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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012



O que falta a Aquele Beijo?
Novela das 19h é divertida e inteligente, mas não arrebata o público.


por Duh Secco


Desde a sua estreia, em outubro passado, Aquele Beijo vem oscilando na audiência. Eu, particularmente, gosto muito da trama de Miguel Falabella. É a minha companheira na hora do jantar, quando estou sempre em frente a TV. Adoro a novela e confesso que não entendo muito os motivos pelos quais a audiência não se estabelece nos trilhos desejados pela emissora. Vou tentar enumerar aqui alguns dos pontos que, acredito eu, colaboram para que a atual novela das 19h esteja passando despercebida por muitos dos telespectadores.


Em primeiro lugar, acredito que Aquele Beijo seja a primeira novela de Miguel Falabella na qual os fãs do autor não identificam o seu costumeiro estilo. Ao longo de sua carreira como novelista, Falabella tem sido responsável pela criação de tipos curiosos e memoráveis, como a Marinelza, de Zezé Polessa, em Salsa e Merengue, que pulava a cerca sem medo de ser feliz, ou de Sexta-Feira (Mara Manzan), a empregada tresloucada da mesma novela, e a Índia (Bumba), de A Lua Me Disse, que nos brindou com a pérola “Índia quer apito; senão der pau vai comer!”. Foram personagens assim que marcaram as tramas do autor, que, em entrevista ao nosso blog, em setembro do ano passado, declarou a predileção por esses tipos incomuns: “(...) É claro que eu gosto mesmo é das criações raras, gosto dos esquecidos, daqueles que não estão no padrão, gosto dos patinhos feios e daqueles que são jogados à margem da sociedade contra sua vontade. Isso, a meu ver, é o sal da terra”. Aquele Beijo também tem sua galeria de personagens diferentes, como Mãe Iara (Cláudia Jimenez) e Ana Girafa (Luís Salém), que estão sempre metidos em diversas confusões, mas não empolgam como outros tipos já criados por Miguel.


Por outro lado, a novela traz tramas clássicas, como as das crianças maltratadas no Lar da Mão Aberta e a disputa do casal Camila (Fernanda Souza), jovem irresponsável, e Ricardo (Frederico Reuter), o marido dedicado, pela guarda do filho. Histórias que sempre arrebatam o grande público, mas que parecem não ter surtido efeito dessa vez. Assim, Aquele Beijo fica entre o mundo de Falabella e uma novela comum, dessas que, mesmo sendo boas, passam em brancas nuvens. Não é amada nem pelos fãs do estilo do autor, nem pelo público em geral.


Fora isso, o casal romântico formado por Cláudia (Giovanna Antonelli) e Vicente (Ricardo Pereira), que começou promissor, sofreu com o desenrolar lento da trama. Ficaram à margem de outros personagens e situações, como a de Regina (Nívea Maria), mãe de Cláudia, presa por ter servido, sem saber, como “laranja” nos negócios escusos de Maruschka (Marília Pêra). A prisão serviu como estopim para o divórcio de Cláudia e Rubinho, e só a partir deste momento, a protagonista voltou a se relacionar com seu par, apesar de diversos encontros não planejados, nos quais o casal ficou só de papo furado. Só agora, já na reta final, que Cláudia e Vicente vieram a se relacionar e passaram a ter um bom impedimento, desses que o público sempre gosta, para ficarem separados: as chantagens de Lucena (Grazzi Massafera), que ameaça manchar a reputação de Vicente, seu ex-marido, caso Cláudia continue a se relacionar com ele.


Aquele Beijo padece também com uma burocrática direção de Cininha de Paula, que não trouxe nada de novo, mesmo tendo recursos de texto capazes de gerar sequências interessantes, caso houvesse uma direção mais eficaz, imprimindo mais ritmo à trama.


A novela tem seus pontos positivos. A trama é bem amarrada e inteligente (e talvez isso também afaste uma parcela dos telespectadores). Expõe muitas das mazelas deste país, principalmente as corrupções dos poderosos e a morosidade da justiça diante de casos gritantes de fraudes e desvios de dinheiro. Os atores cumprem bem suas funções, com destaque para a já citada Marília Pêra, Jaqueline Laurence (Mirta), Marina Mota (Amália), Bruno Garcia (Joselito), Diogo Villela (Felizardo) e Stella Miranda (Locanda). Elizângela vem roubando a cena, com toda a amargura de sua Íntima, após a gravidez indesejada de sua filha, a aspirante a miss Belezinha, ótimo trabalho de Bruna Marquezine. O texto sagaz de Miguel Falabella traz verdadeiras lições de vida, e a narração feita pelo autor é um grande atrativo. É pena que pequenos deslizes estejam afugentando o telespectador.



7 comentários:

O CABIDE disse...

Pior novela do Falabella!
Pasmem, adorei Negócio da China, não perdi um capítulo!

Falta tudo em Aquele Beijo, romance, drama, comédia das boas e um bom enredo que prenda!

Tudo é muito moroso, simples, sem profundidade e batido!

Não consigo ver um capítulo inteiro, acho um porre de chata!

Sou fã da obra do Falabella, pra mim essa é a sua primeira decepção na TV.

Uma pena!!!

Essa semana deve bater mais um recorde - NEGATIVO!!

Parabéns por ter trazido um texto para debatermos sobre a trama.

A Vida da Gente também é outra que está caindo no final, tanto na audiência quanto na qualidade!

Fábio Dias

Anônimo disse...

A novela é chata. Parece não ter alma. Mas já senti isso no Falabella desde Negócio da China, a meu ver, inclusive, ainda pior do que Aquele Beijo.

Eduardo Vieira - Recife/PE

Telinha VIP disse...

Acho que o problema da novela é bem esse: os tipos são interessantes, mas nao há boas tramas. Acho que a Maria Carmem Barbosa faz muita falta fazendo dupla com o Miguel. Percebi isso já em Negócio da China.

Bjs

Fernando Oliveira disse...

A verdade tem que ser falada. O problema não é o que falta em Aquele Beijo, mas sim o que sobra no público. A meu ver, o público está cada vez mais exigente e esse é o nosso papel, exigir que se façam boas novelas, mas o que tem de errado em Aquele Beijo? NADA, em absoluto, acho que a novela, como o próprio texto do blog diz, é inteligente. Portanto, o problema às vezes pode estar na extrema exigência do público e não na possível falta de algum ingrediente na novela.

O CABIDE, realmente é de ficar pasmo! Aquele Beijo é anos luz melhor que Negócio da China, mas o que digo aqui é apenas minha opinião, já que no seu comentário você adiantou que ficariamos pasmos com essa revelação de que vc gostou de Negócio da China e não gosta de Aquele Beijo.

Abraços a todos e parabéns ao Duh Secco pelo texto.

André San disse...

Gosto muito do estilo do Miguel Falabella! Acompanhei Salsa e Merengue, A Lua me Disse e Negócio da China com um prazer absurdo! Três novelas muito boas, na minha opinião. No caso de Aquele Beijo, concordo que o texto é inteligente, e a fina ironia do Falabella pode ser facilmente identificada. Mas a trama não me empolga também. Assisto, me divirto, mas não é daquelas novelas que me faça voltar no outro dia com aquela vontade de ver. É uma boa novela. Leve, divertida. E só. Falta um tempero que as três novelas anteriores do Falabella tiveram. E o que mais sinto falta, como o próprio texto lembra, são dos tipos exóticos. Aquele Beijo tem poucos, e eles não são tão interessantes como o das outras obras.
André San - www.tele-visao.zip.net

Rodrigo disse...

O que eu acho é o seguinte: Miguel Falabella não tem sorte como autor de novelas. Ele não sabe escrever tramas populares, daquelas que ficam na memória do público com o passar dos anos. Eu sei que ele tenta, se esforça bastante, mas até agora não conseguiu emplacar nada nessa área. O resultado sempre sai sem carisma nenhum e acaba sendo esquecido pelo público.

Além disso, o quarteto de protagonistas de "Aquele Beijo" não emplacou, apesar de todo o talento de Giovanna Antonelli. A gravidez de Grazi Massafera, cuja saída foi antecipada, também contribuiu decisivamente para a trama não ter decolado. Sua personagem poderia ter rendido conflitos mais interessantes e atraentes pro telespectador, já que se tratava de uma vilã. Então, como o público vai torcer se não há conflitos? É aí que está o problema.

E mais: a arrogância de Marília Pêra não está valendo de nada, pois sua interpretação continua repetitiva e chata demais a cada novo trabalho na TV.

Sr. W disse...

Sua crítica foi deveras conclusiva. Cada ponto que voce citou explica exatamente o que eu sinto ao assistir a novela e nao sabia explicar!
Vejo a novela com esta qualidade que você citou até mesmo por ter conquistado os meus exigentes pais! hahaha

Concordo, também, que Maria Carmem faz falta à Falabella... Salsa e merengue e A lua me disse me conquistaram, enquanto negocio da china e aquele beijo não me despertam nada!

tvporsenhorw.blogspot.com