Somos amantes da teledramaturgia. Respeitamos a arte e a criação acima de tudo. Nosso profundo respeito a todos os profissionais que criam e fazem da televisão essa ferramenta grandiosa, poderosa, que desperta os mais variados sentimentos. Nossa crítica é nossa colaboração, nossa arma, nosso grito de liberdade.



ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


 

B E T T Y   F A R I A





A menina de 4 anos, que certa vez tentou fugir de casa carregando sua bonequinha preta debaixo do braço, correndo em direção as luzes do circo que admirava à distância, mas  acabou sendo alcançada por sua mãe, que a impedira de concluir sua meta, talvez não imaginasse que seu destino estava mesmo traçado: Betty Faria um dia se tornaria uma das maiores atrizes do Brasil, no cinema, teatro e televisão. 

A música, a dança e a interpretação fariam de Betty uma estrela única. A simplicidade de Lucinha, a sofisticação de Lígia e o jeito arretado de Tieta, parecem fazer parte de uma mesma mulher, estrela por vocação e rebelde por natureza.

No dia em que a telenovela brasileira completa 60 anos, o "Agora" traz, com exclusividade, uma das maiores atrizes brasileiras, de corpo e alma.




ENTREVISTA EXCLUSIVA




Guilherme Staush pergunta

1-   “Sou filha única, fiquei famosa bem jovem e, mesmo tendo informação, uma  base sólida, uma consciência política, fui tomada pela arrogância.
E arrogância é uma doença! Que se manifesta na falta de atenção com uma  pessoa, na pouca gratidão que se tem por uma oferta de trabalho, no deslumbramento que norteia as suas ações.”
                                                                                                              
Já bem no início do primeiro capítulo de sua biografia, “Rebelde por Natureza”, escrita por Tânia Carvalho, você menciona dois sentimentos que convivem com a maioria dos artistas: a arrogância inconsciente e a dificuldade de lidar com o envelhecimento.

Capa da biografia de Betty,
escrita por Tania Carvalho.
É muito importante a gente se preparar para envelhecer, principalmente atrizes. É duro, mas como diz o budismo, dos quatro sofrimentos da vida, ninguém escapa: nascimento, doença, velhice e morte. Então, me preparei muito, vivendo,aproveitando todas as etapas da vida com muita dignidade.
Sempre tive um bom relacionamento com meus colegas, mas me arrependo de muitas oportunidades de trabalho que recusei, muitas vezes por pura arrogância, sim.





Duh Secco pergunta
2-  Você trabalhou em Portugal, na novela Verão Quente, exibida pela RTP. Gostou da experiência? Quais as principais semelhanças e as diferenças existentes entre Brasil e Portugal, em termos de produção de novelas?

Nós brasileiros temos um conhecimento absurdo na carpintaria de uma telenovela, na produção em geral. É impossível comparar. É muito bom trabalhar aqui.



Com Reginaldo Faria em
Água Viva (1980).
Daniel Pepe pergunta
3-  Uma de nossas últimas entrevistadas aqui no blog foi Tamara Taxman, a quem perguntamos sobre a famosa cena em que a sua personagem Lígia de Água Viva dá uma surra em Selma, personagem da Tamara, no banheiro do Canecão. Foi muito difícil fazer a cena? Com a Lígia você se sentiu compensada por ter recusado a protagonista de Dancin' Days?

Não me lembro de ter encontrado dificuldades ao fazer essa cena em Água Viva. Quanto a personagem de Dancin’ Days, me foi carinhosamente oferecida por Gilberto Braga, mas na época estava me separando de meu marido (Daniel Filho), que ia dirigir a novela e seria muito penoso o dia a dia juntos. Além do mais, estava comprometida com Augusto César Vanucci para fazer Brasil Pandeiro, o musical.



Guilherme Staush pergunta
4-  Sobre sua personagem Joana, em “Baila Comigo”, você conta em sua biografia que, de certa forma, “incomodou” bastante o autor Manoel Carlos pelo fato de sua personagem ficar restrita às locações da academia de dança da novela, sem transitar por outros núcleos e tramas mais importantes.

Quis fazer Baila Comigo com a intenção de divulgar a dança no Brasil e deu certo. Lennie Dale coreografou a abertura dançando um jazz maravilhoso e Joana era professora de jazz, e eu dançava bastante. Antes de começar a novela, o Boni me avisou que não era um bom papel pra mim, pois eu estava vindo de uma protagonista de sucesso em Água Viva. Eu, com minha teimosia, não ouvi. E depois fiquei enchendo o saco porque achava o papel, fora da dança, fraquinho. Meu ego estava chiando. Acho que fui bastante chata e egoísta com Manoel Carlos, e ele nunca mais me convidou pra trabalhar com ele.

Como Professora Joana em Baila Comigo (1981).



Duh Secco pergunta
5-  Você declarou ao jornal O Estado de São Paulo, em 28 de fevereiro de 2010: “Decidi que só vou trabalhar com quem eu gosto. Com quem me sacaneou, não mais. Dá câncer. Na Globo, tem dois diretores e três autores com quem não trabalho mais. Beleza, fama e dinheiro passam, mas o seu caráter fica”.

Há muitos diretores que admiro, gosto, respeito e que também respeitam meu trabalho. Prefiro só falar desses. Quem não foi leal e respeitador comigo, deixa pra lá. Não merece ser mencionado.

Salomé, a estrela da Caravana Rolidei em Bye Bye Brasil (1979).




Jussara, destaque da Acadêmicos
do Encantado, em Partido Alto (1984).
Guilherme Staush pergunta
6-  Na novela Partido Alto, sua personagem, Jussara, uma manicure e porta-bandeira da escola de samba Acadêmicos do Encantado, foi um dos maiores destaques da trama de Aguinaldo Silva e Glória Perez. Com o desentendimento entre os dois autores e, por decorrência, o afastamento de Aguinaldo, quais foram as perdas e ganhos que sua personagem obteve?

Jussara era ótima! Uma porta-bandeira. No final ela foi destaque da escola de samba (Acadêmicos do Encantado). Foi lindo!
Me lembro que fiquei muito triste com a saída de Aguinaldo, pois vínhamos de trabalhos juntos vitoriosos, mas Glória Perez escreveu com muito carinho para Jussara até o fim.





Djanira Pimenta, em América (2005).
Daniel Pepe pergunta
7-  Papéis de coadjuvantes podem ser ótimos, às vezes melhores que os dos protagonistas. Depois do período sabático de novelas, você voltou à Globo e fez América, Pé na Jaca e Duas Caras, com personagens deste tipo. Você se surpreendeu com algum deles, saindo melhor do que esperava ou ficando aquém do desejado?

Em América, uma reviravolta na novela deixou meu personagem bastante sem função, aquém do que eu esperava, mas foi toda uma estrutura que enfraqueceu aquela parte da trama. Isso às vezes acontece, mas Glória me prometeu um outro personagem, e estou esperando. Gosto muito de trabalhar com ela.



Duh Secco pergunta
8-  Sobre personagens que não deram certo, você declara ao jornal O Estado de São Paulo, em 28 de fevereiro de 2010: “Ah, é horrível! Imagine, você tem a expectativa de que o trabalho vai se desenvolver dali a oito meses de um jeito e ele não se desenvolve. E você fica amarrada ali, à disposição”. Que lições você traz de experiências como estas?

É um bom exercício para o ego e lição de humildade.


Na garupa de Tarcisio Meira, em Cavalo de Aço (1973).



Duh Secco pergunta
9-  Sua filha, Alexandra Marzo, pode ser vista atualmente na reprise de Mulheres de Areia, em cartaz no Vale a Pena Ver de Novo. Você a influenciou a seguir carreira artística? E como reagiu quando ela resolveu deixar a TV?

Não influenciei diretamente minha filha a seguir carreira de atriz, mas quando ela resolveu, procurei dar as melhores condições para ela se preparar, estudando e se informando seriamente. Pena que ela não continuou, mas quem sabe? Sempre é tempo de retomar.


Com a filha Alexandra Marzo e a neta Giulia.





BATE-BOLA  com   Betty


O que falta na TV atualmente é...  cada vez mais precisamos  ajudar na educação do povo, dos jovens que são tão bombardeados com impunidade e corrupção.

Para cuidar do meu corpo, eu... tenho trabalhado, bastante. Eu me dou trabalho!

Para cuidar da minha mente, eu... essa então é trabalhosíssima. É uma luta diária a gente tentar se melhorar, ou seja, fazer uma revolução humana diária.

Uma novela inesquecível: Tieta.

A trilha sonora da minha vida: Anos Dourados.

Dou um sorriso para: o bem.

Dou uma lágrima para: a ingratidão.

Uma atuação marcante na TV:  tive sorte de ganhar personagens marcantes e deliciosos. Difícil separar um.

O melhor e o pior do Rio: quanto a coisas que não gosto no Rio, posso contar que odeio bicicletas nas calçadas do Leblon. É um desrespeito e um perigo. Muito desagradável mesmo, e assustador.




GALERIA DE VÍDEOS - Betty Faria especial
Momentos da carreira da atriz








***

13 comentários:

FABIO DIAS disse...

Ótima entrevista para celebrar os 60 anos da Telenovela.
Mais um gol de placa do Agora!
Parabéns amigos.

PS. Não sabia que Alexandra Marzo era filha dela.

Abraço
Fábio
www.ocabidefala.com

Ivan disse...

ah q Delicia essa entrevista!!!! adorei! amo Betty! bem talifã meu comentario! eheheheheheh
´Parabéns a todos!

Telinha VIP disse...

Que maravilha ver uma grande estrela como a Betty aqui, e num dia tão especial! Parabéns a todos!

Bjs

Anônimo disse...

Betty é uma das minhas atrizes preferidas. Seu trabalho em Tieta é algo para ser aplaudido para o resto da vida. Mais do que uma pena, acho uma falta de respeito que uma atriz como ela fique sem trabalho.

Jorge Fortunato disse...

Sempre gostei de Betty Faria. Era pequeno quando Betty estrelou Brasil Pandeiro e interpretava a divertidíssima "Maria Maravilha". Há poucos meses encontrei Betty com os netos no Teatro Municipal do Rio e fui cumprimentá-la. é uma grande atriz de teatro, cinema e televisao. Destaco seu trabalho em Duas Vidas, Pecado Capital e Anos Dourados. No teatro "Shirley Valentine".
Parabéns pela entrevista!

Kleiton Alves Hermann disse...

Adoro o trabalho da Betty. Pude ver novelas como Água Viva e Baila Comigo em DVD, e o pouco que vi de Pecado Capital achei ela maravilhosa. Tieta nem se fala!
Parabéns por mais essa entrevista com uma grande atriz!

Abraço.;

Juliano G. Bonatto disse...

Nao sabia disso sobre o Maneco. Uma pena! Betty tem todo o perfil de atriz de novela do Maneol Carlos.
Adorei a Antonia de De Corpo e Alma.

Gostei bastante da entrevista.

Juliano G. Bonatto disse...

Sou fã da Betty. Acho uma das atrizes mais completas do Brasil. Acompanhei Uma Rosa com Amor mais por causa dela, e aguardo ansiosamente por um novo trabalho dela.

Mauro Barcellos disse...

Que ótimo ver minha querida Betty por aqui. Uma grande atriz que nem sempre teve o devido o valor.
A Globo deveria valorizar mais suas grandes estrelas, em parte é culpa dos autores e diretores que querem só atrizes jovens. Lamentável!

Juliano G. Bonatto disse...

Adoro a Betty! Felizmente tive a oportunidade de ver Tieta na internet.

Juliano G. Bonatto disse...

gostei muitos dos filmes que vi em dvd com ela: bye bye brasil, a estrela sobe e bens confiscados

Anônimo disse...

atriz como a betty não se tem mas ,tomara que volte logo a fazer novelas. a globo bem que deveria reprisar tieta e seria duas grandes homennagens a betty e jorge amado.

M. Exenberger disse...

Uma vez, num festival internacional de cinema, no Hotel Nacional, pedi para tirar uma foto dela. Era na época de Baila Comigo. Ela nem olhou na minha cara. Levei um susto.
Em seguida, apareceram alguns turistas italianos. Perguntaram para mim quem era ela. Eu, idiota, ainda respondi. No caso deles, ela deu a maior atenção. Outras atrizes, como Glória Menezes e Norma Bengell foram acessíveis...