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domingo, 25 de novembro de 2012


Duelo de titãs
SBT e Record se esforçam para ocupar a vice-liderança

por Duh Secco



Quem acompanhou os esforços da Record, iniciados em 2004, para se aproximar da liderança de audiência, certamente não vê, no atual momento, o mesmo empenho da emissora por índices mais elevados. A grade de programação se deteriorou, as atrações estão desinteressantes, as novelas perderam seu rumo, e as tentativas desesperadas de reverter o quadro de agora só contribuem para afundar ainda mais a emissora. No caminho inverso, está o SBT, emissora que sempre propagou sua vice-liderança absoluta, mas que fora surpreendida pelo desempenho ascendente da Record, anos atrás. Demorou a reagir, mas quando o fez, fez bem feito. Hoje, o segundo lugar não pode ser dado, com segurança, nem a Record e nem ao SBT. Ambas se revezam no posto abaixo da líder Globo e se digladiam em busca de mais pontos no ibope.


Estudos recentes, entretanto, indicam que o segundo lugar em audiência está com outras mídias. A soma de audiência de plataformas como a TV a cabo e os aparelhos blu-ray é maior do que os índices atingidos pelas emissoras que almejam a vice-liderança. Prova de que a TV aberta já não é mais tão atraente ao telespectador como em outros tempos. A julgar pelo conteúdo oferecido por algumas delas, como a Rede TV!, que loteou sua grade com programas ligados à igrejas, podemos entender o motivo pelo qual o público tem preferido outras opções.


No caso de Record e SBT, ambas apresentam atrações semelhantes e outras que divergem, o que garante uma vantagem maior para uma ou outra no saldo final de audiência. A Record investiu demasiadamente em jornalismo, contratando profissionais renomados, que estavam, em sua maioria, no quadro de funcionários da Globo. Tal ação repercutiu em resultados excelentes. O Jornal da Record viu sua média subir consideravelmente, sob o comando de Celso Freitas e Adriana Araújo, e, posteriormente, por Ana Paula Padrão. O Tudo a Ver, de Paulo Henrique Amorim e Patrícia Maldonado, foi um dos excelentes produtos lançados neste período que, infelizmente, não se criou na grade vespertina da Record, tendo apenas o seu título reaproveitado em outra atração, destinada a reprises de quadros de outros programas da emissora. Paulo Henrique fora deslocado para o Domingo Espetacular, espécie de Fantástico, que, a princípio, se tornou uma importante arma na guerra pela audiência dominical. Entretanto, todas estas atrações se deterioraram ao longo dos anos. A exibição de matérias ligadas à Igreja Universal e a opção pelo noticiário policialesco levaram à queda expressiva dos índices do jornalismo da Record. E do sensacionalismo passaram ao grotesco. Geraldo Luiz, apresentador do Balanço Geral, talvez seja o maior expoente desse equívoco. Entre uma notícia absurda e outra, ele investe em almoços no estúdio e conta com o auxílio de um anão e um galo para comandar a atração. É o show das notícias escabrosas!


O SBT, desde a saída de Bóris Casoy e a extinção do TJ Brasil, nunca mais havia investido em jornalismo. Até a contratação de Ana Paula Padrão e Carlos Nascimento e o surgimento do SBT Brasil. A audiência não correspondeu e Silvio Santos recorreu a Joseval Peixoto e Rachel Sheherazade, jornalista que ficou conhecida após difamar o Carnaval em um editorial, na apresentação de um telejornal local do SBT. A dupla de apresentadores se afinou ao longo do tempo e a exibição de matérias curtas, com os posteriores comentários de especialistas, levou o SBT Brasil a vice-liderança em seu horário, numa disputa interessante com o Jornal da Band e mesmo o Jornal da Record, que tem abandonado a linha policialesca adotada por toda a emissora e com isso, revertido a queda de seus índices.


Se no jornalismo as coisas vão bem para o SBT, nas novelas tudo tem saído ainda melhor. Carrossel se tornou o fenômeno de audiência dos últimos tempos, e a grande responsável pelo retorno da emissora à vice colocação. A opção por um produto de muito sucesso nos anos 90 não inspirava confiança no público e crítica. A adaptação de Íris Abravanel, entretanto, se revelou vitoriosa, ao unir as novidades tecnológicas que tanto agradam às crianças aos conflitos e fantasias do folhetim original. A direção de Reynaldo Boury também se revelou um acerto. O resultado: na última semana, a novela chegou a ficar apenas quatro pontos atrás de Salve Jorge, que recebeu a audiência baixa do Jornal Nacional e demorou a subir. O feito do SBT levou à Record ao desespero. Sacrificaram Rebelde, novela que já vinha capengando nos índices devido à sua excessiva duração, o que implicou em mudanças desacertadas no roteiro. Levada no ar no mesmo horário que Carrossel, a trama, também adaptada de um texto mexicano, acabou minguando de vez, até se despedir melancolicamente com seu capítulo final erroneamente programado para a exibição no dia 12 de outubro, um feriado prolongado. Tal ação corresponde a mais um dos muitos erros da Record: a incapacidade da manter a grade de programação sem alterações, por mais de uma semana. Atitude que contribuiu para levar o SBT à derrocada em audiência, no momento em que a Record, no esforço para bater a Globo, se preocupava com os horários de apresentação de seus programas e a duração dos mesmos.


No último mês, a emissora de Edir Macedo chegou a sacrificar Ídolos Kids, hoje sua maior audiência, para promover a estreia da Fazenda de Verão e, no dia seguinte, realocar o reality-show às 20h30, para tentar fazer frente à Carrossel. Em vão. A novelinha infantil continua em alta, enquanto a tal Fazenda ainda não fez o barulho necessário para se atrair o público, levando a Record a programá-la para às 23h. Sua única contribuição, até o momento, foi revelar o bom desempenho de Rodrigo Faro em atrações “ao vivo”. O apresentador também está longe dos áureos tempos de seu O Melhor do Brasil, que chegou a bater a Globo em diversas ocasiões, mas caiu em virtude da repetição de quadros, o que assola todos os outros programas da linha de shows da Record, como o Tudo é Possível, ameaçado de extinção, o Programa do Gugu, e o recém-estreado Programa da Tarde, que de opção interessante para o período vespertino passou ao mais do mesmo, apoiado no tripé famosos, violência e barracos. No SBT, a situação, no que se refere ao entretenimento, não é muito diferente. A linha de shows levada ao ar durante a semana está em decadência. As atrações, já velhas, não empolgam como antes. Mas, curiosamente, o Programa Silvio Santos, no ar quase desde que a TV brasileira iniciou suas atividades, ainda se mantém em boa posição no ibope. Em parte por conta do comportamento moderninho de seu apresentador, cada vez mais assanhado e divertido. Diversão também é o que se vê no Programa do Ratinho, que abandonou os testes de DNA e as notícias pesadas para apostar na anarquia de seus integrantes e no contato com o povão. Resultado: tornou-se uma ótima blindagem para um possível avanço da Record, que tentou derrubar a atração de Carlos Massa como a reprise de Rei Davi. A minissérie serviu também como ataque a Globo, sendo apresentada pela Record como alternativa a uma novela que evoca entidades espíritas.


O comando da Universal se converte hoje no maior empecilho para que a Record recupere seus índices. Além de desrespeitar religiões alheias, como fora visto nos anúncios da reprise de Rei Davi, os bispos não demonstram o menor apego pela emissora que controlam. Tanto que, além de promoverem constantes, e ineficientes, alterações na programação da Record, agora decidiram também a extinção de toda a linha de shows da Record News, que deve se manter apenas com as reprises de notícias já exibidas à exaustão nos telejornais da Record. Ou, em breve, servir aos interesses de Edir Macedo e seus discípulos, já que muitos defendem a exibição de programas da Universal na programação do canal, bem como na da Record. Uma forma de atrair mais fiéis (e contribuições), já que a igreja tem perdido um considerável número de seguidores ao longo dos anos. Enquanto isso, o SBT segue no caminho inverso, amparado pela astúcia de seu dono. Tem ainda uma longa jornada a percorrer, na qual deve mirar o novo e se desvencilhar de atrações do passado, sem, entretanto, perder sua essência. O resultado dessa disputa entre duas das grandes emissoras brasileiras só o tempo, e a competência de seus responsáveis, poderá dizer.



Um comentário:

Lucas disse...

Entre erros e acertos nos dois lados, o SBT tem vantagem por ter uma identidade, ao contrário da Record que faz de tudo para parecer a Globo, tendo atitudes que marcaram um passado que deve ser esquecido pelo SBT.
Lucas - www.cascudeando.zip.net