Agora É Que São Eles

Amor é novela!

As melhores cenas românticas da TV brasileira

por Duh Secco

Amor é novela! Assim disse Rita Lee em sua música, Amor e Sexo, tema de Celebridade. De fato, toda novela que se preze tem uma boa história de amor para contar. Pode ser um amor bandido, como o de Bebel (Camila Pitanga) e Olavo em Paraíso Tropical; ou um caso bem fogoso, ao estilo Babalu (Letícia Spiller) e Raí (Marcelo Novaes) em Quatro Por Quatro. Se for engraçado também vale, vide os tapas e beijos de Jô Penteado (Christiane Torloni) e Fábio (Nuno Leal Maia), que arrancaram risos dos telespectadores de A Gata Comeu. E quando é proibido, a coisa fica ainda melhor, como bem vimos com Padre Malthus (Rodrigo Santoro) e Hilda Furacão (Ana Paula Arósio), na minissérie homônima. Pode ser uma paixão adolescente em Malhação ou amor embebido pelo ódio como o de Dona Beija (Maitê Proença) por Antônio (Gracindo Jr.). O amor está no ar em todas as novelas e hoje, no dia dos namorados, também está no Agora. Preparamos uma seleção de cenas que melhor traduzem este sentimento.

Ah, o amor...

O amor pode nascer em uma troca de olhar, da convivência ou até mesmo do ódio. Quem sabe até em um esbarrão, como no caso de Alice (Cláudia Abreu) e Rodrigo (Fábio Assunção), em Pátria Minha. Ela, uma estudante que burlava as leis do colégio andando de patins pelos corredores; ele, um jovem arquiteto que entrou no caminho da moça e acabou derrubado por ela. Um casual encontro marcado pelo destino, que levou os dois, literalmente, ao chão!

... E a insegurança!

Quando não confiamos em nós mesmos, deixamos o amor bater a porta sem fazer esforço para abri-la e deixar esse belo sentimento entrar. Foi o que fez a mecânica Ana Machadão (Débora Bloch), em Cambalacho. Apaixonada por Thiago (Edson Celulari), mas sem coragem de se declarar por conta de sua baixa autoestima e seu estilo masculinizado, ela se escondeu atrás de uma linha de telefone, pela qual conversava com seu amado, usando o pseudônimo de Cristina. Enquanto isso, Ana vivia fantasiando momentos românticos ao lado do amado.

Ih, paixão não correspondida!

E quando a gente decide assumir nosso sentimento e recebe em troca o desprezo da pessoa amada? Foi o que aconteceu com Cláudia (Malu Mader), de Fera Radical, que chegou em Rio Novo decidida a se vingar dos Flores, o clã responsável pela chacina de sua família. A analista de sistemas, entretanto, foi traída pelo coração quando se apaixonou por Fernando, herdeiro dos Flores. Decidida a conquistá-lo, Cláudia se insinuou para o rapaz, em um banho de rio. Fernando, porém, deixou a moça a ver navios. O pior é que Cláudia não conseguia exteriorizar sua dor, o que aumentava o seu sofrimento, e consequentemente, o desespero do público.

Enfim, a revelação!

Mas não tem baixa autoestima, nem desprezo capaz de aplacar aquele momento em que revelamos o amor, sem medo de se entregar. Que o diga Ruth (Glória Pires), de Mulheres de Areia, que depois de muito tempo se passando por sua irmã gêmea, Raquel, e convivendo com a rejeição do marido desta, Marcos (Guilherme Fontes), seu grande amor, decide abandonar a casa em que vivia com ele e por um fim a sua farsa. É quando, na hora em que pretendia se revelar, Ruth é surpreendida por Marcos, que afirma já saber de tudo, desde o momento em que a caiçara assumiu o lugar da irmã. Era a oportunidade que Ruth precisava para viver seu amor em toda a plenitude!

Aí é correr pro abraço!

A partir do instante em que um amor é revelado, nada resta aos apaixonados senão aproveitar esse sentimento, de todas as formas. Tal e qual fizeram Nando (Eduardo Moscovis) e Milena (Carolina Ferraz), de Por Amor. A moça endinheirada apaixonada por um piloto de helicóptero pobretão se aproveitou de um pouso forçado para tomar um banho de chuva, assim como sugeria a música-tema dos dois, Palpite, de Vanessa Rangel. O hit chiclete embalou este e muitos outros momentos românticos de Nando e Milena, casal sensação daquele ano.

O que vem depois do amor?

Mas nem tudo são flores para os corações apaixonados. O amor é viver na incerteza de um depois. Basta relembrar a história de Ester Dellamare (Malu Mader) e Inácio (Fábio Assunção), de Força de um Desejo. Completamente envolvidos e desejosos de permanecerem junto a vida toda, os dois foram separados pelo acaso. A incerteza de um reencontro, adiado devido à ação dos vilões da trama, deixou em Ester a desilusão causada pelas juras de amor eterno, feitas no último contato dos dois, debaixo de uma forte chuva. Uma belíssima cena, de um lindo casal.

A hora de recomeçar...

Intrigas, desencontros, percalços, maldades. Tantos são os motivos capazes de afastar um casal apaixonado, ao longo de incontáveis capítulos. Em Vale Tudo, Solange (Lídia Brondi) e Afonso (Cássio Gabus Mendes) ficaram à mercê das atitudes de Maria de Fátima (Glória Pires), a falsa amiga da jornalista da revista Tomorrow, que lhe roubou o namorado, com a conivência da mãe dele, Odete Roitman (Beatriz Segall). Eis que ao final do último capítulo, o empresário procura Solange, lhe pede desculpas e fica sabendo que é o pai da filha dela. O casal se beija, a câmera se afasta, e ouve-se a voz de Cazuza, cantando Faz Parte do Meu Show. Não poderia haver final melhor!

... E de redescobrir o amor!

Em momentos assim, de reconciliações, que muitos personagens descobrem que o amor é mais do que aquele sentimento arrebatador que tira o fôlego, não só dos que vivenciam aquela história nas telas, como os que acompanham a trama por meses a fio. Ramiro (Herson Capri), de Tropicaliente, é um exemplo disso. Ele abandonou a mulher, Serena (Regina Dourado), para viver uma paixão de juventude com a grã-fina Letícia (Sílvia Pfeifer). O tempo passou e Ramiro percebeu que para ser feliz era preciso mais do que um amor e uma cabana à beira da praia. Voltou para os braços de Serena, onde encontrou cumplicidade, companheirismo e a tão sonhada felicidade.

E do amor, resta a amizade!

Entretanto, quando só há companheirismo e cumplicidade, sem aquele desejo comum aos apaixonados, só resta mesmo optar pela amizade. Fica o saudosismo, daquele tempo bom que já não volta mais. Ari (Murilo Benício) e Suzana (Malu Mader) viviam essa fase da relação, quando a segunda versão de Tititi estreou. Os dois já estavam separados há tempo, apesar de Ari insistir em reconquistar a ex-mulher. Suzana, de vez em quando, cedia às investidas do marido. Mas nada era como igual aquele tempo em que eles dançavam embalados pela trilha internacional da novela Hipertensão...

As marcas que um grande amor deixa...

Mas o amor sempre deixa frutos. Não há o que possa desatar os laços feitos por um casal que se ama. Nem o risco de morte eminente no qual vivia Renato Vilar (Tarcísio Meira), o corrupto empresário protagonista de Roda de Fogo, o impediu de desfrutar bons momentos com a juíza Lúcia Brandão (Bruna Lombardi), sua amada. Em seus últimos minutos, Renato celebrou a vinda daquele que perpetuaria o amor do casal: o filho, ainda na barriga de Lúcia, que já dava sinais de vida enquanto o pai sucumbia ao mal que lhe acometera. Emocionante!

Que seja infinito enquanto dure!

Em certos casos amorosos, nem mesmo a morte é capaz de separar os apaixonados. Em A Viagem, Dinah (Christiane Torloni) se deixou abater pela tristeza de ter perdido Otávio Jordão (Antonio Fagundes), advogado criminalista a quem, de princípio, odiava. Ao saber que Otávio estava com os dias contados, Dinah abandonou sua vida para salvar seu amado. Foi surpreendida, porém, por um acidente que levou Otávio para outro plano. O reencontro dos dois, em uma colônia espiritual, foi emocionante. Tanto quanto o momento em que Otávio procura Dinah para lhe dizer que deseja reencarnar. A moça, mais uma vez, estava ameaçada de perder o seu amor. O que, felizmente, não aconteceu.

Quem ama ensina!

Nem todos são capazes de abrir mão de tudo em nome de seu grande amor, como fez a Dinah, citada acima. A Helena (Regina Duarte), de Por Amor, sempre julgou o amor de mãe maior do que qualquer outro. Até mesmo o que nutria pelo marido, Atílio (Antonio Fagundes), que conheceu em Veneza e de quem privou o contato com o filho, ao trocar o bebê dos dois pelo filho morto de Eduarda (Gabriela Duarte), sua primogênita. Atílio, claro, se revoltou ao descobrir toda a história. Mas acabou perdoando sua amada, não sem antes lhe dizer poucas e boas palavras: “Você não sabe amar. Mas pode aprender”.

Toda forma de amor

Saber amar é algo não muito fácil para muitos. Principalmente quando se ama uma pessoa do mesmo sexo, como no caso do Thales (Armando Babaioff), de Tititi. Além das dificuldades de assumir o interesse pelo cabelereiro Julinho (André Arteche), havia ainda o medo do preconceito em geral. Contudo, o amor é mais forte do que qualquer barreira social, e Thales, ciente de que perderia sua grande paixão, não hesitou em gritar para quem quisesse ouvir, durante uma festa de casamento, que amava Julinho. Uma das cenas mais emblemáticas na abordagem do homossexualismo na TV brasileira. Muito mais representativa até do que o sempre prometido (e nunca cumprido) beijo gay.

Existe razão?

De todas as falas, situações, cenas que traduziram o amor nas novelas brasileiras, entretanto, nenhuma representa tão bem o amor, na minha modesta opinião, quanto uma afirmação de Miguel (Tony Ramos), de Laços de Família. Após sofrer por amar Helena (Vera Fischer) em silêncio e depois se ver obrigado a abrir mão dela, para que a esteticista pudesse salvar sua filha de uma leucemia, Miguel sintetiza, ao ser questionado por sua filha Ciça (Julia Feldens) sobre o motivo pelo qual aguentou todas as provações pela qual passou: “Existem várias razões para não se amar uma pessoa e apenas uma para amá-la. Esta prevalece”.