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domingo, 25 de dezembro de 2011



Retrospectiva 2011
por Duh Secco

Parte  I







Fim de ano é época de retrospectiva. E o Agora não poderia ficar de fora dessa. Por isso, preparamos um especial sobre o que rolou de melhor e pior neste 2011. Aí estão novelas, programas, astros e estrelas da TV brasileira que foram destaque na mídia no ano que se encerra.


Como sempre, as novelas são destaques na programação das TVs brasileiras, em especial na Globo. O público chiou a respeito da escolha de Fina Estampa para às 21h, classificando-a como trama das 19h. Nenhum preconceito com este último horário. Apenas um estranhamento com a novela de Aguinaldo Silva, calcada no humor, característica não muito marcante nas tramas exibidas na faixa mais nobre da programação global. A novela acabou emplacando, se tornando a maior audiência do horário nos últimos tempos, e colocou Pereirão, alcunha pela qual a protagonista Griselda (Lília Cabral) é tratada pela maioria dos personagens, no vocabulário dos brasileiros.


Já o horário das 18h, exibiu uma trama das 21h. É como os telespectadores veem A Vida da Gente, estreia da autora Lícia Manzo como titular. Depois de transformar um enredo que tinha tudo para ser enfadonho em uma trama comovente, com um ótimo texto e um desenvolvimento apurado, Lícia viu os fãs de novelas se dividirem em duas torcidas: a de Ana (Fernanda Vasconcellos), jovem tenista que entrou em coma após um acidente automobilístico, e a de Manu (Marjorie Estiano), irmã de Ana que criou a sobrinha recém-nascida, e se envolveu com o pai da menina, Rodrigo (Rafael Cardoso), dividido entre o amor de juventude de Ana e a relação madura que desenvolveu com Manuela.


O horário das 18h também nos trouxe a aclamada Cordel Encantado. A dupla Duca Rachid e Thelma Guedes uniu príncipes a cangaceiros e, sob a direção competente de Amora Mautner, levaram ao ar uma das melhores tramas do horário nos últimos anos. Embora recheada de clichês, Cordel Encantado surpreendeu pela estética, pela segurança de seu elenco, e por cenas de altíssimo nível. Entre os excelentes desempenhos do elenco, Zezé Polessa (Ternurinha), Marcos Caruso (Prefeito Patácio), Osmar Prado (Delegado Batoré), a ainda jovem e já tão promissora Bianca Bin (Açucena/Aurora), e o mais novo galã da Globo, Domingos Montagner (Capitão Herculano).


Falando em clichês, Walcyr Carrasco reuniu todos os que permeiam suas obras e os colocou em Morde & Assopra. Assim, tivemos mais um núcleo caipira, casamentos desfeitos à beira do altar, homem travestido de mulher, um bicho de estimação engraçadinho e outras repetições de tramas já exploradas pelo autor em outros trabalhos. A audiência não correspondeu e Walcyr se viu obrigado a alterar os rumos da história. Foi aí que mostrou sua habilidade. Colocou a novela nos trilhos, levando a sofrida Dulce (Cássia Kiss Magro), uma mãe rejeitada pelo filho, ao posto de protagonista. O feito irritou Aguinaldo Silva, autor de Fina Estampa, a novela das 21h, cujo ponto de partida era semelhante. A briga entre os dois autores tornou-se pública. Aguinaldo se dizia plagiado. Ninguém se lembrou de dizer a ele, no entanto, que mãe rejeitada pelo filho existe desde que novela é novela. Ou ninguém de suas relações sabia da existência de Dona Xepa e outras do gênero?


Além do talento de Cássia Kiss Magro, Morde & Assopra explorou o novato Anderson di Rizzi, que fez graça com seu Sargento Xavier, o eterno apaixonado por Elaine, ou Élcio (Otaviano Costa), um malandro que para fugir da polícia se disfarçava de mulher. E ganhou o reforço de André Gonçalves, que fez rir com o gay (extremamente caricato) Áureo.


Longe da caricatura, estavam os gays de Tititi, Thales (Armando Babaioff) e Julinho (André Arteche). Ao longo da trama, os dois desenvolveram uma relação madura, que mesmo não tendo se encerrado com o tão falado beijo gay, trouxe cenas importantes e comoveu muito mais os telespectadores do que se tivesse lançado mão do recurso do beijo, que acabou aparecendo em Amor e Revolução, do SBT. O destaque dado ao primeiro beijo lésbico da história da TV brasileira, entre Marcela (Luciana Vendramini) e Marina (Gisele Tigre), foi tamanho que acabou ofuscando a trama central da novela, focada no período da ditadura militar.


Outros gays da ficção causaram burburinho em 2011. Foi o caso de Eduardo (Rodrigo Andrade) e Hugo (Marcos Damigo), casal de Insensato Coração. A Globo impediu que sequências de maior intimidade entre os dois fossem ao ar, bem como reduziu a campanha pela criminalização da homofobia, um dos merchandisings sociais inseridos na trama de Ricardo Linhares e Gilberto Braga. Ainda assim, a novela chamou a atenção para o assunto, colocando a homofobia e a violência contra homossexuais em discussão.


Quando Insensato Coração estreou, os autores avisaram: tratava-se de um drama envolvendo as mais diversas relações familiares. Foi exatamente isso o que se viu ao longo da exibição da trama, que reverteu à queda na audiência do horário das 21h. Ao final, Wanda (Natália do Vale) matou Norma (Glória Pires), para impedir que esta destruísse o filho da primeira, Léo (Gabriel Braga Nunes). Maior prova de que casos de família, realmente, dão boas novelas.


Gabriel Braga Nunes, aliás, deixou a Record para ganhar status de estrela na Globo, após o bom desempenho com o vilão Léo, de Insensato Coração. Outros que passearam pela concorrente também deram o ar da graça na novela: Lavínia Vlasak, Petrônio Gontijo, Tuca Andrada, Thiago de Los Reyes, Guilherme Leme, Maria Carolina Ribeiro. E agora temos Marcelo Serrado em Fina Estampa.


A Record, por sua vez, levou Beth Goulart e Betty Lago. As duas são estrelas de Vidas em Jogo, novela cujo argumento inicial (dez amigos ganham um bolão da loteria e mudam de vida) ficou em segundo plano, diante de tramas com apelo maior, como a luta de Andreia (Simone Spoladore) contra o HIV e a transexualidade de Augusta (Denise Del Vecchio). A Record, entretanto, jogou a novela pra escanteio, em prol dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. O mesmo com Rebelde, adaptação de Margareth Boury para o texto da Televisa, que começou promissora, mas viu seus índices caírem com as muitas alterações de horário que sofreu. Ainda assim, a novela tem agradado o público infanto-juvenil e seu sexteto de protagonistas emplacou nas paradas musicais. Tal feito garantiu a sua segunda temporada (algo extremamente arriscado em se tratando de Record, vide o esgotamento de Os Mutantes).


Em 2011, a teledramaturgia da Record não intimidou a Globo. Já a linha de shows... Para barrar a quarta edição de A Fazenda, a emissora carioca lançou mão de um novo horário de novelas, cuja duração lembra as das macrosséries. Sem se enquadrar em nenhum desses dois formatos, O Astro, atualização da obra de Janete Clair concebida por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, conseguiu emplacar na audiência e abriu espaço para novas investidas na faixa das 23h. A produção causou burburinho com a atuação de Regina Duarte, amada por uns e odiada por outros, mas conferida por todos. Vale destacar o bom desempenho de Fernanda Rodrigues, provando que seu talento cresceu com ela, ao longo desses anos de carreira.


continua ...






6 comentários:

Juliano G. Bonatto disse...

Acho que Cordel foi o que de melhor teve em 2011. Apesar dos velhos clichês, a novela teve uma embalagem diferente.

Unknown disse...

Sobre Regina Duarte ... Canastrona? Exagerada? TALENTOSA ! MUITO TALENTOSA ! Foi demais em " O Astro' MATOU MATOU com muita tranquilidade kkk. 2011 foi um ano demais pra telenovelas. Desde as lindezas de Brogodó até os dinossauros de preciosa. O Astro foi um divisor de águas. ansioso pra 2ª parte=)

Kleiton Alves Hermann disse...

Legal a retrospectiva!
A gente pode constatar que foi um ano bastante pobre na teledramaturgia.

Mauro Barcellos disse...

Cordel Encantado e A Vida da Gente foram as novelas mais interessantes do ano. Por incrível que pareça, as duas foram das 6.

Rodrigo disse...

A pior novela do ano foi, na minha opinião, "Aquele Beijo".
Miguel Falabella provou de uma vez por todas que não tem o menor talento para novelista. Ele não sabe construir bons ganchos, não sabe criar personagens carismáticos e não sabe nem quem é o protagonista de sua história, já que Herson Capri passou de ator convidado a protagonista de uma semana pra outra na abertura.
O negócio do Falabella é o teatro mesmo, o único lugar onde seu texto funciona, feito para uma plateia que realmente entende suas loucuras.

Juliano G. Bonatto disse...

cordel encantado foi a melhor coisa da tv neste ano, e só!