Ainda vale a guerra dos sexos?
por Daniel Pepe
Com a confirmação, na última semana, pelo autor Sílvio de Abreu, de que o remake de Guerra dos Sexos deve sair no segundo semestre de 2012, volta à discussão o fato de o tema estar ou não ultrapassado. Na exibição do original, em 1983, a mulher ainda lutava duramente para mostrar que poderia ter o mesmo valor que o homem no mercado de trabalho. Essa luta ainda existe, mas é bem mais branda e pontual. De fato, ainda se encontram profissões onde não se espera ver mulheres exercendo, assim como aquelas onde são improváveis de ver homens em ação. Mas isso não daria um plot tão interessante para uma novela como deu naquela época.
O caminho mais fácil seria manter a sinopse original, onde o mote era uma disputa – ou aposta, como era mencionada – declarada em cartório, de que as mulheres, no comando da cadeia de lojas herdada pelos primos Charlô (Fernanda Montenegro) e Otávio (Paulo Autran), deveriam, durante certo período, provar que seriam capazes de elevar os lucros das vendas.

Outros núcleos hoje destoariam muito, como o das feministas Vânia (Maria Zilda) e Leda (Terezinha Sodré). Vânia morava sozinha e não procurava por compromissos sérios. Esses dois fatos hoje são vistos como normais, não seriam contraponto algum ao machismo. Leda queria impor autoridade, dando a si mesma um ar mais austero para, na intimidade, deixar aflorar sua verdadeira natureza, de menina frágil e delicada. Isso hoje poderia mais ser visto como um distúrbio de personalidade do que a impossibilidade de se mostrar como realmente é para não perder o respeito. De uma forma geral, o termo feminista já está bem démodé.
O autor disse que alguns núcleos serão mudados; eu aposto nesses acima como os primeiros. Disse também que outros serão acrescentados. Torçamos para que não sejam cometidos exageros. A novela tinha uns trinta personagens fixos, que foram suficientes para conduzir a história durante sete meses. Considerando aí alguns poucos minutos de arte que a novela das sete tenha ganhado daquela época até hoje, talvez uns cinco ou seis personagens a mais – de preferência ligados aos originais – deem conta do recado.
Dessa forma, acho que, enquanto houver homens e mulheres no mundo, e este estiver ainda em evolução, sempre haverá espaço para uma guerra dos sexos. A diferença é que, conforme as épocas, essa guerra pode ser motivada por razões diferentes. Mas o ridículo da situação, como bem defendeu Sílvio em 1983, seria o mesmo.
6 comentários:
Bom, eu tenho horror a um remake de Guerra dos Sexos, você sabe bem. Pra que, né? Os tempos são outros, cria algo novo. Deixa aquela lembrança gostosa de uma obra perfeita para aquele momento da televisão brasileira, com aquele elenco fantástico e as participações mais do que especiais.
bjs
Super pertinente o texto...Apoiado em tudo!!
Nada a ver esse remake!
Eduardo Vieira - Recife/PE
e se a ideia fosse justamente o contrário..as mulheres estão por cima da carne seca nas vendas e os homens tem que correr atrás do que perderam. Mas como?
Todos os meus seletos 185 amigos da lista do orkut estão carecas de saber que essa é minha novela favorita, desde que a vi completa em 1983. Não ofi à-toa que promovi a postagem da novela, na íntegra, em 2006. Nunca fui favorável ao remake, desde que fora anunciado em 2007 e os fãs da novela fizeram muito alarde.
A "Guerra dos Sexos" original tem na bagagem uma onda de movimentos sociais que ocorreramm na Europa e USA e, como sempre, chegaram até o Brasil. Mulheres haviam queimado sutiã em praça pública, o movimento gay (que tinha San Francisco como sua "Meca") obrigou o mundo todo a aceitar a condição gay, os negros também fizeram seu movimento. teve o "flower power", o "faça amor, não faça guerra". Anovela começou dentro de um contexto ainda muito rígido com as minorias e a mulheres. Não existiam mulheres no Exército, por exemplo. Hoje existem sargentas, tenentes, capitãs, verdadeiras líderes dentro das Forças Armadas.
Hoje em dia uma mulher ambiciosa como Carolina chegaria ao posto de gerente da Charlo's em questão de meses. Elegemos a primeira presidente mulher da história do País. Com muito orgulho, diga-se de passagem.
Penso que depois de uma novela ultramoderna como "Beleza Pura" (2008), onde a mulher Mônica Martelli ganhava mais que o marido Rodrigo Veronese e sustentava a casa, perde-se o sentido do remake. De uma novela que trata da briga entre casais.
Adorei a escalação da Cláudia Raia e do para-sempre-belo Gianecchini para fazerem os algozes "Dona Roberta Leone" e o "Senhor Felipe de Alcântara Pereira Barreto". A Cláudia Raia vai ficar perfeita no papel, diferente desse mico abominável que ela pagou nessa adaptação livre (e bota livre nisso!) de "Ti Ti Ti".
Só espero que esses núcleos novos em nada assemelhem-se à Cavalona feita pela desengonçada e de beleza bastante contestável Mayana Moura ou aquela Stephany e aquele Armandinho, que me davam dó. E os filhos ETs que a Maria Adelaide inventou para serem filhos de Jacques Léclair (Alexandre Borges)??? Cruz-credo, benza-Deus! Todos sabemos que o Jorge Fernando adora circo, adora “clowns”, adora se vestir de palhaço (como em “Cambalacho”), adora pastelão e muitas tortas na cara (vide a fábrica de chocolates em “Chocolate com Pimenta”). Se o remake de "Guerra" tiver 10% das invenções mirabolantes e ridículas que o diretor e a autora do plágio de “Ti Ti Ti” fizeram (ou melhor, estragaram) com "Ti Ti Ti 85" e "Plumas & Paetés", vou separar o horário para estudar pro meu projeto sobre a primeira "Guerra dos Sexos". Mesmo com o Giane enfeitando e adocicando o elenco.
Quis dizer Mayana Neiva*, o nome da "Cavalona" paraibana.
A Mayana Moura fez muito bem o seu papael de estreia em "Passione". Não tenho críticas a fazer.
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