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ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

 
MARIA ADELAIDE AMARAL

&

FAFY SIQUEIRA



Reunimos Maria Adelaide Amaral e Fafy Siqueira - autora e atriz de "Dercy de Verdade" revelam detalhes da minissérie que conta a história da maior comediante do Brasil. 

Dividida em 4 capítulos, a minissérie sobre a vida de Dercy Gonçalves estreia no dia 12 de janeiro e será dirigida por Jorge Fernando. No que depender da entrevista concedida por Maria Adelaide e Fafy, com exclusividade para o "Agora", a história da ex-vedete será pura emoção!



  






   entrevista com
 MARIA ADELAIDE AMARAL



      Guilherme Staush pergunta
1-    O que você mais admirava na Dercy artista e na Dercy que conheceu logo após o término de “Deus nos Acuda”, quando passou a escrever sua biografia “Dercy – de Cabo a Rabo”? Como foi seu relacionamento com ela a partir daí?

Maria Adelaide e Dercy
      Maria Adelaide - O que mais admirava na Dercy eram a irreverência e seu extraordinário talento de comediante. Já nos anos 50, o crítico Sábato Magaldi dizia que ela era a única representante brasileira da Commedia dell´arte, um gênero italiano muito antigo que se baseava na capacidade de improvisação dos atores.

     Conheci a Dercy num almoço em 93 em casa do Homero Kosak e da Nilu, aqui em São Paulo. Em cinco minutos de conversa, ela disse que eu falava palavrão direitinho e que, portanto, deveria falar desde criança, o que é a pura verdade. E no final da conversa, sentenciou que eu era a pessoa certa para escrever a biografia dela, pois embora fosse intelectual, eu não era metida a besta.




Duh Secco pergunta
Capa da biografia de Dercy,
escrita por Maria Adelaide.
2-    No prefácio de “Dercy de Cabo a Rabo”, você relata: “Depois de trinta horas de fitas gravadas com Dercy, uma crucial questão: ‘Que forma terá esta biografia? O que o leitor espera deste livro de memórias?’. E imediatamente a resposta: ‘A própria Dercy, contando sua vida na primeira pessoa’”. Pretende usar o mesmo recurso na minissérie? Considera mais interessante, para este trabalho, ter Dercy como narradora de sua história ou como personagem?

Maria Adelaide - Dercy fará intervenções pontuais a respeito de sua vida naquele momento. Jorginho e eu queremos que nessa minissérie a estrela continue sendo ela mesma.  
Sobre a biografia escrita na primeira pessoa, ela ficou tão encantada que era como se ela mesma me tivesse ditado suas memórias. Dercy dizia que eu a tratei com muito respeito, mas apenas lhe conferi a dignidade que tinha e que tantos negaram que ela tivesse.


Duh Secco pergunta
3- Como é dar voz a personagens que você só conhece das lembranças de Dercy? A minissérie pretende trazer o ponto de vista de pessoas contraditórias na visão da artista, como é o caso de seu pai, ou é toda focada na visão dela dos fatos que marcaram sua vida?

Maria Adelaide - Dercy era um poço de contradições. Publicamente era considerada uma devassa e na vida privada um modelo de moral e contenção. A minha preocupação nessa minissérie foi muito mais revelar o que ela escondia bem, ou não revelou, especialmente sobre sua relação com o sexo oposto.



Guilherme Staush pergunta
4- A história de Dercy obedecerá a uma ordem cronológica linear ou momentos de diferentes fases de vida da comediante serão intercalados ao longo da minissérie?

Maria Adelaide - A Dercy será a própria narradora e os principais acontecimentos da sua vida serão mostrados ao público em ordem cronológica.



Duh Secco pergunta
Dercy como Dulcinéa, em
"Cavalo Amarelo" (1980).

5- Dercy Gonçalves teve importantes passagens por outras emissoras, em especial a Band, onde protagonizou com sucesso a novela Cavalo Amarelo. A minissérie pretende focar os trabalhos extra-Globo também? Procede a informação de que imagens de arquivo serão exibidas ao longo da minissérie?

Maria Adelaide - O Jorge Fernando está com todos os vídeos que a pesquisa levantou sobre as participações de Dercy tanto em novelas quanto em programas de entrevistas, mas não creio que, em quatro capítulos, dê para mostrá-la em todos os trabalhos que realizou. Até porque a inclusão desse tipo de material tem que ter relação com aquilo que ela está vivendo fora de cena. De outro modo fica cara de documentário. Aliás, acabou de me ocorrer que esses vídeos poderiam inspirar um documentário sobre Dercy na televisão!


      Guilherme Staush pergunta
6-    Um dos momentos mais traumáticos da vida de Dercy talvez tenha sido sua primeira experiência sexual, como descrita em sua biografia. Este momento foi contado – e bastante explorado - pela própria atriz em inúmeras entrevistas que ela concedeu em programas de auditório, nos últimos anos de sua vida. Ela o narrava de forma bastante crua e até humorada. Em um desses programas, em meio às risadas do auditório, ela relatou:

     “... Ele veio... abre daqui, fecha dali, puxa de lá... eu fiquei esperando o que era. Quando ele me enfiou aquela merda, eu pensei que era um facão. Eu dei um chute nele, nós fomos parar na polícia! ..."

De que forma esses momentos mais delicados e bastante dramáticos da vida de Dercy vão estar presentes na minissérie? Este, em específico, vai ser mostrado de forma dramática ou com contornos de comédia, como ela costumava relatar?

Maria Adelaide - Como seria possível fazer uma minissérie sobre a Dercy omitindo essa parte ao mesmo tempo tão engraçada e tão importante? É claro que vamos mostrar essa cena e outras igualmente embaraçosas num tom tragicômico. Que afinal era o seu tom.



 entrevista com
 FAFY SIQUEIRA



Daniel Pepe pergunta
7-  Como você conheceu a Dercy e como era a relação de vocês? Chegou a vê-la no teatro? O que mais admirava nela?

Fafy e Dercy


Fafy - Em 1987 num musical chamado NOVIÇAS REBELDES, direção do WOLF MAIA. Ela me mandou uma declaração escrita de próprio punho elogiando meu trabalho, e dizia que eu era sua preferida exatamente porque eu NÃO A IMTAVA e que meu humor era igual ao do RONALD GOLIAS.Vez em quando ela fazia uma feijoada deliciosa e eu ia lá comer com ela. Era sempre um aprendizado. 

O que eu mais admirava nela eram a determinação e a coragem. 

No teatro só vi Dercy 90 anos. O resto foi sempre na TV, pois na minha casa não se perdia um só de seus programas. Meus pais, principalmente meu pai era louco por ela. Ela era inclusive sua cliente. Ele era dono de um restaurante da Praça Tiradentes que ela frequentava. Ele dizia que ela não era o que muita gente imaginava e que ela era uma senhora muito distinta




Guilherme Staush e Duh Secco perguntam
8- Você vai fazer uma imitação da Dercy, uma caricatura da forma como ela falava e dos trejeitos que ela tinha, ou vai desenvolver (está desenvolvendo) uma outra forma de interpretação? Você já interpretou Dercy na minissérie Dalva e Herivelto: Uma Canção de Amor, também de autoria de Maria Adelaide Amaral. Quais as diferenças desta primeira interpretação para a de agora?

Fafy - Claro que não. Vamos mostrar uma Dercy que o Brasil não conhece agora. Este tipo de interpretação caricata já foi feita até por programas esculhambados como o Pânico. Estamos falando de MARIA ADELAIDE AMARAL, estamos falando de TV GLOBO, estamos falando de JORGE FERNANDO. Vamos mostrar ao país exatamente que ela não era só uma velha maluca que ficava falando palavrão. Ela é a atriz mais importante do TEATRO POPULAR BRASILEIRO.
Em Dalva&Herivelto eu fiz ela ainda nova fazendo números de plateia estilo vedete com direito as penas de fora, aliás modestia à parte, ainda são bem bonitonas, mas agora esta função ficou para Heloisa Périssé que é jovem. Vou interpretá-la mais velha, já em seus shows solos. 

Fafy interpretando Dercy, na minissérie
Dalva & Herivelto - Uma Canção de Amor, 2010.


Guilherme Staush pergunta
9-  Na biografia de Dercy, escrita por Maria Adelaide Amaral, a vedete conta que tinha uma forma bem particular de falar palavrão, que não o usava para agredir as pessoas, mas para divertir, e que não gostava da forma como as pessoas faziam uso do palavrão à sua volta. O que você achava do tipo de humor que ela fazia em comparação com o seu? Quais os palavrões mais pesados que sua personagem irá proferir na minissérie?

Dercy homenageada pela Viradouro, em 1991.

Fafy - Eu nasci e fui criada na TIJUCA, bairro tradicional do Rio. No meu colégio não se podia falar nem gíria. Ela era assim. Como ela mesma dizia: PALAVRÃO É A POLÍTICA BRASILEIRA CADA VEZ MAIS ROUBANDO O POVO!  
Hoje em dia os tais palavrões que ela falava e que tanto viravam polêmica, eu ouço na boca de crianças da forma mais natural do mundo.
 Ela me escolheu em 2007 para viver sua vida exatamente porque nossas interpretações são muito diferentes, mas nosso humor é igual, é lúdico, é verdadeiro.
Quanto aos palavrões da minissérie, não serão importantes pra eu proferir pra você. Isso não será importante! Importante é ela, é DERCY!!!!!



Guilherme Staush pergunta
10- Como está sendo o processo de gravação de suas cenas na minissérie? Você assistiu às gravações das cenas de Heloisa Périssé? Que tipo de interação você teve com ela para que vocês mantivessem um trabalho uniforme? Vocês chegaram a incorporar na personagem alguma coisa que tenha sido criada pela outra, seja um gestual, uma forma de olhar ou um jeito característico de falar?

Heloisa Périssé como Dercy jovem.
Fafy - Ainda não comecei a gravar. É tudo muito simples. São duas atrizes que têm a mesma verve interpretando uma Diva que todos conhecem. Adelaide escolheu a Heloisa exatamente porque temos o mesmo perfil. Conheço a Lolo desde que ela era do elenco de apoio da Escolinha. Fiz a trilha sonora  e a direção musical da primeira peça dela. Somos amigas. Somos parceiras. Temos a mesma emoção. Neste trabalho não tem técnica, tem alma!









***


7 comentários:

Kleiton Alves Hermann disse...

Não vejo a hora de assistir!
Escrita por Maria Adelaide e contando a história da Dercy, vai ser show!

Lucas disse...

Algum duvida do sucesso? Tudo que a Maria Adelaide toca vira ouro! Parabéns pelo espaço! Que venha logo, sem dúvida, será um presente muito especial a todos os telespectadores!
Lucas - www.cascudeando.zip.net

edu vieira disse...

também não vejo a hora de ver isso...mas, poxa, só quatro capítulos? a globo bota umas coisas chatas durante duas semanas..e qdo vem coisas mais legais, mais culturais( no bom sentido rsss) ficam com pressa?
excelentes perguntas como sempre e adorei essa volta por cima da Fafy, sempre trabalhando em qualquer veículo.

Efe disse...

A entrevista aguçou ainda mais a curiosidade pela minissérie: aguardando a história de uma Dercy Gonçalves menos conhecida do público pelas mãos de Maria Adelaide Amaral!
Parabéns à equipe do Agora e às entrevistadas!

Juliano G. Bonatto disse...

Desde que li Dercy de Cabo a Rabo achei que daria um belo filme. A história de Dercy é fascinante. Que bom virou minissérie e pelas mãos da própria Adelaide. É aguardar.

Telinha VIP disse...

Mais uma ótima entrevista de vocês.
Sem dúvida vai ser um trabalho de qualidade, visto que Maria Adeelaide foi quem mais conheceu Dercy, tanto que contou sua história na biografia.
Pena que são só 4 capítulos.

Parabéns por trazerem Maria Adelaide e Fafy para o nosso deleite!

Bjs

André San disse...

Fazer uma série sobre Dercy é uma ideia maravilhosa! Boas histórias não vão faltar. Quatro capítulos é pouco... Ótima entrevista! Abraço!
André San - www.tele-visao.zip.net