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ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

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quinta-feira, 9 de junho de 2011

 








Tirem as crianças da sala!
por Duh Secco

 
Pobre da mãe que precisa deixar seu filho aos cuidados da babá eletrônica mais conhecida do Brasil, a nossa TV. O modelo de programas infantis da década de 80, disseminado por Xuxa Meneghel, e definido como pouco educativo e incentivador do consumismo, se extinguiu. E deu lugar a outro modelo ainda pior: aquele que submete a criança à exibição de desenhos importados e resume o contato com a mesma à esquetes e conversas via telefone. A TV brasileira hoje restringe o público infantil. Não educa e dificilmente entretém.
 

Nos tempos de Xuxa, Angélica e companhia limitada, ainda havia um contato maior entre as crianças e a televisão. As apresentadoras infantis podiam estar interessadas apenas na vendagem de seus produtos, mas ainda assim, demonstravam o mínimo de respeito ao seu público, conversando com o mesmo, seja através da telinha ou da participação no palco. Hoje em dia, criança no palco só se for pra apresentar, caso do Bom Dia e Cia., do SBT, comandando pela dupla Priscilla Alcântara e Yudi Tamashiro, além da menina Maísa que, por sinal, apresenta mal. Se comporta como se tivesse mais idade do que seu público e vez ou outra, chega a espinafrar as crianças que ligam para participar do programa, concorrendo a prêmios.
 

Ainda restam boas (e poucas) opções. A TV Brasil, antes de ser tornar prestadora de serviços do governo federal, produziu o excelente Um Menino Muito Maluquinho. A Cultura ressuscitou o lendário Vila Sésamo, que ajudou os pais a alfabetizarem seus filhos no início dos anos 70. Ainda assim, a emissora pública está longe do tempo em que produzia clássicos com o Mundo da Lua e Rá-Tim-Bum (que gerou o Castelo de mesmo nome posteriormente). A programação infantil da emissora, hoje, se resume a desenhos. Não que isso seja ruim. Nos anos 70, a Globo levava ao ar Globo Cor Especial, só com a exibição de animados, mas mostrava certa preocupação com seu público, ao produzir vinhetas e temas para o programa. Quem foi criança nos anos 70 e não se lembra dos versos de Cinto de Inutilidades? “Não existe nada mais antigo do que cowboy que dá cem tiros de uma vez”...
 

Outros programas desta mesma época fazem com que a programação infantil de hoje pareça ainda mais execrável do que já é. Época de Daniel Azulay, que ensinava as crianças a desenharem, com o auxílio de sua Turma do Lambe-Lambe. E de especiais produzidos pela Globo para exibição em horário nobre, como Plunct Plact Zuum, A Arca de Noé e Pirlimpimpim. Ainda o Sítio do Pica-Pau Amarelo (modernizado e rejeitado pelo público dos anos 2000) e o Globinho, que chegou a usar de seu espaço no ar para exibir matérias produzidas pelos telejornais da casa e vetadas pelos censores, mostrando que o governo militar nunca se preocupou em verificar o que era destinado ao público infantil. Assim como faz a TV de hoje.



Um comentário:

Walter de Azevedo disse...

Duh, poucas vezes li uma análise tão boa sobre a "evolução" da programação infantil nas últimas décadas. Eu, como cresci vendo Vila Sésamo e Globo Cor, fico surpreso com a péssima qualidade dos atuais programas voltados para as crianças. Parece que tudo é feito sem critério e, consequentemente, sem respeito. Parabéns pelo excelente e importante texto.