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terça-feira, 3 de maio de 2011



Nas águas do Ribeirão...
por Duh Secco

Longo curso o de Ribeirão do Tempo, novela da Record que chegou ao final ontem (02/05). Da nascente à foz, foram 250 capítulos, em um estica e puxa constante, o que obrigou o autor Marcílio Moraes a lançar mão dos mais diversos recursos para que a audiência transcorresse tranquila. O resultado: uma trama oscilante que, assim como um rio, passou por momentos de total calmaria e outros de forte correnteza.

Sátira do Brasil passada em uma cidadezinha que ninguém sabe onde se localiza, cortada pelo ribeirão que dá nome à história, a novela manteve o público fiel ao longo de quase um ano, mas não gerou o burburinho necessário para ampliar a audiência da Record no horário. Ainda assim, certamente agradou em cheio a quem assistiu e pode afirmar, sem dúvida nenhuma, que o prometido pelo autor na época da estreia foi cumprido. Personagens curiosos, em uma trama calcada nos remanescentes do período militar e no atual cenário político brasileiro, entremeada por cenas de muita ação e adrenalina.

Ribeirão do Tempo começou com duas tramas correndo em paralelo: a construção de um resort que causaria um grave impacto ambiental na cidade, comandada por Arminda (Bianca Rinaldi) e a desagregação da família de Nicolau (Heitor Martinez). A obra do resort fora embargada, graças ao Professor Flores (Antonio Grassi), figura muito respeitada no lugarejo, que perde sua esposa, Dirce (Françoise Forton), logo no início da trama. Posando de vítima, Flores culpa os construtores do resort pelo homicídio e coloca a cidade em polvorosa. Os ribeirenses sequer suspeitavam que, na verdade, tudo não passava de um plano articulado por Flores, obstinado por uma revolução que não conseguira implantar na época da ditadura, para alcançar o poder. Plano este que ganhou força quando as tramas de Flores e Nicolau confluíram, causando tormenta nas águas serenas do ribeirão.

Até então visto como um playboy arrogante, Nicolau revelou sua verdadeira face ao matar o pai, Senador Érico (Henrique Martins), influenciado por Flores. Com o crime, o jovem assumiria a vaga do pai no Senado. Era o que Flores precisava para atingir seus intentos. Manipulando Nicolau, ele conseguiria tomar o poder e fazer sua tão sonhada revolução. Ótimos desempenhos de Antônio Grassi e Heitor Martinez, que acabou dominando a novela, aproveitando-se da maldade exacerbada de Nicolau, que chegou a abusar sexualmente de uma menor de idade e acabou se enforcando na praça da cidade, no derradeiro capítulo.

Enquanto isso, outros afluentes desaguavam no ribeirão. Um deles era Querêncio (Taumaturgo Ferreira), artista plástico beberrão que se descobre herdeiro da fortuna de Madame Durrell (Jacqueline Laurence), a todo-poderosa do resort. Rico, Querêncio perde a estribeira e, tal qual Nicolau, também se deixa envolver por Flores, acabando por se eleger prefeito da cidade, cargo do qual lançou mão no capítulo de ontem. O grande barato do personagem, entretanto, foi sua relação com a prostituta Marisa, belo trabalho da bela Daniela Galli. A filha de Querêncio, Filomena (Liliana Castro), se aproveita da fortuna do pai para casar com o endividado Tito (Ângelo Paes Leme), que encabeçava o núcleo da pousada, suplantado ao longo da novela, muito em parte por conta das idas e vindas deste casal.


Nas margens do ribeirão, outros personagens imprimiam graça e emoção à novela. Juliana Baroni talvez tenha sido o maior acerto na escalação. Fez de sua Karina a grande vilã da cidadezinha. Ana Paula Tabalipa e Raymundo de Souza se aproveitaram da ligação de Iara e Virgílio, seus papeis, com o senador Nicolau, para crescerem dentro da trama. Além destes, Angelina Muniz (Léa), André di Biase (Ari Jumento), Umberto Magnani (Delegado Ajuricaba), Flávia Monteiro (Marta), Cássio Scapin (Sereno), Thelmo Fernandes (Nasinho) e José Dumont (Romeu) surpreenderam ao longo da narrativa.

Mas quem se destacou de fato foi Caio Junqueira que fez de seu abobalhado Joca o grande herói da novela. A parceria com a Bianca Rinaldi, que apesar de um começo ruim conseguiu compreender e se aproveitar de todas as nuances de sua Arminda, arrebatou o público.

Enfim, Ribeirão do Tempo seguiu seu fluxo. Ficará marcada mais pela quantidade de capítulos do que pela trama em si. Mas de qualquer modo, vai deixar saudade em que acompanhou, se divertiu e se emocionou com os acontecimentos dessa cidade que, conforme prometiam as chamadas de estreia, deu o que falar.

6 comentários:

Anônimo disse...

Apesar de assistir somente quando chego da facul (22:40h), na minha opinião a novela foi de boa qualidade, inteligente com uma trama que te deixa com a sensação de quero mais como deve ser nos melhores roteiros.

Isaac Santos disse...

Você se mostrou um assíduo espectador de Ribeirão do Tempo... pertinentes as suas observações... eu também acompanhei a novela e quero ratificar a sua crítica ao trabalho da Bianca Rinaldi, ela começou fraquinha, canastrona, mas aos poucos convenceu como a Arminda e sem dúvida, fez deste um de seus melhores desempenhos como atriz... de negativo, destaco a duração exagerada da novela, poderia ter sido mais enxuta... acredito que esse esticamento, influenciou no péssimo último capítulo, sem emoção, meio trash, e totalmente previsível.

Um abraço, Duh!

moderador disse...

detestei essa novela

Eddy disse...

Achei essa novela bem ruinzinha, uma das mais fracas da Record.

Mas é inegável que Caio Junqueira, Bianca Rinaldi e Heitor Martinez fizeram bons trabalhos.

Destaco também o fôlego do autor Marcílio Moraes, que teve que fazer muita ginástica pra manter a novela quase um ano no ar.

Fernando Oliveira disse...

Exegerada como muitas outras que se foram e virão na Record. Uma cena chocante foi aquele aquela que o Nicolau da uma uma surra na Lílian. Parecia estar batendo num homem! Enfim, uma novela cansativa, loooonga... Não mostrou a que veio.

Cleide disse...

Eu simplesmente amei Ribeirão do Tempo, e agora depois de quase um ano em ela terminou, ainda sinto muitas saudades.