Gabriela: capítulo de estreia morno, porém com belas imagens e ótima audiência.
por Guilherme Staush
Ontem foi o capítulo de estreia de Gabriela, na Rede Globo, nova adaptação do livro de Jorge Amado, desta vez escrita por Walcyr Carrasco, pela primeira vez escrevendo para o horário das 23h, já que o autor se consagrou com novelas leves e de sucesso para o horário das 18h e 19h para a emissora.
O primeiro capítulo encheu os olhos do telespectador com um espetáculo de belíssimas imagens a cargo do diretor Mauro Mendonça Filho. A belíssima fotografia em tons pastel nas cenas do agreste aliada à sensualidade de Juliana Paes ajudou a emissora a marcar 30 pontos de audiência durante a exibição do capítulo.
A novela já começa com bastante ação para conquistar o telespectador de cara. Já no começo do capítulo, as primeiras cenas mostram o Coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes), em 1895, de arma em punho, tomando as terras de uma família à bala, conquistando o espaço que seria a Ilhéus de 30 anos depois, para onde o telespectador é conduzido na segunda cena do capítulo.
Ilhéus é a terra do cacau, dos coronéis, do comerciante Nacib (Humberto Martins), do boêmio Tonico Bastos (Marcelo Serrado) e das meninas do Bataclã, comandadas por Maria Machadão, pessimamente interpretada pela cantora Ivete Sangalo, que mantém uma singularidade interpretativa irritante e é incapaz de demonstrar sentimentos diferentes, mantendo uma mesma entonação seja para dar boa noite ou para ralhar com uma das quengas do recinto. Aliás, nas redes sociais, foi justamente o Bataclã o que mais chamou atenção dos telespectadores, já que o ambiente mostra um luxo descomunal, hollywoodiano até, para a pobre Ilhéus do início do século XX.
A narrativa lenta da versão de 1975, escrita por Walter George Durst, não teria espaço na televisão dos dias de hoje. O público de hoje é ávido por cenas de ação, diálogos rápidos e objetivos, e neste aspecto, a redução de capítulos para contar a saga de Gabriela e dos coronéis de Ilhéus veio a calhar. É preciso conquistar o telespectador de imediato e já no capítulo inicial, principalmente quando se tem uma forte concorrência na Rede Record: o reality show A Fazenda, que justamente na segunda-feira, convidou o ex-participante da primeira edição (e mais polêmico de todos), o ator Théo Becker, para voltar ao programa.
A aceleração para contar a história é visível desde o primeiro capítulo. Enquanto na primeira versão, Gabriela levou algumas semanas até que chegasse a Ilhéus, no remake, sua chegada aconteceu já no capítulo de estreia, já conquistando o coração do turco Nacib, deixando um clima de romance entre os dois como gancho para o segundo capítulo.
Gabriela é uma personagem bastante fácil sob ponto de vista interpretativo, pois depende bem mais da caracterização da personagem e dos atributos físicos da atriz do que necessariamente de talento artístico. Neste aspecto, Juliana Paes caiu como uma luva, apesar da personagem ficar melhor para uma atriz mais nova.
De resto, o remake apresentou uma trilha sonora idêntica a da versão de Durst, uma Zarolha que não é zarolha, um turco Nacib sem o menor sotaque árabe – o que era o maior charme do personagem interpretado por Armando Bógus na versão de 1975 - e um Antonio Fagundes dando um show de interpretação, como sempre.
6 comentários:
Uma estreia um pouco acima da média. A grande atração realmente ficou por conta do show de imagens na árdua caminhada de Gabriela pelo sertão: a direção conseguiu belas imagem ao valorizar as belezas naturais e as adversidades do meio - poeira, cobras, escorpiões, espinhos - com ótimas tomadas. Juliana Paes, cheia de presença, demonstrou ser boa escolha para a personagem-título.
Já o Bataclã é o erro fatal dessa readpatação: uma mistura de Moulin Rouge com boate do filme Chicago, discrepante da realidade local, como o texto bem aponta. Toda a brasilidade constante do Bataclan de 1975 se perdeu em meio à maquinaria hollywoodiana citada. Tudo em nome da audiência, inclusive a incoerência!
Ivete Sangalo, se muito, poderia ter sido limitada a uma das meninas do Bataclã: se daria melhor como uma bela prostituta,pois em nada combina com o perfil de uma experiente cafetina, limitando-se a interpretar ela mesma. Aliás, um desperdício essa escalação errônea, quando atrizes como Betty Faria, Tânia Alves, Yoná Magalhães e mesmo a primeira opção, Elizabeth Savalla, fariam uma impecável Maria Machadão.
Gostei do cap de estreia, mas nao acho que uma novela regionalista com temática como essa vai fisgar o público nesse horário.
até que nem achei a Sangalo tão ruim, mas não pra lembrar que é ela....essa Zarolha tolinha eu tb não curti..mas nem todos têm de seguir a linha dos outros atores, né? também gostei do Fagundes, do Chico Diaz e dos cenários, a casa de Nacib. Também achei o Bataclan muito moulin rouge, pra mim é um ambiente dúbio, meio lúgubre, festivo, mas onde pode haver um tiroteio a qualquer momento.
O primeiro capitulo achei fraco, mas o segundo foi bom.
Torço pelo sucesso!
ótima análise!
Fabio
www.ocabidefala.com
Acho que Gabriela está começando de maneira bem tímida, mais tem tudo para melhorar nos próximos capítulos. Achei a cena do Wilker e de Maitê Proença no 2° capítulo emocionante. Juliana Paes está ótima como Gabriela, mais a personagem nem parece protagonista da historia, e quanto a Ivete só tenho a lamentar, gostei do Bataclã apesar de não condizer com a historia original.
http://brincdeescrever.blogspot.com.br/
O primeiro capítulo foi bem morno mesmo, a juliana Paes está muito forçada no papel de Gabriela, o sotaque dos personagens no capítulo de estreia foi péssimo e não condiz nada com o sotaque dos sulbaianos, sendo característico de outras regiões do estado. Confesso que não odiei a interpretação de Ivete Sangalo, não é um show de dramaturgia, mas está regular. A Leona Cavalli é a grande estrela desse remake, ainda vai dar muito o que falar com a sua Zarolha, inclusive, ela está se sobressaindo a Juliana. Quanto ao Bataclãn, sempre foi muito luxuoso - aliais como toda a região de Ilhéus e Itabuna, na época do império do cacau - era palco de companhias de dança do sul do País e até do exterior, como grupos de tango argentino e de cancan francês. Funcionava, além de bordel, como cassino e um centro de decisões políticas e de negócios.
João Rodrigues
Itabuna - Bahia
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