
Tapas & Beijos, uma fórmula de sucesso
por Daniel freitas
No ar desde abril de 2011, a série Tapas & Beijos, idealizada por Cláudio Paiva e com direção de Maurício Farias, vem se consolidando com um dos maiores acertos da Rede Globo no quesito humor. Responsável por resgatar o antigo público do Casseta & Planeta Urgente para as noites de terça-feira, a produção alcança respeitáveis 25 pontos no IBOPE, a audiência média de uma novela das seis. No ano passado, chegou à marca dos 31. Com o sucesso, a Globo Marcas/Som Livre lançou três DVDs com a temporada 2011, mais making of e erros de gravação. A receptividade do público não é em vão. Um roteiro bem amarrado, histórias que não caem na mesmice e um elenco que dispensa apresentações são a fórmula para o êxito.
O seriado tem no comando a dupla Fernanda Torres e Andréa Beltrão como Fátima e Sueli, duas mulheres divertidas, que levam a vida com graça e espiritualidade, sem abrir mão de enrascadas e confusões. Os papéis parecem ter sido feitos sob medida para as duas atrizes, donas de invejáveis currículos na arte de fazer rir. Andréa demonstra sua versatilidade desde a Zelda Scott de Armação Ilimitada, passando por diversas novelas (Rainha da Sucata, Pedra sobre Pedra, A Viagem, e As Filhas da Mãe, entre elas) e programas de humor como o Zorra Total, no qual viveu a Garota TPM. A atriz também protagonizou a gincana Radical Chic, no início dos anos 90, na qual viveu a personagem título, criada por Miguel Paiva.
Já a história de Fernanda Torres se confunde com a trajetória do humor televisivo brasileiro, colecionando sucessos desde A Comédia da Vida Privada, Brava Gente, Vida ao Vivo Show e quadros cômicos do Fantástico. O maior destaque, sem dúvida, foi a série Os Normais, no qual, ao lado de Luiz Fernando Guimarães, deu vida ao casal Rui e Vani. Em Tapas & Beijos, Sueli e Fátima dosam com maestria esperteza e ingenuidade, a dureza da vida e a capacidade de rir de si mesmas. E nisso reside o sucesso do programa, permeado por entonações de voz, trejeitos de corpo e frases hilárias reunidas numa receita de humor inteligente.
Sueli e Fátima iniciaram a série como duas mulheres solteiras e independentes, que dividiam um apartamento no bairro carioca do Méier e não deixavam de sair à luta em busca de um grande amor. É na charmosa Copacabana que a história acontece, tendo como pano de fundo as paisagens da zona sul do Rio de Janeiro e os clássicos musicais que enaltecem as belezas do bairro na voz de Nelson Gonçalves e outros mestres. Para ambientar a história, uma réplica perfeita de Copacabana foi construída no Projac. Lá, as duas são vendedoras de uma loja para noivas, palco para as confusões que envolvem o restante do afinado elenco: Armane (Vladimir Brichta), Jorge (Fábio Assunção), Djalma (Otávio Muller), Flavinha (Fernanda de Freitas), Seu Chalita (Flávio Migliaccio), Bia (Malu Rodrigues) e Jurandir (Érico Brás) – este último com raízes no Bando de Teatro Olodum, de Salvador, e revelado para o Brasil através do filme Ó Paí Ó.

A cada terça-feira, os personagens vivem situações que dão voltas em torno de si, mas nunca se repetem. É algo repisado e original ao mesmo tempo. Tiradas despretensiosas que soam hilárias quando saem da boca de atores com o timing perfeito para as deixas e diálogos rápidos, inseridos num roteiro ágil. Tanta criatividade já rendeu mudanças na função de alguns personagens (como o que ocorreu com o ator Kiko Mascarenhas, que primeiro atuou como o Santo Antônio que conversa com Sueli, e depois como o advogado de Clotilde, ex-mulher de Armane) e participações especiais, como Daniel Boaventura, Luiz Carlos Miele, Hugo Resende, Guilherme Winter, Letícia Isnard, Yoná Magalhães, Vinicius Manne, Juliano Cazarré e Alexandre Slaviero.
Para gravar Tapas & Beijos, Andréa Beltrão teve de deixar seu papel em A Grande Família, outro programa prestigiado da emissora. Ao lado de Fernanda Torres, ela habita um universo temático com o qual as telespectadoras muito se identificam: o casamento. O autor Cláudio Paiva já admitiu, inclusive, que foram os 25 anos de casado com a esposa (bodas de prata) que o fizeram escolher o tema como fio condutor da atração. A Djalma Noivas, então, representa o clássico fetiche feminino pelo mundo dos vestidos brancos. Basta dizer que 60 vestidos de noiva diferentes são usados no cenário da loja.

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