Manoel Carlos completa 80 anos!
por Guilherme Staush
Manoel Carlos
começou sua carreira escrevendo novelas de 15 minutos, que iam ao ar à tarde, em dias
alternados, na TV Paulista (hoje TV Globo). Foi autor de mais de 100 textos para
o Grande Teatro Tupi, de Sérgio Britto, entre originais e adaptações. Na
Excelsior e na Record, voltou-se para os musicais e programas de variedades. Na
Globo, nos anos 70, foi diretor-geral do Fantástico, e logo foi convidado para
escrever novelas. O primeiro sucesso, Maria Maria, foi adaptado do romance Maria
Dusá, de Lindolpho Rocha. Já nos anos 80, passou a escrever para o horário
nobre da TV. O primeiro grande sucesso, Baila Comigo, inaugurou também a
personagem Helena (interpretada por Lilian Lemmertz), marca registrada de
Maneco – mulheres fortes, determinadas, que são capazes de ir às últimas
consequências por amor aos filhos. A Helena de Regina Duarte, em Por Amor, por
exemplo, foi capaz de abrir mão de seu próprio filho, trocando-o na maternidade
pelo filho morto de Eduarda (Gabriela Duarte), sua filha. Já a Helena de Vera
Fischer, em Laços de Família, abriu mão do amor de sua vida, Edu (Reynaldo
Gianecchini), em razão da filha, e ainda por cima, mesmo com uma idade já avançada, não hesitou
em engravidar para gerar um doador de medula para a filha, que estava com leucemia.
Regina Duarte e Joana Mocarzel em Páginas da Vida (2006). |
O escritor fez
uma breve incursão pela TV Manchete, em meados dos anos 80, onde escreveu
algumas minisséries. Em 1991,no entanto, voltou à TV Globo, e desta vez, para
ficar. Seu retorno à emissora carioca foi marcado com a novela Felicidade,
inspirada em tramas do escritor Anibal Machado. A novela está atualmente sendo reprisada
pelo canal Viva.
Carolina Dieckmann em Laços de Família (2000) |
Nem só de
Helenas vivem as histórias de Maneco. O autor trouxe grandes polêmicas às suas tramas e
sempre fez questão de inserir merchandising social em suas novelas, trazendo
resultados imediatos: a leucemia da personagem Camila (Carolina Dieckmann), em
Laços de Família, incentivou a doação de medula óssea em todo o país; a violência doméstica sofrida por Raquel
(Helena Ranaldi) , em Mulheres Apaixonadas, e, tendo como consequência o
pagamento de cestas básicas pelo agressor, acabou impulsionando a mudança na
pena a este tipo de violência.
Helena Ranaldi e Dan Stulbach em Mulheres Apaixonadas (2003). |
Alinne Morais em Viver a Vida (2011). |
O escritor
tratou ainda de temas delicados e polêmicos, como o homossexualismo, o
alcoolismo sob diversos aspectos, a síndrome de Down, a
violência contra os idosos. Sua última novela, Viver a Vida, teve como tema
principal a superação, e teve na figura de Luciana (Alinne Morais), a principal
representante deste mote. Na novela , ela interpretou uma jovem modelo que tem
sua carreira interrompida após um grave acidente, tornando-se tetraplégica.
Em outubro de 2011,
o blog Agora é Que São Eles teve a honra de contar com uma entrevista do autor,
sendo até hoje, uma das mais comentadas aqui do blog. Maneco não desviou das
perguntas mais diretas, relacionadas às polêmicas de suas obras, e respondeu
com elegância, sem rodeios, a cada uma delas (leia a entrevista na íntegra
AQUI), feitas pela equipe que compunha o blog na época. Foi uma grande
satisfação minha poder entrevistar meu autor preferido, aumentando ainda mais minha
admiração não só pelo autor, mas pela pessoa: um homem gentil, educado,
inteligente, generoso, e, que escreve como
ninguém sobre o cotidiano da família brasileira e sobre os dramas do
amor e da vida.
Enquanto
aguardamos ansiosamente pelo próximo trabalho do autor , que será a sucessora
da trama de Walcyr Carrasco, que em breve estará no ar, desejo, em nome do blog,
muitas felicidades a esse autor que merece todas as homenagens que lhe possam
fazer. E que continue nos brindando com suas histórias emocionantes e
verdadeiras. Parabéns, Maneco!
7 comentários:
Parabéns Maneco! Manoel Carlos é uma ótimo autor, suas novelas são muito inteligentes e lindas!
Grande autor, Manoel Carlos tem em seu texto uma sensibilidade incomparável. Assisto "Felicidade" e percebo na trama simples frases que falam além do sentimento humano. Passei a valorizar ainda mais o autor. Que ele tenha sucesso na próxima novela!
Lucas - www.cascudeando.zip.net
Lindo texto, Guilherme.
Também sou grande fã do trabalho do Maneco. Fica até clichê dizer isso, afinal é o que sempre sai quando se referem a ele: que, de fato, é o único autor que consegue fazer mergulhos realmente profundos na alma feminina.
Óbvio que existem outras mulheres fortes em outras novelas, mas as de Maneco são únicas por serem, acima de tudo, absolutamente verossímeis. A verdade que ele imprime na construção dessas personagens, a maneira como as desenvolve... nossa, é genial.
Espero que "Em Família" venha logo, porque estou com muita saudade do texto dele e bastante curioso pra Helena da Júlia Lemmertz.
Correção: homossexualidade, não homossexualismo. O sufixo -ismo é relacionado à doenças, o que não é o caso.
Respeito sua opinião, Raylan, mas não concordo. Catolicismo, geocentrismo, dinamismo, altruísmo...nada disso é doença.
Criou-se essa convenção boba de que homossexualismo estaria relacionado à uma doença (mais como um pré-conceito acima de tudo). Grande parte do dicionários trazem homossesualismo como sinônimo de homossexualidade, fazendo apenas algumas distinções, sendo que a primeira seria a prática e a segunda relacionada à afetividade.
Manoel Carlos e Gilberto Braga são os meus autores preferidos. As novelas do Maneco tem um quê de magia e encanto. Não há como não se apaixonar por sua obra! Parabéns Gui, pela bela homenagem! E vida longa a Manoel Carlos!
Um dos meus autores favoritos pela capacidade de escrever novelas colocando o texto em primeiro plano. As falas, as intenções, o "não maniqueísmo" dos personagens, a "não pressa" em contar as suas histórias, enfim, tudo é um ingrediente pro saboroso prato oferecido a la Maneco. Tô curtindo Felicidade no Viva... Que venha logo a sua próxima trama das nove na Globo.
Muito bom passar por aqui. Abração, Gui e demais meninos!
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