D U D U A Z E V E D O
Carlos Eduardo Cardoso de Azevedo desde bem cedo já demonstrou talento para as artes cênicas e para a música. Ainda criança aprendeu a tocar instrumentos musicais, e entrou para a televisão quando ainda era garoto para participar da série Confissões de Adolescente, na TV Cultura.
A oportunidade na Globo veio com o personagem Bidu, uma participação importante na novela Celebridade, em 2003. Foi assim que Dudu Azevedo iniciou uma carreira de sucesso, firmando-se como um dos atores jovens mais requisitados, seja na emissora para a qual trabalha ou no cinema, onde já atuou em vários filmes na última década.
O intérprete de Wallace Mu, em Fina Estampa, concedeu uma entrevista exclusiva ao Agora, onde mostra a maturidade e a inteligência de um ator jovem em ascensão.
ENTREVISTA EXCLUSIVA
Guilherme Staush pergunta
1- Sua relação com a música precede a arte de atuar, ao que me parece. Ainda criança você começou a tocar baixo e bateria, e foi um longo percurso até chegar a Red Trip, sua banda. Ainda assim, a carreira de ator lhe projetou bem mais que a de cantor. É mais fácil fazer sucesso na TV do que no meio musical nos dias de hoje?
Redtrip foi um projeto que durou sete anos e foi muito feliz. Gravamos dois CDs independentes, o segundo deles com a participação mais que especial de Gilberto Gil em uma releitura rock da música ''Extra 2 , O Rock do Segurança". Fizemos grandes shows, tivemos música em filme, entre outras realizações, mas acabou .
Projetos vêm, projetos vão, mas o importante é não perder a inspiração, não deixar a arte empobrecer, não perder o sonho de vista .
Em meus projetos na música, atualmente, estou tocando em uma banda chamada Zunnido. Sou baterista . Costumo compor e tocar outros instrumentos também, mas nunca fui o cantor, de fato, de nenhuma banda.
Minha carreira de ator tem um resultado diferente e certamente mais notório que a minha carreira de músico. Mas sou músico e sou ator. Tenho as duas maneiras de manifestar minha arte e preciso atuar nas duas para estar em equilíbrio.
Daniel Pepe pergunta
2- Sua estreia na TV foi no conceituado seriado Confissões de Adolescente, em 1994. Como foi a experiência? Destacaria mudanças significativas a respeito do comportamento dos adolescentes daquela época para os de hoje?
A série Confissões de Adolescente foi minha estreia como ator e é um trabalho do qual me orgulho muito. Foi um marco na TV e no teatro, sobretudo na abordagem das questões pertinentes aos adolescentes e jovens. Comecei na série sem ter qualquer experiência como ator, trabalhando com um dos maiores diretores de Cinema e TV da dramaturgia brasileira, Daniel Filho. Foi um teste de sobrevivência. Hoje contabilizo as tantas coisas que tive o privilégio de aprender no primeiro trabalho da minha carreira.
Os adolescentes e jovens de hoje lidam com a informação em geral de forma menos mítica que os jovens de uns anos atrás. Muitos canais de comunicação, principalmente a internet, se encarregaram de levar aos jovens o acesso livre a informação em relação a todos ou quase todos os assuntos possíveis. Todo conteúdo pertinente a curiosidade do jovem e do adolescente pode ser encontrado na internet, essa é uma diferença básica entre os adolescentes de hoje e os adolescentes da época da série.
Duh Secco pergunta
3- O MMA, modalidade esportiva praticada por seu personagem em Fina Estampa, ganhou visibilidade no último ano, o que levou a Globo a adquirir os direitos de transmissão da luta. Você vivenciou o esporte, como laboratório para viver Wallace Mu. Partilha da ideia, difundida por muitos, de que se trata de uma competição violenta demais? Como tem sido a repercussão do personagem entre os fãs da luta?
Não dá pra dizer que o esporte não é violento e extremo. Trata-se da mistura de todas as artes marciais em uma só, numa competição com regras e conduta sugerida, tendo em vista que o atleta irresponsável e de mau comportamento está sujeito ao afastamento e a punição, mas os riscos que esses atletas assumem ao subir no ringue não são poucos e podem ser fatais.
Admiro o esporte e testemunho sua ascensão, pois acompanho desde as primeiras edições. Hoje as regras são mais claras, os atletas são mais conscientes e profissionais.
Em meu ponto de vista trata-se da releitura moderna dos combates que aconteciam nas arenas da Roma Antiga, no Coliseu. O Homem, por tradição cultua a luta, a técnica, a força e a competição. Hoje o MMA é prova disso.
Meu personagem, Wallace Mu, tem a responsabilidade de representar a classe dos lutadores de MMA e esse sempre foi um grande desafio pra mim. Conseguimos com ele quebrar o estigma de que todo lutador é violento, bruto, rude... O caráter, a ética, a responsabilidade do Wallace mostram a faceta de um lutador desse esporte que pode ser um grande exemplo pra sociedade.
Em seu discurso e sua conduta, Wallace evidencia isso, contrariando o preconceito sofrido pelos lutadores em geral. Na minha opinião, o lutador que vive do esporte é um trabalhador como outro qualquer .
Guilherme Staush pergunta
4- Em poucos anos você se tornou um dos atores mais requisitados da Globo. Em menos de 10 anos na emissora você já fez mais novelas do que muitos atores levam quase 20 anos para fazer. Nos últimos 5 anos, por exemplo, você participou de 6 novelas: Pé na Jaca, Duas Caras, Três Irmãs, Cama de Gato, Insensato Coração e, agora, está em Fina Estampa, além de ter participado de várias séries, como Minha Nada Mole Vida, Toma Lá Dá Cá e Amor em 4 Atos, por exemplo. Sem contar suas passagens pelo cinema, nos 6 filmes em que já atuou. O que faz um ator ser tão requisitado para tantos trabalhos? É a disponibilidade, talento ou a boa relação com a emissora e profissionais da área? Como surgem todas essas oportunidades para você?
Não consegui até hoje definir uma estratégia para esse resultado. Venho trabalhando desde os 12 anos de idade, mas tomei a decisão de que viveria disso aos 22, porém sem ter a menor garantia de que iria me dar bem. Assumi um risco quando larguei a faculdade de direito para viver disso e hoje tenho a certeza de que fiz a melhor escolha.
Levo muito a sério o meu trabalho. Procuro abraçar todas as responsabilidades que me cabem por conta dele e acho que isso faz alguma diferença .
Procuro evoluir como profissional a cada trabalho, mas não abro mão de evoluir também como ser humano a cada experiência. Sou incansável nesse sentido e acho que isso me move em direções positivas na minha vida pessoal e profissional.
Duh Secco pergunta
5- Em entrevista ao nosso blog, o ator Mateus Solano declarou: “O que mais me incomoda é perceber como certo tipo de imprensa pasteuriza a gente e transforma nossa vida pessoal em outra novela, impunemente e sem qualquer espécie de remuneração”. Já se sentiu intimidado pela ação da imprensa? Como costumar lidar com a fama e suas consequências, especialmente a que diz respeito ao assédio da imprensa?
Não atribuiria à imprensa de um modo geral um comportamento ou uma linguagem inadequada. A pessoa pública é vitima, sim, da forma de comunicar, ora equivocada, ora tendenciosa, ora distorcida, ora leviana de alguns veículos, mas seria injusto generalizar. Confesso que muitas vezes fico preocupado ou desanimado de conversar com alguns veículos de comunicação, mas acho que a própria "classe pseudo-artistica" tem responsabilidade nisso. De uns tempos pra cá, testemunhamos o surgimento da profissão Celebridade, que causou uma certa confusão na comunicação e na relação, por assim dizer, da imprensa em geral com o artista, o formador de opinião, o famoso ou qualquer um que esteja na mira da informação, principalmente no que diz respeito a entretenimento.
Meu desconforto está no fato da minha vida privada poder virar interesse alheio sem que eu possa escolher se quero isso ou não. Não faço acordo, não vendo furos de reportagem. Não acho bacana esse tipo de atitude e acho que quem opta por isso acaba viciando meia dúzia de "comunicadores" nessa maneira de comunicar. Na realidade somos objeto, ferramenta, vítima e cúmplice uns dos outros. Falo da imprensa e artistas, formadores de opinião em geral.
Guilherme Staush pergunta
Na novela "Três Irmãs" (2009): primeira parceria com Carolina Dieckmann. |
Cada experiência é uma experiência e todas elas são válidas. Não se vive só de sucesso. O fracasso é escola. Desejo sempre estar em bons trabalhos e fazer bem feita a minha parte, mas o resultado final depende de um grupo grande de coisas e fatores. O objetivo será sempre o sucesso, mas nem sempre ele será alcançado. É preciso ter essa consciência .
Guilherme Staush pergunta
7- Embora você ainda conserve o rosto de garoto, completou este ano 33 anos. Acha que seu biótipo pode atrapalhar na composição de um personagem que deve parecer mais velho do que você aparenta? O recurso da barba na composição do vilão Roberto de Cama de Gato foi por conta disso?
Com Paola Oliveira em "Cama de Gato" (2009). |
Fazer um lutador de MMA, por exemplo, me obrigou a buscar tudo relacionado a esse universo, justificativas que levam alguém como o Wallace a fazer isso da vida, comportamento, personalidade, temperamento, sutilezas, características subliminares que compõem e definem o personagem. Precisei treinar luta pra que as cenas fossem reais ou o mais próximo disso possível, precisei malhar porque, em geral, o lutador tem um bom condicionamento físico. Mas em nenhum momento me senti obrigado a frequentar o óbvio pra contar essa história. Não precisei ser "brucutu" pra deixar claro pro espectador que o Wallace é um lutador. É possível fazer um lutador de verdade, que seja sensível, frágil em alguns momentos, amável, doce e nada óbvio porque, antes de mais nada, ele é um ser humano e não há opinião pré-concebida de quem quer que seja que enfraqueça a possibilidade desse personagem ser assim, como ele é. Acredito no Wallace e acredito em todos os personagens que faço. Não consigo atuar sem acreditar no que estou fazendo.
Em ensaio para revista Alfa. |
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8 comentários:
Muito legal! Curto muito Fina estampa e adoro o Wallace e a Teodora.
Bjs ao Dudu e sucesso!
Legal ver um lado diferente dele. Bastante consciente e bem maduro.
Gostei do que ele falou sobre o MMA.
Bjs
Estou surpreso com a segurança, os pés no chão dele. Muito bom!
Adorava o Barretinho de Duas Caras!
Só não imaginava que tinha 33 anos! Perguntas pertinentes, gostei da entrevista!
Lembro de sua pequena participação em Celebridade, era tão feinho! hahahah Grandes mudanças!
Fábio
www.ocabidefala.com
Não está entre as minhas preferidas do Agora, mas notei que o rapaz é "mais um pouco" daquilo que o imaginava... tem beleza e conteúdo!
Curtia Barretinho de Duas Caras, mas ele tem feito um bom trabalho também agora em Fina Estampa.
Um abraço, meninos!
Esforçado, e bem melhor do que o Caio Castro. Gostei das respostas dele.
Lembro do Dudu Azevedo em Celebridade. Era magrelinho e péssimo ator. Comecei a respeitá-lo como ator em Duas Caras, e esteve ótimo em Cama de Gato. Boa entrevista.
André San - www.tele-visao.zip.net
Gosto do Dudu Azevedo desde os seus primeiros papéis na televisão. Curti principalmente o Barretinho de "Duas Caras"! Ator promissor e galã da nova geração, a quem eu desejo grande sucesso!
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