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quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Beijo que deixou saudade...
Novela das 19h encerrada na última sexta deu novos ares ao estilo de Miguel Falabella.

por Duh Secco




Um Mundo Melhor: A Comédia da Tolerância. Este era o título original de Aquele Beijo, novela das 19h que se encerrou na última sexta. De fato, a trama de Miguel Falabella foi uma ode à tolerância. Tratou de temas relevantes com humor e conseguiu chegar ao seu final como uma das tramas mais interessantes do horário nos últimos tempos, ainda que a audiência não tenha respondido como o esperado.


A novela começou extremamente focada nos encontros e desencontros do casal Cláudia e Vicente, muito bem defendidos por Giovanna Antonelli e Ricardo Pereira. Entretanto, a morosidade do desenrolar dos fatos na história deles, acabou com que outros personagens dominassem a ação. Foi aí que Aquele Beijo abriu seu leque de tipos diferentes, tão costumeiros no universo de Miguel Falabella. Os tipos, desta vez, não eram tão diferentes assim, como os vistos em outras tramas do autor. Em texto publicado em fevereiro, aqui no blog, cheguei a comentar a presença de tais tipos, bastantes comuns comparados a outros já criados pelo autor, o que pode ter causado estranheza no público que acompanha os trabalhos de Falabella. Mas o fato de serem comuns não os fez menos interessantes. Pelo contrário. É justamente por terem sido tipos com os quais cruzamos a todo instante, ampliados por uma perspicaz lente de aumento que só Falabella tem, que tais personagens se tornaram tão atraentes e contribuíram para falar da tolerância prometida no subtítulo original.


Houve graça, e também uma forte conotação social, nas cenas que exploravam o cotidiano da família obesa formada por Marieta (Renata Celidônio), Olavo (Ernani Moraes), Dona Violante (Thelma Reston) e Taluda (Priscila Marinho). Somado ao fato de serem obesos, e por isso já discriminados pela sociedade, os personagens tinham características como a obsessão de Dona Violante pelo mundo do crime; a infidelidade de Olavo, que comprometia sua reputação como presidente da associação de moradores da Vila Caiada; e o exibicionismo de Taluda, que gostava de fazer sucesso na internet graças à sua nudez. Taluda protagonizou uma das cenas mais divertidas da trama, quando se autodenominou um fenômeno da mídia e cutucou outras subcelebridades surgidas instantaneamente na rede, como a tal Luiza do Canadá. O absurdo da situação chegou à gravidez de Marieta, que nem sequer havia se dado conta de que esperava um bebê, tamanho era o seu sobrepeso. Tudo mostrado como muita diversão, mas também como alerta a um país onde mais da metade da população está acima do peso.


O mesmo aconteceu na abordagem que envolveu a travesti Ana Girafa (Luís Salém), filho da poderosa e arcaica Maruschka (Marília Pêra). A cabeleireira do Covil do Bagre batalhou por sua aceitação perante a mãe e terminou sendo apresentada por ela, como sua filha, à uma de suas amigas dos tempos em que frequentava a alta sociedade. Luís Salém se saiu bem e Marília Pêra foi esplendorosa na criação da personagem, que passou por diversos momentos ao longo de trama, todos conduzidos com muita propriedade pelo autor e muito talento pela atriz. Na reta final, após ir trabalhar ao lado do ex-marido Alberto (Herson Capri) na Boca de Capeta, periferia do Rio de Janeiro, Maruschka assumiu uma nova personalidade e rendeu momentos hilariantes à novela.


Aquele Beijo foi uma trama marcada por belas e divertidas cenas ao longo de toda sua narrativa. Trouxe Maruschka preparando um jantar para o marido, ao ver que seu casamento estava ruindo, e dançando com ele pela última vez, ao som de Do You Wanna Dance, de Johnny Rivers. Uma cena que sequer precisava de diálogo para deixar claro o tom nostálgico da personagem diante de sua relação, naquele momento, já fracassada. Trouxe momentos em que todos os personagens viveram uma mesma ação, como quando passaram a noite em claro, cada um preocupado com o seu dilema: Cláudia, Amália (Marina Mota) e Vicente, com a cirurgia deste último; Damiana (Bia Nunnes), Felizardo (Diogo Villela) e Raíssa (Maria Maya), com o exame de DNA que comprovaria que Damiana não pertencia à família Barbosa; Maruschka e Rubinho (Victor Pecoraro) lamentavam a venda da Comprare; e Olga se preocupava com a fuga de sua filha e as acusações acerca do envenenamento de sua irmã. No áudio, um belo poema declamado por Miguel Falabella, que nos brindou com suas brilhantes inserções, em praticamente todos os capítulos. Trouxe citações bem colocadas no contexto da história, poemas apaixonados, e listas como as que continham as dez coisas que as mulheres mais gostam de ouvir. A narração do autor pontuava momentos-chaves da trama e fizeram grande sucesso no site da novela.


O elenco, em geral, se saiu bem. Elizângela ganhou com a mudança no perfil da sua personagem, Íntima, que de mulher arrivista passou a uma amargura completa após descobrir a gravidez de sua filha, Belezinha, vivida por Bruna Marquezine. Esta também se saiu bem como a candidata à miss e engoliu seu par romântico, o Agenor de Fiuk, em praticamente todas as cenas em que atuaram juntos. O ator, apesar do bom trabalho, mostrou que ainda não está preparado para um personagem do porte de Agenor, com tantas nuances interessantes. Destaque também para Marina Mota (Amália), Bruno Garcia (Joselito), Maria Vieira (Brites), Stella Miranda (Locanda), Diogo Villela (Felizardo), Bia Nunnes (Damiana), Elisa Lucinda (Diva), Patrícia Bueno (Otília) e Maria Zilda (Olga). Aquém das expectativas ficaram Victor Pecoraro (Rubinho) e Sheron Menezes (Sarita), em personagens importantes para a narrativa, e Herson Capri, mal aproveitado e ainda marcado pelo sucesso de Cortez, seu personagem em Insensato Coração.


A última semana da novela apresentou as resoluções de todas as tramas. No capítulo final, o casal Cláudia e Vicente coroou sua felicidade com um belo casamento, acompanhado por todos os demais personagens. Um final feliz para uma trama que trouxe alegrias a seu público fiel, durante sua exibição.



6 comentários:

www.udesc.br disse...

Boa noite,

De verdade adorei tudo o que li aqui, parabéns pelas palavras e como eu espero que o próprio Miguel goste ....

Um abraço carinhoso...

Rita de Cássia Rosa

www.udesc.br disse...

Eu amei tudo o que eu li aqui nesta coluna....

Vocês são muitos simpáticos e inteligentes, viram de maneira direta o que realmente a novela e o autor que é um lindo e talentoso artista, quis passar, ou seja viu com os olhos do público....

Parabéns, continuem assim, espero imensamente que Miguel goste como eu gostei....

Abraço carinhoso

Rita de Cássia Rosa

Lucas disse...

A novela foi coerente, mas não chamou atenção da audiência. Ainda prefiro "Negócio da China", mas as tiradas das personagens do Miguel Falabella eram realmente hilárias. Vários personagens foram bem construídos, não há dúvidas!
Lucas - www.cascudeando.zip.net

Telinha VIP disse...

Achei a novela bem simpática, gostosa de assistir. Como sempre, nas novelas do Falabella, as histórias e persponagens paralelos ficam mais interessantes que a trama central.

André San disse...

Acho que Aquele Beijo não foi dos melhores momentos de Falabella. O autor é ótimo, gosto do texto dele, mas esperava uma novela mais colorida e com mais tipos exóticos. Quando a novela começou, os coadjuvantes estavam muito apagados e a trama dos protagonistas não chamava a atenção. No decorrer da saga, os personagens citados pelo texto foram dominando e a novela cresceu. A transformação de Maruschka foi sensacional! E o último capítulo maravilhoso, um dos mais originais que já vi! Não é uma novela memorável, mas foi divertida. Abraço!
André San - www.tele-visao.zip.net

Rafael Barbosa dos Santos disse...

Bom, tentei gostar, mais a historia não me cativou, talvez por esse amontoado de historias, que não se completavam. A trama dos protagonistas, parecia ficar em segundo plano, faltou um elenco melhor, e o humor usado na novela, servia mais para um seriado estilo toma lá da cá. Essa é minha opinião.
http://brincdeescrever.blogspot.com.br/