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ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

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quarta-feira, 14 de setembro de 2011


    GUILHERME STAUSH

           e n t r e v i s t a

         DANIEL BOAVENTURA





DANIEL BOAVENTURA já virou nome obrigatório nas produções dos grandes musicais do teatro. Basta citar os mais importantes dos últimos anos, e certamente seu nome estará incluído no elenco: Evita, Camila Baker, A Bela e a Fera, Chicago, Cafajestes, Vitor ou Vitória, entre outros.

Na TV, este baiano radicado em São Paulo destacou-se em várias novelas: Laços de Família (2000), Amor e Poder (2001), Kubanacan (2003), Essas Mulheres (2005), Cama de Gato (2009), e Passione (2010). Despediu-se na última terça-feira, de seu personagem PC, no seriado Tapas e Beijos.

Daniel, que também é músico e cantor, tem dois cds lançados. Confira a sensibilidade e a inteligência do ator nessa entrevista, que ele generosamente concedeu ao Agora.




ENTREVISTA EXCLUSIVA
elaborada por Guilherme Staush



com Amanda Acosta em
My Fair Lady
1.  Você é um dos atores brasileiros, conhecidos do grande público, que mais fazem musicais, gênero pouco explorado no Brasil. Atuou em vários textos clássicos, como “Vítor ou Vitória”, “My Fair Lady”, "Evita", “Chicago” e “A Bela e a Fera”, entre outros. Por que razão não se fazem musicais brasileiros, já que as remontagens da Broadway fazem tanto sucesso por aqui? É o público que prefere ver espetáculos mais sofisticados ou são os atores que vão em busca de uma oportunidade para atuar em um musical internacional?

Evita

Acho que tem mais a ver com a necessidade de preencher uma lacuna no âmbito de entretenimento, do que qualquer outra coisa. O público merecia a oportunidade de assistir aos musicais mais famosos do Mundo no seu idioma e com artistas daqui. Musicais nacionais já fazemos há algum tempo. Só alguns exemplos: A Ópera Do Malandro, O Grande Circo Místico, Gota D'água, Morte E Vida Severina, Somos Irmãs, Os Cafajestes (que eu participei), South American Way, e muitos outros. Sem contar os mais recentes: Emilinha e Marlene - As Rainhas Do Rádio, Fedegunda, Tim Maia-Vale Tudo...

Creio que a dúvida seja: Por que os musicais da Broadway que são realizados no Brasil (os que obedecem aos critérios de montagem originais americanos ou ingleses) precisam patrocínios maiores do que um musical brasileiro baseado em temas brasileiros?
      
Temos feito (graças à assimilação de know-how estrangeiro pelos profissionais brasileiros) musicais "importados" com qualidade igual ou superior às  montagens de primeiro mundo. O espectador percebe então, que não precisa comprar uma passagem para NY para assistir a uma boa montagem. Só que, para se fazer um musical de grande porte, tem que ter dinheiro, muito dinheiro. As produtoras nacionais, dependendo do contrato com os "gringos", têm que bancar, além dos direitos que são caros, toda logística da equipe internacional para dar o pontapé inicial (hospedagem, passagens, teste de elenco, adaptação física para teatros, muitas vezes trazer material de fora, pagar seguro pra tudo, etc) isso sem mencionar os custos de manutenção, aluguel dos teatros, contratar um pequeno "exército" de profissionais e milhares de outros itens.  Somente grandes empresas conseguem financiar algo desta envergadura. Elas aliam sua marca a um produto cultural, agregando divulgação e credibilidade à mesma e, em "troca", estimulam o mercado de entretenimento e de turismo, gerando vários empregos diretos e indiretos.



2.  Sua última participação em novelas foi  em “Passione”, de Sílvio de Abreu. Como foi a experiência de entrar no meio de uma novela com um personagem tão misterioso como o Diogo? É muito difícil compor um personagem que, ao final da trama, pode se revelar um assassino sem que você tenha conhecimento disso ao longo da mesma?


com Mariana Ximenes em
Passione
Foi uma experiência inesquecível. É claro que, nos primeiros dez dias, eu estava me adaptando ao ritmo e ao clima das gravações, (faltavam três meses e meio para a novela terminar, eu tinha acabado de finalizar o cd ITALIANO, Passione estava  com ibope excelente, o elenco era estelar e bem entrosado) mas eu consegui manter a calma e seguir as diretrizes do autor. No que diz respeito à composição, posso afirmar que a orientação da preparadora de elenco Rosella Terranova, mesmo não sendo designada diretamente para mim, foi importante para me familiarizar com o tom da novela. De resto, eu ficava sempre atento às pistas que a trama discretamente sinalizava para o meu personagem, assim, gradativamente, as minhas descobertas mais-ou-menos coincidiam com os momentos nos quais o Diogo tinha que evidenciar as facetas da sua personalidade, mas  foi o texto habilmente estruturado de Silvio De Abreu que fez do Diogo o anti-herói que virou herói. 

3.   Como foi a experiência de fazer “Santo de Casa” (Band – 1999), que na minha opinião, foi uma das melhores atrações, em se tratando de sitcoms, já produzidas no Brasil? Mesmo com bons atores e uma direção segura, o seriado não resistiu e acabou tendo 30 de seus 52 episódios engavetados.


Elenco do sitcom Santo de Casa

Foi uma escola. Um sitcom de verdade com cenários abertos para a platéia e tudo mais. Foram aproximadamente 9 meses de trabalho num ritmo intenso, mas criativo. Difícil determinar a causa do final precoce da série. Talvez alguns aspectos da adaptação não condiziam com exemplos sociais do Brasil ou possivelmente a mudança brusca na grade de programação do canal. É um mistério, contudo, era um prazer ser dirigido por Walter Lima Jr. que, mesmo sendo um diretor de cinema, adaptou-se rápida e tranquilamente a esta linguagem específica da televisão. O elenco era ótimo: Ana Lúcia Torre (esplêndida), a excelente Regina (Reca) Remencius e as (então crianças) Louise Peres e Charles Emmanuel, fenomenais. 


4.  Você gravou dois cd’s: um todo em inglês e outro todo em italiano. Você tem planos de gravar um cd com músicas brasileiras? Por que a preferência de cantar em uma língua estrangeira?

Ainda não tenho nenhuma previsão. Não pretendo, por enquanto, gravar em português. Sempre cantei em inglês. Tenho uma forte influência de estilos musicais internacionais americanos e ingleses: Jazz, Blues, Rock, Progressivo, Fusion, Swing, R&B entre outros. Sinto-me feliz e realizado quando interpreto músicas que gosto e que marcaram uma época ou a minha vida. 



5.  Como músico e como internauta, o que você pensa sobre o fato de disponibilizarem cd’s completos para download na internet?

Não é só o artista, sinto que o ouvinte, por incrível que pareça, também sai prejudicado. 
Na minha opinião, o legal do CD é tê-lo, manuseá-lo, ouvi-lo no som, no iPod, saber que músico toca o quê, quem o produziu, colecionar e se informar.
Se o indivíduo simplesmente baixa a música, ele se habitua a conhecer cada vez menos o artista e acaba ficando à mercê do que a indústria dita. É uma alienação que sufoca, não só o mercado fonográfico, mas também, a criatividade.


6.  Você assiste novelas? Acha que as novelas de hoje são tão boas quanto as novelas do passado? Por que as novelas antigas são sempre mais elogiadas do que as atuais, pelo público em geral?
.
Essa é uma comparação difícil de se fazer, pois as opções de entretenimento de hoje são incontáveis e infinitamente mais competitivas do que há três ou quatro décadas atrás. A internet "abocanha" cada vez mais uma fatia grande de telespectadores, os canais da TV paga conquistam cada vez mais audiência e na TV aberta, "reality shows" representam uma competição no próprio território. O autor hoje em dia tem que fazer malabarismos para garantir uma boa audiência.  Não acho que eu tenha tanto conhecimento de causa para afirmar que os folhetins atuais são inferiores aos do passado, contudo, posso dizer que a concorrência da era digital e os avanços tecnológicos na captação de imagem, edição, efeitos etc não minaram a criatividade dos autores de novela Brasileira. Ela continua sendo uma das melhores do Mundo. Uma delas (Caminho das Índias) ganhou até um " Emmy Award". 


7. Você parece ser – e, de fato, já declarou algumas vezes que é – extremamente dedicado, metódico e até perfeccionista. Como equilibrar tudo isso de modo que você não seja visto como aquele artista que é exigente demais, que reclama o tempo inteiro, que é metido “a estrela”, ou coisas do gênero? Você procura se monitorar nesse aspecto para que o público e os próprios artistas não tenham uma ideia distorcida a seu respeito?

Minha referência são meus pais. Cresci vendo-os tratar a todos com educação e cordialidade. Meu pai (Edivaldo) sempre foi um exemplo para mim, pois sempre trabalhou e estudou muito. Ele teve grandes conquistas no ramo em que atua, mas nada disso o levou à soberba, porque ele faz o que gosta (educador e diretor geral do jornal A Tarde) e utiliza seu trabalho para ajudar os outros. Acho que esse é o caminho. Faço aquilo que gosto, procuro estar em projetos com colegas profissionais e de bom astral e, seja no palco ou no estúdio, quero dar o melhor de mim para o público. 



BATE-BOLA COM DANIEL



Para poupar minha voz, eu ... evito ambientes barulhentos

Por ser ator, o que mais me incomoda no meu visual é ... ter um biotipo (ou biótipo, para os puristas) largo demais.

O maior presente e o maior castigo:  Ter duas filhas lindas, brilhantes e molecas que eu amo muito e não conseguir ficar  tempo o bastante com elas.

A melhor novela que já assisti foi ...  Passione 

Uma música que ainda quero gravar é ...  Crying (Roy Orbison), As The World Falls Down (David Bowie), Creep (Radio Head), desculpe, não consigo escolher.

Quando escuto “The Winner Takes it All", do Abba, sempre me lembro
Com clareza, uma tarde no ano de 1981 na casa de meus pais, em Salvador. Eu, recém chegado dos Estados Unidos (havia morado 3 anos na Pennsylvania com a minha família), observando de maneira melancólica minha coleção de brinquedos da saga Guerra Nas Estrelas.  

***

10 comentários:

Juliano G. Bonatto disse...

Mais uma ótima entrevista do blog. Parabéns!
Daniel é completo: canta, dança, atua, é músico. O Brasil tem poucos talentos assim.

Anônimo disse...

conheço todos os trabalhos do daniel, ele sempre dá um show de interpretação e talento,seja na tv ou nos palcos.

Anônimo disse...

com certeza o daniel hoje está entre os melhores atores do país.

Mauro Barcellos disse...

Já vi Daniel atuando no teatro , e ele é outro! Na TV não teve grandes oportunidades. O palco realmente é olugar onde ele pode expor tudo o que sabe.
Ótima entrevista! Adorei.

Telinha VIP disse...

Adorei a entrevista. Bom saber mais do Daniel sobre coisas for ada TV...só nao entendi por que a pergunta sobre the winner takes it all...vc conhece ele pessoalmente? eu adoro a música e o Abba também..rs

Efe disse...

Daniel Boaventura, além da bela voz, demonstra possuir uma ótima expressão corporal e desenvoltura em novelas. Me fez morrer de rir em Cama de Gato e aguçou minha curiosidade com seu misterioso Diogo em Passione (numa química extraordinária com Mariana Ximenes).
Bela entrevista! Parabéns à equipe do Agora É Que São Eles e ao participativo entrevistado!

Pedro Nascimento disse...

Tenho remotas lembraças de seu papel principal em Amor e Ódio no SBT, ao lado da Suzy Rêgo.

Gostaria tb de ter visto Santo de Casa. Bom ator!

Dan FM disse...

Fico muito feliz em ver um baiano talentoso como o Daniel Boaventura com tanto sucesso na TV! Parabéns pela entrevista!

TH disse...

Daniel me surpreende positivamente a cada cada papel, mas seu auge, pra mim, foi em "Passione",
Simpático e talentoso, além de plural e simples

ótimo post, como sempre!

Blogger disse...

Não gostei muito de "Passione"

Preferi o seu papel em "Cama de Gato"