Somos amantes da teledramaturgia. Respeitamos a arte e a criação acima de tudo. Nosso profundo respeito a todos os profissionais que criam e fazem da televisão essa ferramenta grandiosa, poderosa, que desperta os mais variados sentimentos. Nossa crítica é nossa colaboração, nossa arma, nosso grito de liberdade.



ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

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terça-feira, 27 de dezembro de 2011



Retrospectiva 2011
por Duh Secco

Parte  II

 


Continuamos a nossa retrospectiva com os programas e apresentadores que tiveram grande destaque durante o ano.


A Fazenda 4 teve um bom elenco e uma infraestrutura nunca antes vista em um reality-show. Todas as câmeras transmitiam em HD. O grande problema é que a Record, mais uma vez, não soube aproveitar o que tinha em mãos. A transmissão em tempo real só pôde ser vista por usuários do R7. E mesmo estes ficaram a ver navios, quando o sinal era cortado durante uma confusão na casa ou em uma conversa mais picante dos participantes.


Outro tropeço da Record foi a transmissão dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. Mesmo contando com uma equipe competente, a emissora se deixou levar pelo imediatismo da audiência e teimou em reprisar competições que garantiram bons índices, deixando de lado disputas inéditas. Além do mais, a campanha publicitário que exibia os jornalistas da emissora competindo em diversas maratonas causou mal-estar entre os contratados.


A Record surpreendeu o mundo televisivo, quando levou José Luiz Datena, que devia milhões para a emissora, de volta para o seu casting. Após estrear o seu Cidade Alerta sem nenhuma estrutura, e ter sua dívida perdoada, Datena fez o caminho de volta e reassumiu o comando do Brasil Urgente, na Band. O processo judicial envolvendo a Record e o jornalista ganhou então um novo capítulo. Além de cobrar a dívida que havia deixado pra trás, a emissora passou também a exigir o pagamento de uma nova multa, pelo mesmo motivo da anterior (quebra de contrato). Para se defender, Datena tornou público o que todo mundo já sabia: a censura da Record sobre certos assuntos que desagradam sua bancada evangélica no cenário político brasileiro. O resultado: uma mancha difícil de ser retirada tanto da carreira de Datena como da história da emissora.


Depois de tantas bolas fora, a Record termina o ano tendo sua alardeada vice-liderança ameaçada pelo SBT. O canal tem em seu dono, Silvio Santos, seu maior atrativo. Nesse 2011, Silvio esteve em evidência praticamente todo o tempo, devido as brincadeiras que fez em seu programa dominical. Aos 81 anos, já considerado gagá por muitos, Silvio demonstra uma vitalidade de dar inveja e está batalhando para recolocar sua emissora nos trilhos, com a manutenção da grade, o investimento em novos programas, reprises de grandes sucessos mexicanos e, o que é melhor, sem se render aos apelos de igrejas evangélicas que insistem em lotear as madrugadas do SBT. Pelo andar da carruagem, parece que Silvio não vai precisar destas tão cedo...


Promessa para 2012
A contratação de Nilton Travesso para a dramaturgia do SBT está praticamente acertada. O diretor, responsável pelo melhor momento da emissora no que diz respeito a produção de novelas, pode acabar com os muitos tropeços do SBT neste setor, principalmente no último ano. Entre eles, o engavetamento da novela Corações Feridos, de Íris Abravanel; o texto enfadonho que comprometeu o desenvolvimento de Amor e Revolução; e a demissão de Del Rangel, substituído por Reynaldo Boury, enquanto comandava o início das gravações de Carrossel.


Quem também viu seus índices subirem este ano foi a Band. Entretanto, o que mais marcou o ano que passou no Morumbi, foram as declarações de Rafinha Bastos sobre a cantora Wanessa Camargo, que acabaram afastando o humorista da bancada do CQC. Foi a maior polêmica, até o momento, da história do programa, principalmente por ter resvalado na equipe do programa, quando Marco Luque se mostrou contrário à declaração de Rafinha, não só pela imbecilidade da mesma, como também por ser amigo pessoal de Marcos Buaiz, marido de Wanessa, e sócio de Ronaldo Fenômeno,  outro amigo de Marco Luque, que chegou a ganhar uma homenagem, de um imenso puxa-saquismo, na primeira edição deste ano do programa. Afastado da atração, Rafinha pediu demissão. A Band recusou, mas agora já pensa em liberar o humorista, sem multa rescisória, para o canal Fox Sports.


Outra declaração polêmica do CQC foi a do apresentador Marcelo Tas, sobre sua filha, Luiza. Suas palavras, entretanto, não causaram mal-estar, como as de Rafinha Bastos. Em repúdio à homofobia do deputado Jair Bolsonaro, Marcelo disse se sentir orgulhoso de sua filha lésbica. O CQC ainda ganhou novos membros esse ano, como Maurício Meirelles, e se mantém recordista de audiência e faturamento da emissora. Os homens de preto emplacaram de vez, no programa e fora dele, como é o caso de Danilo Gentili, que fez do Agora É Tarde a maior atração do ano na Band.


Promessa pra 2012
A Band pretende, enfim, tirar o bispo R.R. Soares de sua grade. A emissora acredita (e os números de audiência comprovam) que a ausência do programa do missionário será fundamental para a disputa pelo terceiro lugar.


Enquanto Amilcare Dallevo e Marcelo de Carvalho discutiam as vendas das ações do segundo para o primeiro, a Rede TV! entrou em colapso. A negociação entre os sócios implicava em cifras astronômicas, obtidas à custa de certa contenção de gasto dentro da emissora, o que acarretou em salários atrasados para os seus funcionários. No fim, todo o barulho não deu em nada. Marcelo levou Luciana Gimenez para descansar com ele no exterior. E Amilcare decidiu sair do estresse renovando os votos do matrimônio com Daniela Albuquerque, na nova mansão do casal. Enquanto isso, funcionários da emissora permaneceram na sede em Osasco. E os salários continuaram em atraso, gerando reclamações de todos os setores, como a da apresentadora Rita Lisauskas, do Rede TV! News, principal telejornal da emissora, afastada de sua função após reclamar da falta de pagamento no Twitter.


Já que falamos em Daniela Albuquerque... Não dá pra esquecer a despedida de sua agora ex-colega, Keila Lima. Ao vivo, durante o seu último Manhã Maior, a apresentadora deu tchau para os seus fãs e cutucou a primeira-dama da Rede TV!, ao dizer que saía satisfeita da emissora, por ter conseguido a proeza de ensinar Daniela a apresentar um programa de TV.


Além dos salários em atraso, a Rede TV! sofreu importantes perdas em termos de competições esportivas. A mais significativa, sem dúvida, foi o UFC, agora nas mãos da Globo, que investiu até mesmo em um personagem praticante do esporte, Wallace Mu (Dudu Azevedo), de Fina Estampa.


A Rede TV! levou Hebe Camargo para o seu casting. A saída da loira do SBT causou burburinho, assim como sua estreia na concorrente. Entretanto, após os primeiros programas, cheios de externas e entrevistas interessadas, o nível de Hebe começou a cair. É torcer para que a primeira dama da TV brasileira se recupere o quanto antes e traga de volta os bons momentos de seu programa.


Promessa para 2012
A Rede TV! deve dar início aos seus trabalhos em teledramaturgia, já planejando inclusive uma cidade cenográfica para a minissérie Noronha, de Andrea Dallevo. Pelo sobrenome, dá pra concluir que a emissora vai continuar privilegiando a família...


A Globo levou um Emmy, graças ao Jornal Nacional. Pouco após a festa, entretanto, o telejornal de maior audiência do país surpreendeu o grande público, ao anunciar a saída de sua âncora, Fátima Bernardes. Mais do que não ter mais a presença da jornalista na bancada, o público reagiu ao ver o casal Fátima e Willian Bonner separados. A troca de cadeiras, entre a titular e sua substituta, Patrícia Poeta, também causou incessantes comentários na imprensa e no próprio telejornal, que cedeu espaço para a troca de figurinhas entre as duas jornalistas.


Promessa para 2012
Fátima Bernardes deve estrear um talk-show matinal, no próximo ano. Com isso, a Globo deixará de apresentar programação infantil durante a semana. A TV Globinho, sessão de desenhos da emissora, ficará restrita ao sábado e trará a versão animada do Sítio do Pica-Pau Amarelo. A Globo pretende levar o público infantil para a TV paga, com a estreia do  Gloob, canal destinado aos pequenos.

continua ...

 

domingo, 25 de dezembro de 2011



Retrospectiva 2011
por Duh Secco

Parte  I







Fim de ano é época de retrospectiva. E o Agora não poderia ficar de fora dessa. Por isso, preparamos um especial sobre o que rolou de melhor e pior neste 2011. Aí estão novelas, programas, astros e estrelas da TV brasileira que foram destaque na mídia no ano que se encerra.


Como sempre, as novelas são destaques na programação das TVs brasileiras, em especial na Globo. O público chiou a respeito da escolha de Fina Estampa para às 21h, classificando-a como trama das 19h. Nenhum preconceito com este último horário. Apenas um estranhamento com a novela de Aguinaldo Silva, calcada no humor, característica não muito marcante nas tramas exibidas na faixa mais nobre da programação global. A novela acabou emplacando, se tornando a maior audiência do horário nos últimos tempos, e colocou Pereirão, alcunha pela qual a protagonista Griselda (Lília Cabral) é tratada pela maioria dos personagens, no vocabulário dos brasileiros.


Já o horário das 18h, exibiu uma trama das 21h. É como os telespectadores veem A Vida da Gente, estreia da autora Lícia Manzo como titular. Depois de transformar um enredo que tinha tudo para ser enfadonho em uma trama comovente, com um ótimo texto e um desenvolvimento apurado, Lícia viu os fãs de novelas se dividirem em duas torcidas: a de Ana (Fernanda Vasconcellos), jovem tenista que entrou em coma após um acidente automobilístico, e a de Manu (Marjorie Estiano), irmã de Ana que criou a sobrinha recém-nascida, e se envolveu com o pai da menina, Rodrigo (Rafael Cardoso), dividido entre o amor de juventude de Ana e a relação madura que desenvolveu com Manuela.


O horário das 18h também nos trouxe a aclamada Cordel Encantado. A dupla Duca Rachid e Thelma Guedes uniu príncipes a cangaceiros e, sob a direção competente de Amora Mautner, levaram ao ar uma das melhores tramas do horário nos últimos anos. Embora recheada de clichês, Cordel Encantado surpreendeu pela estética, pela segurança de seu elenco, e por cenas de altíssimo nível. Entre os excelentes desempenhos do elenco, Zezé Polessa (Ternurinha), Marcos Caruso (Prefeito Patácio), Osmar Prado (Delegado Batoré), a ainda jovem e já tão promissora Bianca Bin (Açucena/Aurora), e o mais novo galã da Globo, Domingos Montagner (Capitão Herculano).


Falando em clichês, Walcyr Carrasco reuniu todos os que permeiam suas obras e os colocou em Morde & Assopra. Assim, tivemos mais um núcleo caipira, casamentos desfeitos à beira do altar, homem travestido de mulher, um bicho de estimação engraçadinho e outras repetições de tramas já exploradas pelo autor em outros trabalhos. A audiência não correspondeu e Walcyr se viu obrigado a alterar os rumos da história. Foi aí que mostrou sua habilidade. Colocou a novela nos trilhos, levando a sofrida Dulce (Cássia Kiss Magro), uma mãe rejeitada pelo filho, ao posto de protagonista. O feito irritou Aguinaldo Silva, autor de Fina Estampa, a novela das 21h, cujo ponto de partida era semelhante. A briga entre os dois autores tornou-se pública. Aguinaldo se dizia plagiado. Ninguém se lembrou de dizer a ele, no entanto, que mãe rejeitada pelo filho existe desde que novela é novela. Ou ninguém de suas relações sabia da existência de Dona Xepa e outras do gênero?


Além do talento de Cássia Kiss Magro, Morde & Assopra explorou o novato Anderson di Rizzi, que fez graça com seu Sargento Xavier, o eterno apaixonado por Elaine, ou Élcio (Otaviano Costa), um malandro que para fugir da polícia se disfarçava de mulher. E ganhou o reforço de André Gonçalves, que fez rir com o gay (extremamente caricato) Áureo.


Longe da caricatura, estavam os gays de Tititi, Thales (Armando Babaioff) e Julinho (André Arteche). Ao longo da trama, os dois desenvolveram uma relação madura, que mesmo não tendo se encerrado com o tão falado beijo gay, trouxe cenas importantes e comoveu muito mais os telespectadores do que se tivesse lançado mão do recurso do beijo, que acabou aparecendo em Amor e Revolução, do SBT. O destaque dado ao primeiro beijo lésbico da história da TV brasileira, entre Marcela (Luciana Vendramini) e Marina (Gisele Tigre), foi tamanho que acabou ofuscando a trama central da novela, focada no período da ditadura militar.


Outros gays da ficção causaram burburinho em 2011. Foi o caso de Eduardo (Rodrigo Andrade) e Hugo (Marcos Damigo), casal de Insensato Coração. A Globo impediu que sequências de maior intimidade entre os dois fossem ao ar, bem como reduziu a campanha pela criminalização da homofobia, um dos merchandisings sociais inseridos na trama de Ricardo Linhares e Gilberto Braga. Ainda assim, a novela chamou a atenção para o assunto, colocando a homofobia e a violência contra homossexuais em discussão.


Quando Insensato Coração estreou, os autores avisaram: tratava-se de um drama envolvendo as mais diversas relações familiares. Foi exatamente isso o que se viu ao longo da exibição da trama, que reverteu à queda na audiência do horário das 21h. Ao final, Wanda (Natália do Vale) matou Norma (Glória Pires), para impedir que esta destruísse o filho da primeira, Léo (Gabriel Braga Nunes). Maior prova de que casos de família, realmente, dão boas novelas.


Gabriel Braga Nunes, aliás, deixou a Record para ganhar status de estrela na Globo, após o bom desempenho com o vilão Léo, de Insensato Coração. Outros que passearam pela concorrente também deram o ar da graça na novela: Lavínia Vlasak, Petrônio Gontijo, Tuca Andrada, Thiago de Los Reyes, Guilherme Leme, Maria Carolina Ribeiro. E agora temos Marcelo Serrado em Fina Estampa.


A Record, por sua vez, levou Beth Goulart e Betty Lago. As duas são estrelas de Vidas em Jogo, novela cujo argumento inicial (dez amigos ganham um bolão da loteria e mudam de vida) ficou em segundo plano, diante de tramas com apelo maior, como a luta de Andreia (Simone Spoladore) contra o HIV e a transexualidade de Augusta (Denise Del Vecchio). A Record, entretanto, jogou a novela pra escanteio, em prol dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. O mesmo com Rebelde, adaptação de Margareth Boury para o texto da Televisa, que começou promissora, mas viu seus índices caírem com as muitas alterações de horário que sofreu. Ainda assim, a novela tem agradado o público infanto-juvenil e seu sexteto de protagonistas emplacou nas paradas musicais. Tal feito garantiu a sua segunda temporada (algo extremamente arriscado em se tratando de Record, vide o esgotamento de Os Mutantes).


Em 2011, a teledramaturgia da Record não intimidou a Globo. Já a linha de shows... Para barrar a quarta edição de A Fazenda, a emissora carioca lançou mão de um novo horário de novelas, cuja duração lembra as das macrosséries. Sem se enquadrar em nenhum desses dois formatos, O Astro, atualização da obra de Janete Clair concebida por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, conseguiu emplacar na audiência e abriu espaço para novas investidas na faixa das 23h. A produção causou burburinho com a atuação de Regina Duarte, amada por uns e odiada por outros, mas conferida por todos. Vale destacar o bom desempenho de Fernanda Rodrigues, provando que seu talento cresceu com ela, ao longo desses anos de carreira.


continua ...






quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


 

B E T T Y   F A R I A





A menina de 4 anos, que certa vez tentou fugir de casa carregando sua bonequinha preta debaixo do braço, correndo em direção as luzes do circo que admirava à distância, mas  acabou sendo alcançada por sua mãe, que a impedira de concluir sua meta, talvez não imaginasse que seu destino estava mesmo traçado: Betty Faria um dia se tornaria uma das maiores atrizes do Brasil, no cinema, teatro e televisão. 

A música, a dança e a interpretação fariam de Betty uma estrela única. A simplicidade de Lucinha, a sofisticação de Lígia e o jeito arretado de Tieta, parecem fazer parte de uma mesma mulher, estrela por vocação e rebelde por natureza.

No dia em que a telenovela brasileira completa 60 anos, o "Agora" traz, com exclusividade, uma das maiores atrizes brasileiras, de corpo e alma.




ENTREVISTA EXCLUSIVA




Guilherme Staush pergunta

1-   “Sou filha única, fiquei famosa bem jovem e, mesmo tendo informação, uma  base sólida, uma consciência política, fui tomada pela arrogância.
E arrogância é uma doença! Que se manifesta na falta de atenção com uma  pessoa, na pouca gratidão que se tem por uma oferta de trabalho, no deslumbramento que norteia as suas ações.”
                                                                                                              
Já bem no início do primeiro capítulo de sua biografia, “Rebelde por Natureza”, escrita por Tânia Carvalho, você menciona dois sentimentos que convivem com a maioria dos artistas: a arrogância inconsciente e a dificuldade de lidar com o envelhecimento.

Capa da biografia de Betty,
escrita por Tania Carvalho.
É muito importante a gente se preparar para envelhecer, principalmente atrizes. É duro, mas como diz o budismo, dos quatro sofrimentos da vida, ninguém escapa: nascimento, doença, velhice e morte. Então, me preparei muito, vivendo,aproveitando todas as etapas da vida com muita dignidade.
Sempre tive um bom relacionamento com meus colegas, mas me arrependo de muitas oportunidades de trabalho que recusei, muitas vezes por pura arrogância, sim.





Duh Secco pergunta
2-  Você trabalhou em Portugal, na novela Verão Quente, exibida pela RTP. Gostou da experiência? Quais as principais semelhanças e as diferenças existentes entre Brasil e Portugal, em termos de produção de novelas?

Nós brasileiros temos um conhecimento absurdo na carpintaria de uma telenovela, na produção em geral. É impossível comparar. É muito bom trabalhar aqui.



Com Reginaldo Faria em
Água Viva (1980).
Daniel Pepe pergunta
3-  Uma de nossas últimas entrevistadas aqui no blog foi Tamara Taxman, a quem perguntamos sobre a famosa cena em que a sua personagem Lígia de Água Viva dá uma surra em Selma, personagem da Tamara, no banheiro do Canecão. Foi muito difícil fazer a cena? Com a Lígia você se sentiu compensada por ter recusado a protagonista de Dancin' Days?

Não me lembro de ter encontrado dificuldades ao fazer essa cena em Água Viva. Quanto a personagem de Dancin’ Days, me foi carinhosamente oferecida por Gilberto Braga, mas na época estava me separando de meu marido (Daniel Filho), que ia dirigir a novela e seria muito penoso o dia a dia juntos. Além do mais, estava comprometida com Augusto César Vanucci para fazer Brasil Pandeiro, o musical.



Guilherme Staush pergunta
4-  Sobre sua personagem Joana, em “Baila Comigo”, você conta em sua biografia que, de certa forma, “incomodou” bastante o autor Manoel Carlos pelo fato de sua personagem ficar restrita às locações da academia de dança da novela, sem transitar por outros núcleos e tramas mais importantes.

Quis fazer Baila Comigo com a intenção de divulgar a dança no Brasil e deu certo. Lennie Dale coreografou a abertura dançando um jazz maravilhoso e Joana era professora de jazz, e eu dançava bastante. Antes de começar a novela, o Boni me avisou que não era um bom papel pra mim, pois eu estava vindo de uma protagonista de sucesso em Água Viva. Eu, com minha teimosia, não ouvi. E depois fiquei enchendo o saco porque achava o papel, fora da dança, fraquinho. Meu ego estava chiando. Acho que fui bastante chata e egoísta com Manoel Carlos, e ele nunca mais me convidou pra trabalhar com ele.

Como Professora Joana em Baila Comigo (1981).



Duh Secco pergunta
5-  Você declarou ao jornal O Estado de São Paulo, em 28 de fevereiro de 2010: “Decidi que só vou trabalhar com quem eu gosto. Com quem me sacaneou, não mais. Dá câncer. Na Globo, tem dois diretores e três autores com quem não trabalho mais. Beleza, fama e dinheiro passam, mas o seu caráter fica”.

Há muitos diretores que admiro, gosto, respeito e que também respeitam meu trabalho. Prefiro só falar desses. Quem não foi leal e respeitador comigo, deixa pra lá. Não merece ser mencionado.

Salomé, a estrela da Caravana Rolidei em Bye Bye Brasil (1979).




Jussara, destaque da Acadêmicos
do Encantado, em Partido Alto (1984).
Guilherme Staush pergunta
6-  Na novela Partido Alto, sua personagem, Jussara, uma manicure e porta-bandeira da escola de samba Acadêmicos do Encantado, foi um dos maiores destaques da trama de Aguinaldo Silva e Glória Perez. Com o desentendimento entre os dois autores e, por decorrência, o afastamento de Aguinaldo, quais foram as perdas e ganhos que sua personagem obteve?

Jussara era ótima! Uma porta-bandeira. No final ela foi destaque da escola de samba (Acadêmicos do Encantado). Foi lindo!
Me lembro que fiquei muito triste com a saída de Aguinaldo, pois vínhamos de trabalhos juntos vitoriosos, mas Glória Perez escreveu com muito carinho para Jussara até o fim.





Djanira Pimenta, em América (2005).
Daniel Pepe pergunta
7-  Papéis de coadjuvantes podem ser ótimos, às vezes melhores que os dos protagonistas. Depois do período sabático de novelas, você voltou à Globo e fez América, Pé na Jaca e Duas Caras, com personagens deste tipo. Você se surpreendeu com algum deles, saindo melhor do que esperava ou ficando aquém do desejado?

Em América, uma reviravolta na novela deixou meu personagem bastante sem função, aquém do que eu esperava, mas foi toda uma estrutura que enfraqueceu aquela parte da trama. Isso às vezes acontece, mas Glória me prometeu um outro personagem, e estou esperando. Gosto muito de trabalhar com ela.



Duh Secco pergunta
8-  Sobre personagens que não deram certo, você declara ao jornal O Estado de São Paulo, em 28 de fevereiro de 2010: “Ah, é horrível! Imagine, você tem a expectativa de que o trabalho vai se desenvolver dali a oito meses de um jeito e ele não se desenvolve. E você fica amarrada ali, à disposição”. Que lições você traz de experiências como estas?

É um bom exercício para o ego e lição de humildade.


Na garupa de Tarcisio Meira, em Cavalo de Aço (1973).



Duh Secco pergunta
9-  Sua filha, Alexandra Marzo, pode ser vista atualmente na reprise de Mulheres de Areia, em cartaz no Vale a Pena Ver de Novo. Você a influenciou a seguir carreira artística? E como reagiu quando ela resolveu deixar a TV?

Não influenciei diretamente minha filha a seguir carreira de atriz, mas quando ela resolveu, procurei dar as melhores condições para ela se preparar, estudando e se informando seriamente. Pena que ela não continuou, mas quem sabe? Sempre é tempo de retomar.


Com a filha Alexandra Marzo e a neta Giulia.





BATE-BOLA  com   Betty


O que falta na TV atualmente é...  cada vez mais precisamos  ajudar na educação do povo, dos jovens que são tão bombardeados com impunidade e corrupção.

Para cuidar do meu corpo, eu... tenho trabalhado, bastante. Eu me dou trabalho!

Para cuidar da minha mente, eu... essa então é trabalhosíssima. É uma luta diária a gente tentar se melhorar, ou seja, fazer uma revolução humana diária.

Uma novela inesquecível: Tieta.

A trilha sonora da minha vida: Anos Dourados.

Dou um sorriso para: o bem.

Dou uma lágrima para: a ingratidão.

Uma atuação marcante na TV:  tive sorte de ganhar personagens marcantes e deliciosos. Difícil separar um.

O melhor e o pior do Rio: quanto a coisas que não gosto no Rio, posso contar que odeio bicicletas nas calçadas do Leblon. É um desrespeito e um perigo. Muito desagradável mesmo, e assustador.




GALERIA DE VÍDEOS - Betty Faria especial
Momentos da carreira da atriz








***

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011




D U D U   A Z E V E D O






Carlos Eduardo Cardoso de Azevedo desde bem cedo já demonstrou talento para as artes cênicas e para a música. Ainda criança aprendeu a tocar instrumentos musicais, e entrou para a televisão quando ainda era garoto para participar da série Confissões de Adolescente, na TV Cultura.

A oportunidade na Globo veio com o personagem Bidu, uma participação importante na novela Celebridade, em 2003. Foi assim que Dudu Azevedo iniciou uma carreira de sucesso, firmando-se como um dos atores jovens mais requisitados, seja na emissora para a qual trabalha ou no cinema, onde já atuou em vários filmes na última década.

O intérprete de Wallace Mu, em Fina Estampa, concedeu uma entrevista exclusiva ao Agora, onde mostra a maturidade e a inteligência de um ator jovem em ascensão.



ENTREVISTA EXCLUSIVA



Guilherme Staush pergunta
1-  Sua relação com a música precede a arte de atuar, ao que me parece. Ainda criança você começou a tocar baixo e bateria, e foi um longo percurso até chegar a Red Trip, sua banda. Ainda assim, a carreira de ator lhe projetou bem mais que a de cantor. É mais fácil fazer sucesso na TV do que no meio musical nos dias de hoje? 

Redtrip foi um projeto que durou sete anos e foi muito feliz. Gravamos dois CDs independentes, o segundo deles com a participação mais que especial de Gilberto Gil em uma releitura rock da música ''Extra 2 , O Rock do Segurança". Fizemos grandes shows, tivemos música em filme, entre outras realizações, mas acabou . 
Projetos vêm, projetos vão, mas o importante é não perder a inspiração, não deixar a arte empobrecer, não perder o sonho de vista . 
Em meus projetos na música, atualmente, estou tocando em uma banda chamada Zunnido. Sou baterista . Costumo compor e tocar outros instrumentos também, mas nunca fui o cantor, de fato, de nenhuma banda.
Minha carreira de ator tem um resultado diferente e certamente mais notório que a minha carreira de músico. Mas sou músico e sou ator. Tenho as duas maneiras de manifestar minha arte e preciso atuar nas duas para estar em equilíbrio.  

Como baterista da antiga banda, Red Trip.


Daniel Pepe pergunta
2-  Sua estreia na TV foi no conceituado seriado Confissões de Adolescente, em 1994. Como foi a experiência? Destacaria mudanças significativas a respeito do comportamento dos adolescentes daquela época para os de hoje? 

A série Confissões de Adolescente foi minha estreia como ator e é um trabalho do qual me orgulho muito. Foi um marco na TV e no teatro, sobretudo na abordagem das questões pertinentes aos adolescentes e jovens. Comecei na série sem ter qualquer experiência como ator, trabalhando com um dos maiores diretores de Cinema e TV da dramaturgia brasileira, Daniel Filho. Foi um teste de sobrevivência. Hoje contabilizo as tantas coisas que tive o privilégio de aprender no primeiro trabalho da minha carreira. 
Os adolescentes e jovens de hoje lidam com a informação em geral de forma menos mítica que os jovens de uns anos atrás. Muitos canais de comunicação, principalmente a internet, se encarregaram de levar aos jovens o acesso livre a informação em relação a todos ou quase todos os assuntos possíveis. Todo conteúdo pertinente a curiosidade do jovem e do adolescente pode ser encontrado na internet, essa é uma diferença básica entre os adolescentes de hoje e os adolescentes da época da série. 



Duh Secco pergunta
3-  O MMA, modalidade esportiva praticada por seu personagem em Fina Estampa, ganhou visibilidade no último ano, o que levou a Globo a adquirir os direitos de transmissão da luta. Você vivenciou o esporte, como laboratório para viver Wallace Mu. Partilha da ideia, difundida por muitos, de que se trata de uma competição violenta demais? Como tem sido a repercussão do personagem entre os fãs da luta?

Não dá pra dizer que o esporte não é violento e extremo. Trata-se da mistura de todas as artes marciais em uma só, numa competição com regras e conduta sugerida, tendo em vista que o atleta irresponsável e de mau comportamento está sujeito ao afastamento e a punição, mas os riscos que esses atletas assumem ao subir no ringue não são poucos e podem ser fatais. 
Admiro o esporte e testemunho sua ascensão, pois acompanho desde as primeiras edições. Hoje as regras são mais claras, os atletas são mais conscientes e profissionais.
Em meu ponto de vista trata-se da releitura moderna dos combates que aconteciam nas arenas da Roma Antiga, no Coliseu. O Homem, por tradição cultua a luta, a técnica, a força e a competição. Hoje o MMA é prova disso. 
Meu personagem, Wallace Mu, tem a responsabilidade de representar a classe dos lutadores de MMA e esse sempre foi um grande desafio pra mim. Conseguimos com ele quebrar o estigma de que todo lutador é violento, bruto, rude... O caráter, a ética, a responsabilidade do Wallace mostram a faceta de um lutador desse esporte que pode ser um grande exemplo pra sociedade. 
Em seu discurso e sua conduta, Wallace evidencia isso, contrariando o preconceito sofrido pelos lutadores em geral. Na minha opinião, o lutador que vive do esporte é um trabalhador como outro qualquer . 


Como Wallace Mu, em Fina Estampa (2011).


Guilherme Staush pergunta
4-  Em poucos anos você se tornou um dos atores mais requisitados da Globo. Em menos de 10 anos na emissora você já fez mais novelas do que muitos atores levam quase 20 anos para fazer. Nos últimos 5 anos, por exemplo,  você participou de 6 novelas: Pé na Jaca, Duas Caras, Três Irmãs, Cama de Gato, Insensato Coração e, agora, está em Fina Estampa, além de ter participado de várias séries, como Minha Nada Mole Vida, Toma Lá Dá Cá e Amor em 4 Atos, por exemplo. Sem contar suas passagens pelo cinema, nos 6 filmes em que já atuou. O que faz um ator ser tão requisitado para tantos trabalhos? É a disponibilidade, talento ou a boa relação com a emissora e profissionais da área? Como surgem todas essas oportunidades para você?

Não consegui até hoje definir uma estratégia para esse resultado. Venho trabalhando desde os 12 anos de idade, mas tomei a decisão de que viveria disso aos 22, porém sem ter a menor garantia de que iria me dar bem. Assumi um risco quando larguei a faculdade de direito para viver disso e hoje tenho a certeza de que fiz a melhor escolha. 
Levo muito a sério o meu trabalho. Procuro abraçar todas as responsabilidades que me cabem por conta dele e acho que isso faz alguma diferença . 
Procuro evoluir como profissional a cada trabalho, mas não abro mão de evoluir também como ser humano a cada experiência. Sou incansável nesse sentido e acho que isso me move em direções positivas na minha vida pessoal e profissional.

Com Cris Vianna: sucesso com o Barretinho de "Duas Caras" (2007).


Duh Secco pergunta
5-  Em entrevista ao nosso blog, o ator Mateus Solano declarou: “O que mais me incomoda é perceber como certo tipo de imprensa pasteuriza a gente e transforma nossa vida pessoal em outra novela, impunemente e sem qualquer espécie de remuneração”. Já se sentiu intimidado pela ação da imprensa? Como costumar lidar com a fama e suas consequências, especialmente a que diz respeito ao assédio da imprensa?

Não atribuiria à imprensa de um modo geral um comportamento ou uma linguagem inadequada. A pessoa pública é vitima, sim, da forma de comunicar, ora equivocada, ora tendenciosa, ora distorcida, ora leviana de alguns veículos, mas seria injusto generalizar. Confesso que muitas vezes fico preocupado ou desanimado de conversar com alguns veículos de comunicação, mas acho que a própria "classe pseudo-artistica" tem responsabilidade nisso. De uns tempos pra cá, testemunhamos o surgimento da profissão Celebridade, que causou uma certa confusão na comunicação e na relação, por assim dizer, da imprensa em geral com o artista, o formador de opinião, o famoso ou qualquer um que esteja na mira da informação, principalmente no que diz respeito a entretenimento.
Meu desconforto está no fato da minha vida privada poder virar interesse alheio sem que eu possa escolher se quero isso ou não. Não faço acordo, não vendo furos de reportagem. Não acho bacana esse tipo de atitude e acho que quem opta por isso acaba viciando meia dúzia de "comunicadores" nessa maneira de comunicar. Na realidade somos objeto, ferramenta, vítima e cúmplice uns dos outros. Falo da imprensa e artistas, formadores de opinião em geral.



Guilherme Staush pergunta
Na novela "Três Irmãs" (2009):
primeira parceria com Carolina
Dieckmann.

6-  Você já fez novelas de bastante sucesso tendo um personagem pequeno, como em Celebridade, por exemplo, sua primeira atuação na Globo. Por outro lado, já experimentou ótimos papéis em novelas que não tiveram grande repercussão, como em Três Irmãs. O que é melhor para o ator: quando a novela faz um grande sucesso, ainda que ele tenha um personagem menos importante na trama, ou quando ele tem em mãos um ótimo papel, embora a novela não tenha grandes repercussões?


Cada experiência é uma experiência e todas elas são válidas. Não se vive só de sucesso. O fracasso é escola. Desejo sempre estar em bons trabalhos e fazer bem feita a minha parte, mas o resultado final depende de um grupo grande de coisas e fatores. O objetivo será sempre o sucesso, mas nem sempre ele será alcançado. É preciso ter essa consciência . 



Guilherme Staush pergunta
7-  Embora você ainda conserve o rosto de garoto, completou este ano 33 anos. Acha que seu biótipo pode atrapalhar na composição de um personagem que deve parecer mais velho do que você aparenta? O recurso da barba na composição do vilão Roberto de Cama de Gato foi por conta disso?

 
Com Paola Oliveira em "Cama de
Gato" (2009).
Quando sou escalado pra fazer um trabalho procuro compreender de maneira plena meu papel. É preciso viver cada história com propriedade e uma vez que ela é alcançada não importa a barba, a voz, a cara, mas sim o que está sendo contado. Procuro fazer de verdade, mergulhar no universo e nas justificativas do personagem pra ser o que ele é. 
Fazer um lutador de MMA, por exemplo, me obrigou a buscar tudo relacionado a esse universo, justificativas que levam alguém como o Wallace a fazer isso da vida, comportamento, personalidade, temperamento, sutilezas, características subliminares que compõem e definem o personagem. Precisei treinar luta pra que as cenas fossem reais ou o mais próximo disso possível, precisei malhar porque, em geral, o lutador tem um bom condicionamento físico. Mas em nenhum momento me senti obrigado a frequentar o óbvio pra contar essa história. Não precisei ser "brucutu" pra deixar claro pro espectador que o Wallace é um lutador. É possível fazer um lutador de verdade, que seja sensível, frágil em alguns momentos, amável, doce e nada óbvio porque, antes de mais nada, ele é um ser humano e não há opinião pré-concebida de quem quer que seja que enfraqueça a possibilidade desse personagem ser assim, como ele é. Acredito no Wallace e acredito em todos os personagens que faço. Não consigo atuar sem acreditar no que estou fazendo. 


Em ensaio para revista Alfa.



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