Troca de munição
Nem só de armas e tortura vive Amor e Revolução
por Duh Secco
Mais amor e menos revolução. Certamente é este o pensamento de Tiago Santiago ao escrever os capítulos de sua novela, exibida de segunda a sexta, pelo SBT. Anunciada como “a novela que iria passar a história do Brasil a limpo”, Amor e Revolução, até agora, só fez reescrever sua própria trajetória. Das alardeadas cenas de tortura e do didatismo excessivo utilizado pelo autor para contextualizar seu enredo, pouco restou. A trama agora investe no romance, no drama de duas órfãs e no polêmico beijo gay.
Ainda assim, o quadro da audiência permanece inalterado. Após um pico de nove pontos, com a cena em que Marcela (Luciana Vendramini) rouba um beijo de Marina (Gisele Tigre), Amor e Revolução voltou a estacionar nos números do Ibope. O tal beijo serviu para promover a novela e colocá-la para sempre na história da teledramaturgia brasileira. Mas a falta de uma trama envolvendo as duas personagens, em um contexto mais elaborado, talvez tenha impedido o público de se envolver e continuar acompanhando. Viram o beijo, mas não se interessam pelo desenrolar do mesmo. Até porque, ainda não há indícios de que Marina irá ceder às investidas de Marcela. Ou seja: teve beijo gay, mas não tem amor gay, o que seria até mais interessante, vide o sucesso do casal Thales (Armando Babaioff) e Julinho (André Arteche) em Ti Ti Ti.
Por outro lado, o casal protagonista Maria (Graziella Schmidt) e José (Cláudio Lins) agrada cada vez mais. A cena de sexo protagonizada pelos dois, no mesmo capítulo do alardeado beijo gay, impressionou pela beleza. O núcleo do teatro encontrou seu caminho e também começa a agradar. Bem como o drama das meninas Lara (Bruna Carvalho) e Alice (Thaynara Bergamin), filhas de presos pelo regime militar, acolhidas pela doce Olívia, belo desempenho de Patrícia de Sabrit, outro ponto positivo da novela.
A produção também encontrou o caminho, até mesmo na utilização da trilha sonora, melhor distribuída nos últimos capítulos. Entretanto, a estrutura do roteiro ou a edição acabam por tornar a novela arrastada. Uma sequência demora praticamente o capítulo todo para se encerrar. Foi o que aconteceu com o beijo gay, que abriu o capítulo e fechou o mesmo, sem que o beijo acontecesse. Enquanto isso, muita água rolou. A impressão que fica é de que as cenas acabam esquecidas e os acontecimentos se estendem mais do que deveriam.
Com pouco mais de um mês de exibição, Amor e Revolução vai acertando o passo. Tiago Santiago e Reynaldo Boury mostram que acertaram ao insistirem com o patrão Silvio Santos que a novela tivesse uma frente menor de capítulos. Assim, podem corrigir os erros, como já estão fazendo. É o caminho para garantir um melhor desempenho da trama e a continuidade do núcleo de dramaturgia do SBT.
4 comentários:
Gosto muito da novela. Mesmo com alguns erros e o já conhecido didatismo de Tiago Santiago, Amor e Revolução tem uma trama que consegue me prender. Passou por um período em que andava em círculos, com os personagens sendo ameaçados, presos e torturados, sistematicamente, mas agora, com a mudança de foco da história central, a novela voltou a caminhar. O casal principal tem um romance envolvente, embalado pela bela trilha sonora. A novela fica mais interessante a cada dia.
Estou acompanhando Amor e Revolução é e notável o esforço da equipe, mesmo com o texto didático do Tiago Santiago.
Alias, o didadistmo, ainda aparece, mas agora como unica forma de explicar ao público, já que dimunui muito considerando os primeiros capitulos.
Ainda existe aquela preocupação de entregar tudo mastigado ao público, e isso realmente não é nem um pouco bom para a trama.
A trama das meninas orfãs, começou finalmente a ter alguma importancia mesmo, Antes as meninas pareciam ser só o motivo das reclamações de Olivia, Apesar das meninas serem novinhas, e não estarem indo bem na atuação (não me julguem, pois vários atores mirim já desempenharam melhores papeis, como por exemplo a Bruna Marquezine), agora a trama ganhou a novela.
Eu só acho que o autor esta fazendo errado em abordar os 2 primeiros anos da ditadura, em tempo maior, deveria logo pular para os acontecimentos tão comentados na época, como o AI-5 Por exemplo.
Enfim, aos poucos Amor e Revolução acha o tom, e vai conquistando a audiência.
O problema é que a cena do beijo gay parece mais estratégia para ganhar audiência. Nao sôa como uma coisa natural na evolução dos personagens. Tanto que o autor já está prometendo uma cena de beijo entre dois homens. Isso tudo na mesma novela é puro marketing pessoal.
A novela do SBT não vai reagir a ponto de incomodar a audiência de Globo e Record, mas acredito que se trata de um bom produto e que pode ver seus índices maiores quando se encaminhar para o fim. Abraço!
Lucas - www.portalcascudeando.blog.com
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