as que deixam mais saudade são a Heleninha de Vale Tudo e a madrinha da escrava Isaura, Ester, minha favoritíssima.
Saudades da Júlia Feldens... Por onde anda?
Parabéns pela análise, xará! Bastante sensível e arguta.
Eduardo Vieira - Recife/PE
Gostei muito do texto e principalmente por ter falado na Ana Luísa de Paraíso Tropical. Renée de Vielmond esteve ótima nessa personagem e graças ao Bom Pai reconsideraram e deixaram ela ficar até o fim da novela.
Edu, quanto a ter pulado algumas novelas para não ficar extenso, não seja por isso, aceitamos uma segunda edição! rs
Fernando, confesso que a Ana Luísa também é a minha favorita!!! Excelente volta da Renêe às novelas,pena que tão mal creditada ...e pensar que até a Lavínia Vlasak já brilhou em atrizes convidadas!!!
edu vieira, muito bem lembrado. Ela foi creditada bem depois de personagens que nem faziam parte do núcleo que dela. Agora eu tenho a curiosidade de saber qual é o critério usado pelas emissoras na hora de creditarem os atores nas aberturas. Mas já adianto, a Record não deve usar critério nenhum rsrs um monte de aberturas ruins.
Belo exercício de memória o seu. Não lembrava mais da maioria dessas personagens. Parabéns pelo artigo. Mandei para meu irmão, que é um noveleiro inveterado, assim como você. Beijos.
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