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sábado, 15 de setembro de 2012













Tapas & Beijos, uma fórmula de sucesso

por Daniel freitas



No ar desde abril de 2011, a série Tapas & Beijos, idealizada por Cláudio Paiva e com direção de Maurício Farias, vem se consolidando com um dos maiores acertos da Rede Globo no quesito humor. Responsável por resgatar o antigo público do Casseta & Planeta Urgente para as noites de terça-feira, a produção alcança respeitáveis 25 pontos no IBOPE, a audiência média de uma novela das seis. No ano passado, chegou à marca dos 31. Com o sucesso, a Globo Marcas/Som Livre lançou três DVDs com a temporada 2011, mais making of e erros de gravação. A receptividade do público não é em vão. Um roteiro bem amarrado, histórias que não caem na mesmice e um elenco que dispensa apresentações são a fórmula para o êxito.





O seriado tem no comando a dupla Fernanda Torres e Andréa Beltrão como Fátima e Sueli, duas mulheres divertidas, que levam a vida com graça e espiritualidade, sem abrir mão de enrascadas e confusões. Os papéis parecem ter sido feitos sob medida para as duas atrizes, donas de invejáveis currículos na arte de fazer rir. Andréa demonstra sua versatilidade desde a Zelda Scott de Armação Ilimitada, passando por diversas novelas (Rainha da Sucata, Pedra sobre Pedra, A Viagem, e As Filhas da Mãe, entre elas) e programas de humor como o Zorra Total, no qual viveu a Garota TPM. A atriz também protagonizou a gincana Radical Chic, no início dos anos 90, na qual viveu a personagem título, criada por Miguel Paiva.    

Já a história de Fernanda Torres se confunde com a trajetória do humor televisivo brasileiro, colecionando sucessos desde A Comédia da Vida Privada, Brava Gente, Vida ao Vivo Show e quadros cômicos do Fantástico. O maior destaque, sem dúvida, foi a série Os Normais, no qual, ao lado de Luiz Fernando Guimarães, deu vida ao casal Rui e Vani. Em Tapas & Beijos, Sueli e Fátima dosam com maestria esperteza e ingenuidade, a dureza da vida e a capacidade de rir de si mesmas. E nisso reside o sucesso do programa, permeado por entonações de voz, trejeitos de corpo e frases hilárias reunidas numa receita de humor inteligente.



Sueli e Fátima iniciaram a série como duas mulheres solteiras e independentes, que dividiam um apartamento no bairro carioca do Méier e não deixavam de sair à luta em busca de um grande amor. É na charmosa Copacabana que a história acontece, tendo como pano de fundo as paisagens da zona sul do Rio de Janeiro e os clássicos musicais que enaltecem as belezas do bairro na voz de Nelson Gonçalves e outros mestres. Para ambientar a história, uma réplica perfeita de Copacabana foi construída no Projac. Lá, as duas são vendedoras de uma loja para noivas, palco para as confusões que envolvem o restante do afinado elenco: Armane (Vladimir Brichta), Jorge (Fábio Assunção), Djalma (Otávio Muller), Flavinha (Fernanda de Freitas), Seu Chalita (Flávio Migliaccio), Bia (Malu Rodrigues) e Jurandir (Érico Brás) – este último com raízes no Bando de Teatro Olodum, de Salvador, e revelado para o Brasil através do filme Ó Paí Ó.

Ao longo do primeiro ano, Sueli tenta se livrar do ex-marido Jurandir, enquanto Fátima faz de tudo para que Armane deixe a esposa e a assuma de vez. Enquanto isso, as duas sofrem a marcação cerrada de Flavinha (ótima, com as caras e bocas sempre no tom certo), que também trabalha na loja de noivas e é mulher do dono, o palerma Djalma. No final da temporada, Fátima se casa com Armane e Sueli com Jorge, dono da boate La Conga, que carrega a tiracolo a filha Bia, que por sua vez se torna a namorada de Jurandir. E a celeuma está formada. De alianças no dedo, Sueli e Fátima agora são vizinhas e moram com seus maridos em Copacabana, deixando as agruras da solteirice de lado e vivendo suas obrigações de esposas.   

A cada terça-feira, os personagens vivem situações que dão voltas em torno de si, mas nunca se repetem. É algo repisado e original ao mesmo tempo. Tiradas despretensiosas que soam hilárias quando saem da boca de atores com o timing perfeito para as deixas e diálogos rápidos, inseridos num roteiro ágil. Tanta criatividade já rendeu mudanças na função de alguns personagens (como o que ocorreu com o ator Kiko Mascarenhas, que primeiro atuou como o Santo Antônio que conversa com Sueli, e depois como o advogado de Clotilde, ex-mulher de Armane) e participações especiais, como Daniel Boaventura, Luiz Carlos Miele, Hugo Resende, Guilherme Winter, Letícia Isnard, Yoná Magalhães, Vinicius Manne, Juliano Cazarré e Alexandre Slaviero.

Para gravar Tapas & Beijos, Andréa Beltrão teve de deixar seu papel em A Grande Família, outro programa prestigiado da emissora. Ao lado de Fernanda Torres, ela habita um universo temático com o qual as telespectadoras muito se identificam: o casamento. O autor Cláudio Paiva já admitiu, inclusive, que foram os 25 anos de casado com a esposa (bodas de prata) que o fizeram escolher o tema como fio condutor da atração. A Djalma Noivas, então, representa o clássico fetiche feminino pelo mundo dos vestidos brancos. Basta dizer que 60 vestidos de noiva diferentes são usados no cenário da loja.

Casamento, inclusive, é algo que ocorre aos montes na ficção. As próprias Andréa e Fernanda já se casaram diversas vezes em muitas novelas. Mas em Tapas & Beijos, pode ser que a união selada pelas personagens não tenha lá um final muito feliz. Nos bastidores da Rede Globo, circula a possibilidade de reviravolta na história e de Fátima e Sueli não chegarem até o final do ano casadas, em razão de um possível desgaste do matrimônio. Será que elas eram mais felizes quando solteiras? Não se sabe. Mas continuam tão engraçadas quanto antes, com disposição e fôlego para mais e mais temporadas.






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