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ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

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domingo, 13 de janeiro de 2013




40 INTERPRETAÇÕES FEMININAS ANTOLÓGICAS DA TV     Parte 2
por Guilherme Staush





11. 12. 13. e 14.  REGINA DUARTE, BEATRIZ SEGALL, RENATA SORRAH e GLÓRIA PIRES (Vale Tudo) - 1988




É inegável que Vale Tudo é um dos maiores sucessos da TV brasileira, e o elenco, muito bem escalado, tem grande responsabilidade nesse feito. Beatriz Segall deu vida a uma das vilãs mais odiadas da teledramaturgia. Sua Odete Roitman usou e abusou do poder de controlar a vida de todos à sua volta, e acabou colocando tudo a perder justamente por se apaixonar por um sujeito tão inescrupuloso quanto ela. Odiada por todos, a vilã acabou sendo assassinada por engano... vejam só! O alvo era outro: Maria de Fátima, a primeira grande vilã de Glória Pires, que, a partir daí, entrou para o seleto grupo das grandes atrizes brasileiras. Uma personagem sob medida para Glória, que soube aproveitar muito bem todos os momentos da alpinista social que acreditava que só se daria bem se casasse com um homem rico. Por outro lado, sua mãe, Raquel Acioli, brilhantemente interpretada por Regina Duarte, era cheia de princípios, e sustentava a ideia de que só à custa de muito trabalho é que alguém poderia vencer na vida.
É normal que as grandes vilãs de uma novela ganhem mais destaque na mídia e sejam sempre mais lembradas pelo público. Por essa razão, Regina Duarte foi uma das mais injustiçadas na época em que a novela estava no ar. A atriz fez um trabalho fenomenal, com uma personagem difícil - a heroína da história - aquela que é enganada por todos durante a novela inteira e que, muitas vezes, acaba sendo odiada pelo público no lugar das vilãs. Em se tratando de uma novela de Gilberto Braga, um autor conhecido por escrever personagens malvadas com maestria, brilhar com um papel de heroína torna-se mais difícil ainda, e Regina conseguiu isso, com louvor, dando o contraponto necessário para que Glória Pires também brilhasse com seu papel de filha ingrata e egoísta.
Heleninha Roitman, interpretada por Renata Sorrah, também foi um grande destaque da novela. Poucas vezes se viu uma atriz interpretar tão bem uma alcoólatra na TV, coisa dificílima de se fazer. Helena, por ser a rival de Raquel, na disputa do amor por Ivan (Antonio Fagundes), foi amada e odiada pelo público, mas criou momentos memoráveis nos diversos escândalos dados por sua personagem ao longo da novela, quando ficava embrigada.



15. DÉBORA DUARTE (Pecado Capital) – 1975

Vilminha, a filha problemática de Salviano Lisboa, deu à sua intérprete, Débora Duarte, todas as ferramentas necessárias para que a atriz brilhasse em cena, desde os momentos de carência da personagem, embalados pela linda flauta de Borelly, em “Dolannes Melodie”, até os momentos de doideira total, quando extrapolava. Vilminha aprontou poucas e boas na mansão dos Lisboa, quase levando o pai à loucura, e Débora imortalizou a personagem.






16. ROSAMARIA MURTINHO (Pai Herói) – 1979

E já que o assunto são as “maluquinhas” criadas por Janete Clair, vamos a mais uma delas: Walkíria. Assim como a Vilma de Pecado Capital, vivia num mundo todo particular, deixando todos a sua volta à beira da loucura. Numa antológica cena da novela, a personagem sobe no terraço de um prédio e ameaça se jogar lá do alto, sendo resgatada pelos bombeiros, e levada até o chão, presa a um cabo de aço. Uma cena difícil, marcante na carreira da atriz, que dispensou dublês, num ato de muita coragem. A dupla com Cláudio Cavalcanti funcionou muito bem em cena, e Rosamaria brilhou, mais uma vez.




17. ADRIANA ESTEVES  (Avenida Brasil) - 2012


O que teria sido de Avenida Brasil sem Adriana Esteves? Provavelmente o mesmo que Vale Tudo sem Beatriz Segall. A atriz, depois de ser duramente criticada no início de sua carreira, deu a volta por cima e criou um dos tipos mais odiados e amados (ao mesmo tempo) pelos telespectadores. Carminha foi sucesso na TV, nos jornais, nas revistas, nas redes sociais, nas salas e nas cozinhas de todo o Brasil. A popularidade da novela foi algo jamais visto, e Adriana deu vida com brilhantismo à uma personagem difícil: malvada, irônica e divertida – tudo na medida certa! E colocou Carminha no grupo das maiores vilãs de todos os tempos. E não foi culpa da Rita, não!



18.  ZEZÉ POLESSA (Memorial de Maria Moura) - 1994

A própria reencarnação do demônio – assim pode ser definida Firma, a rival de Maria Moura, da minissérie adaptada da obra de Raquel de Queiroz. Zezé Polessa criou um tipo sádico e asqueroso, a começar pelo aspecto masculinizado e rude da personagem, desprovida de qualquer educação, e pela crueldade que demonstrava – principalmente com as mulheres – e o ódio que nutria por Maria Moura. 
Em apenas 4 anos, a atriz fez os telespectadores esquecerem a doçura de Naná, sua primeira personagem de grande sucesso junto ao público, na novela Top Model, e criou momentos inesquecíveis ao encarnar com maestria uma personagem tão diabólica: a cena em que Firma é castigada e obrigada a ter sua perna serrada após ser ferida com uma arma de fogo, no último capítulo da minissérie, é uma das mais terríveis de se assistir.



19.   RENY DE OLIVEIRA  (Sítio do Picapau Amarelo) – 1978-1982

A mais lembrada de todas as Emílias que passaram pela primeira versão do infantil Sítio do Picapau Amarelo, produzido pela Rede Globo, Reny de Oliveira encarnou com perfeição a boneca de pano, com olhos de retrós e boquinha de batom, que despejava sua “torneirinha de asneiras” em quem estivesse por perto toda vez que abria a matraca. A voz característica e o jeito desengonçado da personagem criada por Monteiro Lobato foram encarnados com perfeição por Reny, que num ato de rebeldia, e por não suportar mais tamanha dimensão que Emília havia dado à sua carreira de atriz, acabou por fazer um ensaio na revista Playboy para se livrar de vez da personagem.



20.   NORMA BLUM (Ciranda de Pedra) - 1981

Depois de viver tantas heroínas românticas, a carreira de Norma Blum deu um giro de 180 graus quando a atriz encarnou sua primeira vilã na TV – a governanta alemã Frau Herta, na mansão de Dr. Prado (Adriano Reys). A atriz esteve extraordinária ao encarar o grande desafio de atuar fazendo um sotaque alemão, interpretando uma personagem tão rígida e fria, de forma contida, sem exagerar nos trejeitos. No final da novela, quando sua personagem é tomada por uma doença terminal, a atriz deu um verdadeiro show em cena. Ciranda de Pedra, além de ser uma das melhores novelas das 6 de todos os tempos, tendo uma ótima adaptação e reconstituição de época, ainda presenteou o público com interpetações como a de Norma.


7 comentários:

Fabio Dias disse...

GOSTEI DESSA PARTE NO TEXTO DE ADRIANA ESTEVES:

A popularidade da novela foi algo jamais visto!

Lucas disse...

Zezé Polessa irreconhecível! Eu não assisti Memorial de Maria Moura... Adriana Esteves realmente deu um show em Avenida Brasil! Já as interpretações em "Vale tudo", sem comentários! Atrizes prontas para as personagens!
Lucas - www.cascudeando.zip.net

edu vieira disse...

adoro as personagens da Janete que tinham um toque de loucura...a vilminha que vivia num mundo só seu era mesmo de cortar o coração, mesmo ela sendo malvadinha e malcriada...sou suspeito porque amo a Débora Duarte que era craque em vilãs como a Catucha e a Marisa em Carinhoso.

Rodrigo disse...

A Norma de "Insensato Coração" também foi feita sob medida pra Glória Pires, mas os problemas no texto a impediram de brilhar na novela. A personagem tinha tudo pra ser antológica e acabou não emplacando tanto quanto Maria de Fátima.

Rodrigo disse...

A Frau Herta caiu como uma luva pro talento da Norma Blum, que possui ascendência alemã. A Ana Beatriz Nogueira fez bem a vilã na segunda versão de "Ciranda", mas não foi tão brilhante quanto a Norma. Até porque a Norma tinha a vantagem de saber falar alemão fluentemente e a prosódia já estava praticamente na veia da atriz.

Guilherme Staush disse...

Eu não sabia desse detalhe, Rodrigo! Por isso o sotaque estava impecável. Ainda assim, é difícil representar fazendo um sotaque. Ela poderia pecar por não saber usar o sotaque na medida certa, e ficar uma coisa extremamente chata (assim como Christine Nazareth fez em Cambalacho), mas fez na medida certa.

Anônimo disse...

Idem FÃ, "malucamente fã" da Débora Duarte, eu sou. Igual a muitos, idolatro os personagens magistralmente feitos por ela em Carinhoso (Marisa), a Catucha (um verdadeiro "tour de fource" da atriz) e a Vilma Lisboa.

Newton Pinheiro