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ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

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sexta-feira, 16 de março de 2012




E L  I  Z  A  B  E  T  H
S  A  V  A  L  A




Logo em sua estreia na TV, como a Malvina de Gabriela, ELIZABETH SAVALA conseguiu mostrar seu talento. O rosto de menina que emoldurava a forte personalidade da personagem seduziu o público e a câmera. Tanto que, antes mesmo de dar adeus a personagem da obra de Jorge Amado, adaptada por Walter George Durst, a atriz já gravava a novela substituta no horário, O Grito. Seguiram Irmã Angélica, em Estúpido Cupido, e o início de uma vitoriosa parceria com Janete Clair, em O Astro. Após um novo trabalho ao lado de Janete, Pai Herói, Elizabeth estreava no horário das 19h com Plumas & Paetês, com a protagonista Marcela. Ao longo da primeira metade dos anos 80, seguiram-se outras personagens de grandes destaques, que a nossa querida estrela rememora agora, com muito bom humor, informações precisas e curiosidades de bastidores só reveladas ao Agora É Que São Eles.



PARTE 2 - As protagonistas dos anos 80: Plumas & Paetês, O Homem Proibido, Pão-Pão Beijo-Beijo, Partido Alto e De Quina Pra Lua.

por Duh Secco


PLUMAS & PAETÊS (1980/1981)
Personagem: Marcela / Roseli


Marcela, a contraditória
protagonista de
Plumas & Paetês.
Eu tinha acabado de ter os gêmeos (Cyro e Tadeu). Eles estavam com uns quinze dias, e fui gravar Plumas & PaetêsO Cassiano Gabus Mendes escreveu quase toda a novela e o Blota dirigiu, por pouco tempo. Ele e o Cassiano infartaram, tiveram que botar ponte de safena, uma loucura! Então, colocaram o Mário Márcio Bandarra pra dirigir e o Sílvio de Abreu pra escrever, pra concluir a trama. E olha, a Marcela, minha personagem, foi a primeira e talvez única protagonista que morreu no final da novela. O triângulo amoroso era com o Cláudio Marzo e o Wilker e os dois terminam sozinhos.



A luta de Marcela (vivida por  Ísis
Valverde no remake da novela) pela vida:

duas versões de uma mesma cena.
Na segunda versão, eu vi um take que o Jorginho fez, muito igualzinho, quase que uma homenagem. Ele colocou a câmera na mesma posição, os personagens do Marzo e do Wilker na mesma posição, só que ela não morreu. Foi bem legal ter revisto isso, só que com outro final. E teve uma coisa que foi muito legal também - o meu filho Thiago fez a novela. De certa forma foi uma homenagem do Jorginho, da Maria Adelaide, ao colocar o Thiago numa coisa que eu fiz. Eu vi bastante dessa segunda versão, porque o horário das sete é o horário que você está se arrumando pra sair pro teatro, pra praça pública. Então, essa eu vi e amei! A ideia de misturar as duas histórias foi muito legal; a direção do Jorginho maravilhosa! Eu amo, adoro trabalhar com o Jorge Fernando! Ele tem uma assinatura, um ritmo diferenciado. E esse trabalho, esse remake, foi realmente muito bom!


O HOMEM PROIBIDO (1982)
Personagem: Sônia


Sônia, de O Homem Proibido:
ação da censura prejudicou
andamento da trama.
O Homem Proibido teve problemas já no início. O primeiro capítulo não foi pro ar. A censura proibiu e nós, do elenco, começamos a nos ligar, Lídia Brondi, Lílian Lemmertz e eu: “Será que vai? Acho que não vai. Ou vai?”. E o capítulo não foi. Eu não lembro o que é que entrou no lugar, só lembro que foi dito “A Censura Federal proibiu o capítulo hoje”, uma coisa assim. E nós ficamos com medo disso. Eu me lembro muito claramente, eu, Lidinha e Lílian, nos ligando, uma pra outra, “Gente, será que a novela não vai pro ar? O primeiro capítulo foi proibido”. Era O Homem Proibido, de Suzana Flag, que era o Nelson Rodrigues, falando de um caso homossexual, em 1982... Eram duas primas, apaixonadas uma pela outra e que não queriam ter relação com nenhum homem. E aí aparece o tal do homem proibido, o personagem do David Cardoso e, enfim, a censura pegou e a gente teve que aliviar muito.


Entre David Cardoso e Marcelo Picchi, nas gravações
do último capítulo da novela de Teixeira Filho.

A relação das duas virou uma coisa que “ah, ela é minha priminha malvada, que está sob os meus cuidados; ela finge que é cega”. Foi por aí. Mas na verdade, tudo ali acontecia por causa do amor, elas tinham ciúme uma da outra em relação ao homem. Era claramente uma coisa homossexual! Foi uma loucura da Globo botar essa novela, em 82, às seis horas da tarde. Nem hoje passaria, né? A gente teve que atenuar e tirar todos os olhares, qualquer coisa que pudesse dar essa conotação. É claro que dávamos sim umas olhadas de vez em quando... mas a Censura proibiu, então teve que cortar tudo isso.


PÃO-PÃO BEIJO-BEIJO (1983)
Personagem: Bruna


Bruna, a primeira vilã de sua carreira,
em Pão-Pão Beijo-Beijo.
A Janete Clair me ligou nessa época. Ela ia fazer Eu Prometo e me contou que estava doente, que podia ser a última novela dela. Nós éramos muito amigas, tanto que eu sempre chamei os filhos dela de “os meninos”, aquela coisa de mãe, e dia desses, eu descobri que o Gui (Guilherme Dias Gomes) é mais velho do que eu. Enfim... Eu queria muito fazer a novela, muito! E o Boni decidiu que eu não faria de jeito algum, que ele estava precisando dar uma subida no horário das seis e eu teria que entrar na próxima novela desse horário. Eu fiquei revoltada, queria fazer a novela da Janete, a Janete também, mas não houve jeito mesmo! Então eu falei “bom, se é pra fazer, eu quero um desafio”. Estava cansada de fazer a mocinha, uma personagem muito difícil, chato de fazer, pesado... Você passa o dia inteiro no estúdio, chorando, chega em casa com uma dor de cabeça, tem muito texto pra decorar pro dia seguinte... É realmente uma estiva!


Ao lado de Flora Geny, sua mãe na
novela de Walter Negrão.
E aí quando eu li a sinopse, eu decidi que queria fazer a Bruna e o Boni argumentou “de jeito nenhum, porque o público não vai engolir; você tem uma trajetória de mocinha”. Eu discuti, disse que queria cortar essa trajetória, fazer outra coisa, experimentar. Não houve acordo e eu acabei escalada pra outra personagem. Quem ia fazer a Bruna era a Renata Sorrah, eu acho. Aconteceu alguma coisa, a Renata saiu e aí acabaram me deixando fazer. E foi muito bom, eu adorei fazer, me diverti! Trabalhei pela primeira vez com o filho do Cassiano, o Cássio, que fazia meu irmão, Flora Geny, Dionísio Azevedo, Laura Cardoso... Tinha outro par romântico com o Cláudio Marzo, que eu adorava de paixão trabalhar com ele. Nós fizemos muitas novelas juntos como par romântico, tínhamos uma afinidade legal.


Lélia Abramo, em Pai Herói:
sua avó na ficção por duas vezes.
A Bruna era uma personagem bacana, muito mimada, cheia de vontades. Uma pessoa muito forte, assim como a Mamma Vitória, que era a personagem da Lélia Abramo, que tinha sido minha avó também no Pai Herói. E eu me lembro que numa gravação no shopping, tinha uma caravana de pessoas de fora do Rio. E essas pessoas quiseram me bater. Foi o maior corre-corre, a segurança da Globo tentando apartar, e as mulheres querendo puxar meu cabelo, aquela loucura. E eu na maior alegria,  falava “Tá vendo? Eu não falei? Era isso que eu queria!” (risos).


PARTIDO ALTO (1984)
Personagem: Isadora


Glória Pires e Cláudio Marzo,
parceiros no elenco de Partido Alto.
A sinopse dessa novela, era da Glória. E por ela, a novela se chamaria Isadora, que era o meu personagem. Tinha o negócio de um bombom que era envenenado, alguém envenena alguém, o roubo de uma coroa, enfim... Era eu e o Cláudio Marzo, de novo a gente como par romântico, e o Herson Capri fazendo o meu marido. Era esse o triângulo. E tinha o Pereio também concorrendo. Era um quadrilátero! O Pereio é coisa do Talma. Por aí você vê a cara que um diretor dá pro elenco. Escalar o Pereio, que não é tanto de TV, isso é muito bacana! Também era a primeira novela do Aguinaldo. E pra ele, a trama era o núcleo da Betty Faria, do Raul Cortez, o samba, a coisa do subúrbio. Então tinha o núcleo da Glória, que era o meu, e tinha o núcleo do Aguinaldo. E aí, eles escreviam cada um, três capítulos. Depois de um certo momento, parece que eles começaram a se desentender. E aí um escrevia uma coisa, armava a história, deixava ela no alto; vinha o outro e em uma cena destruía aquilo que estava armado e criava tudo de novo. Ficou uma loucura, realmente, até que chegou o momento que o Aguinaldo saiu e a Glória conduziu sozinha até o final.


Lilian Lemmertz: companheira de
elenco em O Homem Proibido e
Partido Alto.
Foi um sucesso, mas não foi aquele sucesso... É muito difícil a gente dizer uma coisa que não tenha ido bem na TV Globo, porque a TV Globo, dando traço, é sucesso! Ainda mais naquela época; não existia nem controle remoto. Nosso núcleo era a Lilian Lemmertz, que fazia minha mãe pela segunda vez, assim como no Homem Proibido. Nossa, como eu gostava da Lilian! Que atriz maravilhosa, fantástica! Ela e o Leonardo Villar no Homem Proibido e depois, no Partido Alto, com o Rubens Correa vivendo meu pai. E a Eva Todor como minha tia... Olha que sorte a minha trabalhar com um elenco desse!



Paulo César Pereio, intérprete de
Da Matta em Partido Alto.
Foi a primeira vez também que o merchandising fez uma coisa tão forte e boa. Eu acho que foi Partido Alto que descobriu a fórmula do merchandising trabalhar. O personagem do Pereio (Da Matta) sonhava com a Isadora. Em um desses sonhos nós estávamos sendo sequestrados. Passamos uma noite inteira gravando no cais do porto, o Talma dirigindo, e depois saíamos dali direto pro estúdio, pra continuar gravando. Teve outra noite no shopping Rio Designer Center, que estava começando, eu subindo as escadas rolantes, e lá em cima tava o Pereio, que me via. Mais outra inserção no museu, enfim. Sempre no final dessas cenas, desses sonhos, era mostrado o carro da Ford. Foi assim um momento muito importante no merchandising. Eu não tenho visto mais inserções tão bem localizadas, digamos assim. Quando o merchandising faz parte da ação dramática, fica muito interessante, quando não é uma coisa gratuita. Pra empresa, o merchandising é necessário, pra fazer a novela, botar no ar, pra pagar toda essa gente. Eu sempre faço questão de botar a ação de uma forma que fique inserida no contexto, que faça parte do âmbito do personagem. Eu tenho uma relação muito boa com o pessoal do merchandising.


A casa dividida em Morde & Assopra:
merchandising dentro do contexto da trama.
Nessa última novela, Morde & Assopra, nós tivemos inserções muito boas. Um produto da Avon, acho que o Renew, tinha a ver com o meu personagem, que era toda vaidosa. A personagem da Bárbara Paz, roubava o meu marido, o Ary Fontoura. Aí nossa casa era dividida e quando eu ia pro meu lado da cama, o produto que tá lá é o dela, o Renew dela. Eu falava “olha, que maravilha, que bonitinho” e  ela “não, isto aqui é meu”. Isso estava dentro do personagem, o que tornou tudo mais engraçado. Quando fica muito na cara “olha, passei Avon e minha pele ficou maravilhosa” não funciona. Você pode brincar com o produto e vender da mesma forma.



DE QUINA PRA LUA (1985/1986)
Personagem: Mariazinha


Mariazinha, em De Quina Pra
Lua
: incursão no humor.

De Quina Pra Lua foi um belo trabalho cômico. Só que o público, na época, não tinha o hábito de assistir comédia às seis horas da tarde. Foi um trabalho maravilhoso, muito gostoso mesmo de fazer, e que me fez amiga do Tide, o Alcides Nogueira. Um grande dramaturgo, uma pessoa muito legal, de um talento incrível.






(continua...)






Leia a PARTE 3 deste Especial.



8 comentários:

edu vieira disse...

delícia de entrevista, uma das melhores que já li. Parabéns!!

Telinha VIP disse...

Muito bom! Ótimo saber sobre novelas que normalmente nao sao tao comentadas como o Homem Proibido, Partido Alto e De Quina pra Lua.

Bjs

sebastian a olho nu disse...

Adooooooooro este especial com a Savalla,adoro de paixão,ela é uma grande artista,além de ser uma linda mulher,mas vocês do blog deveriam ser processados,porque fiquei semana inteira esperando pela segunda parte do post,quase que enfartei!!!
kkkkkkkkk
Parabéns a todos do blog,pela iniciativa e por estar documentando um pouco da história da tv brasileira!!!

Blog Agora É Que São Eles disse...

.

Mensagem enviada pelo autor Alcides Nogueira


queridos,
a entrevista com a savala continua deliciosa! eu gostaria muito de voltar a trabalhar com ela.
além de ser essa grande atriz, é uma pessoa maravilhosa!
grande companheira... escrever para ela, é um privilégio para qualquer autor.

bjs,
tide

César Vieira disse...

Que entrevista maravilhosa, parabéns! Tipo de entrevista que faz a gente fazer uma viagem no tempo! Que venha a terceira parte! Abçs!

André San disse...

Mais uma bela parte desta entrevista! Amo Elizabeth Savalla! Que venha a próxima parte!
André San - www.tele-visao.zip.net

Mauro Barcellos disse...

Que ótimo poder ver essa maravilhosa atriz aqui no blog. A Mariazinha era uma personagem ótima, e fazia uma ótima parceria com o Agildo Ribeiro, mas a novela não aconteceu.

Elaine Passoni disse...

Nsss...q gostoso ler tudo isso...tem coisa q nem lembro mais.....rsrsrs...adoro Elisabeth Savalla....ela sabe ir do comico ao tragico em segundos...sem fazer isso se tornar...massante.....muito bom....parabéns Duh....