IRMÃS, PORÉM RIVAIS ... (Parte I)
por Guilherme Staush
Irmãs e rivais, esse sempre foi um prato cheio para os autores de novela, e na maioria das vezes, rendeu ótimas histórias. Seja na disputa de um mesmo homem ou de um lugar nos negócios da família, a rivalidade entre duas mulheres do mesmo sangue sempre conseguiu prender o público. Por essa razão, nossa teledramaturgia está recheada de histórias clássicas de irmãs que se odiavam e aprontavam mil e uma durante os quase 200 capítulos de uma novela. Relembre algumas:
ANDRÉIA (Natalia do Valle) e AMANDA (Suzana Vieira)
CAMBALACHO (1986)
Andréia sempre teve inveja de Amanda, pois segundo ela, a irmã sempre foi mais talentosa, se deu bem profissionalmente, casou-se com um homem maravilhoso, e sempre foi mais bonita, ainda que haja controvérsias nesse último quesito.
A ambição desmedida de Andréia fez com que a cambalacheira chique usasse de todos os artifícios para ficar rica, inclusive casar-se com um homem bem mais velho e planejar sua morte, além de infernizar a vida da irmã com o objetivo de roubar-lhe o marido, o advogado Rogério (Cláudio Marzo), por quem era apaixonada.
Alpinista social da pior espécie, Andréia foi bem mais além, inclusive sabotando o Physical, academia de ginástica de propriedade de sua irmã, colocando fogo no local com a própria irmã dentro. Gente finíssima a moça, não?
Como aqui se faz, aqui se paga, Andréia terminou a novela sem a fortuna do marido, sem Rogério, e na cadeia! Perigoooooosa!
ALICE (Vanessa Gerbelli) e VALQUÍRIA (Renata Dominguez)
AMOR E INTRIGAS (2008)
Valquíria vende todas as máquinas de costura de propriedade de sua mãe e foge para o Rio, deixando mãe e irmã na miséria (qualquer semelhança com Vale Tudo não é mera coincidência). A primeira tem um derrame e morre, e a segunda vai para o Rio atrás da irmãzinha safada. Como o próprio nome da novela diz, não faltaram amores e intrigas entre as duas irmãs, que disputaram o mesmo homem e nutriram um ódio mútuo. Como o bem sempre triunfa, pelo menos na ficção, Alice termina a novela com o milionário Felipe Junqueira (Luciana Szafir), enquanto que Valquíria, termina de cara para o chão, numa poça de sangue.
BEL (Narjara Turetta) e MARIANA (Cláudia Ohana)
AMOR COM AMOR SE PAGA (1984)
Mariana era adotada e Bel era a filha legítima do casal Dr Vinicius (Adriano Reys) e dona Helena (Beatriz Lyra). Enquanto a mãe morria de amores pelo filho Renato (Miguel Falabella), o pai não escondia sua predileção por Mariana. Como não poderia deixar de ser, Bel cresceu sentindo-se preterida. Carente e rancorosa, sempre teve inveja da irmã, a ponto de querer separá-la a todo custo de Tomás (Edson Celulari), por quem as duas eram apaixonadas. Mas nada como um dia após o outro, e uma verdadeira paixão para colocar a pestinha nos eixos. E eis que surge Rogê (Mário Cardoso), o príncipe encantado que mostra para Bel o sentido do amor e coloca a moça no bom caminho, afinal, Amor com Amor se Paga!
JÚLIA (Sônia Braga) e YOLANDA (Joana Fomm)
DANCIN’ DAYS (1978)
Um dos casos mais clássicos de irmãs-rivais da história da teledramaturgia. Em Dancin’ Days, o alvo de disputa das duas irmãs não era um homem, mas a filha de Júlia. Por decorrência de um atropelamento que ocasionou a morte de um empresário, a “tigresa” havia sido presa e deixado a pequena Marisa para ser criada pela irmã, a alpinista social Yolanda Pratini, que não hesitou em jogar a “filha” na cama de um milionário para se dar bem na vida. Após a saída de Júlia da penitenciária, a garota vira alvo de disputa entre as duas, porém Julia precisaria lutar de igual pra igual com a irmã para reconquistar o amor de Marisa, que havia se transformado em uma adolescente rebelde, mimada e alienada.
E, como toda a protagonista que se preza, Júlia dá a volta por cima, viaja para o exterior, fica rica, e dá uma sambada na cara da irmã, ou melhor, dança uma legítima dance-music. E com óculos de gatinha, meias de lurex e roupas coloridas, nossa heroína abriu suas asas e soltou suas feras na frenetic dancin days.
RUTH e RAQUEL (Eva Wilma / Glória Pires)
MULHERES DE AREIA (1973 / 1993)
Ruth e Raquel (Eva Wilma na primeira versão e Glória Pires no remake) podem ter nascido no mesmo dia, na mesma hora, do mesmo ventre e serem a cara e o focinho uma da outra, mas as semelhanças param por aí. Enquanto a irmãzinha cool herdou a serenidade e a bondade do pai, a irmã megera puxou a ambição e a falsidade da mãe. E para que a novela se tornasse o sucesso que foi, foi preciso que Raquel pintasse e bordasse, com direito a roubar o namorado da irmã, destruir as estátuas de areia do doente mental Tonho da Lua (Marcos Frota), e tocar o terror em todos os pescadores da pequena Pontal d'Areia e na mansão de Virgílio Assunção. Resultado: final trágico para a gêmea má e felicidade geral para a irmãzinha boa.
BRUNA (Elizabeth Savala) e LUÍSA (Maria Cláudia)
PÃO PÃO BEIJO BEIJO (1983)
Bruna era autoritária, geniosa, cínica e manipuladora, enquanto Luísa era generosa, simpática e gentil. As irmãs, que ajudavam a gerenciar a rede de cantinas italianas da família, disputavam o amor de Ciro (Cláudio Marzo), que após se envolver em um acidente de carro com Bruna e o amigo Soró (Arnaud Rodrigues), ambiciona ascender socialmente para se vingar de Bruna, por quem fora humilhado. Embora Ciro sempre tenha transparecido ser apaixonado por Bruna, acaba casando-se com Luísa no último capítulo da novela, enquanto Bruna é desprezada por Júlio (Edwin Luisi), a quem ela sempre humilhou, e termina a novela debaixo da chuva, completamente sozinha.
TIETA (Betty Faria) e PERPÉTUA (Joana Fomm)
TIETA (1989)
Perpétua (Joana Fomm) era a irmã feia e invejosa de Tieta (Betty Faria), e não sossegou enquanto não conseguiu escorraçá-la da pequena Santana do Agreste. O "bacalhau seco" despertou a ira do pai (Sebastião Vasconcelos) quando ele descobriu as aventuras amorosas de Tieta pelas dunas de Mangue Seco.
Mas há males que vem para o bem, e a vida dura que Tieta foi obrigada a ter na capital, transformou a “cabrita” numa mulher poderosa e mais sensual ainda. E seu retorno triunfante à cidade onde havia sido expulsa deu-se em grande estilo. Tieta levou o progresso à Santana do Agreste, conquistou o povo da cidade, e ainda roubou o coração do filho de Perpétua, que teve que engolir sua ambição e sua revolta ao ver sua irmã sendo aclamada pela cidade. Afinal, para ela, Tieta era quenga, sim!
MARIA LUÍSA (Elizabeth Savala) e BEATRIZ (Cássia Kiss)
QUEM É VOCÊ? (1996)
Na década de 70, durante um baile de máscaras, o marido de Maria Luísa (Elizabeth Savala) comete uma traição por desconfiar que a mulher havia sido infiel, e transa com uma mascarada do baile como forma de vingança, sem saber que a tal mascarada era sua própria cunhada, Beatriz (Cássia Kiss). Um prato cheio para a irmãzinha malvada, no futuro, tentar fisgar o grande amor de sua vida e prendê-lo para sempre ao seu lado.
Em um certo ponto da trama, Maria Luísa é dada como desaparecida, e aproveita-se da situação para aterrorizar a irmã Beatriz, levando-a à loucura.
Em um certo ponto da trama, Maria Luísa é dada como desaparecida, e aproveita-se da situação para aterrorizar a irmã Beatriz, levando-a à loucura.
VERÔNICA (Maria Zilda) e CATARINA (Marieta Severo)
VEREDA TROPICAL (1984)
Aqui a história era diferente. Não tinha nada de irmã boazinha e irmã malvada. As irmãs Catarina e Verônica disputavam em pé de igualdade qual das duas era a mais cínica, a mais ambiciosa e a mais perversa. Faziam da vida do pai, o empresário Vicente Oliva (Walmor Chagas), não menos diabólico do que as filhas, um verdadeiro inferno! Ou seja, a mansão dos Oliva era o típico ninho das serpentes!
As irmãs disputavam um lugar de destaque na fábrica de perfumes do pai, a CPP, e não mediam esforços para atingirem seus objetivos. Valia de tudo: campeonato de bajulação ao coroa, altos trambiques, chantagem emocional, e por aí vai... Se ser mãe é padecer no paraíso; ser pai, nesse caso, foi padecer no inferno!
TATIANA (Andréa Beltrão) e ALESSANDRA (Bete Coelho)
AS FILHAS DA MÃE (2001)
As legítimas filhas da mãe seguiram a trilha de Verônica e Catarina, e tinham como maior mérito colecionar defeitos jamais vistos em uma só pessoa. Eram tão iguais que pareciam uma só: trambiqueiras, oportunistas e ambiciosas a dar com um pau! Aproveitaram-se das fraquezas da mãe, a premiadíssima diretora de arte Lulu de Luxemburgo, e de um erro cometido por ela no passado, para obterem dinheiro e sucesso à custa da fama da mãe, usando de muita chantagem emocional para chegarem no topo. O problema é que as duas irmãs eram tão incompetentes que nada dava certo.
Mas o destino reservou coisas diferentes para Alê e Tati. Enquanto a primeira se envolveu com o mau caráter Adriano (Thiago Lacerda), e com isso só conseguiu se afundar ainda mais; a segunda, por outro lado, conheceu Webster (Diogo Vilela), um ator fracassado, 100% do bem, por quem ela se apaixona, e acaba trilhando o caminho certo.
7 comentários:
todas muito bem lembradas..as minhas preferidas eram Catarina e Verônica, a mulher fatal de plantão, como a irmã a chamava. Nenhuma das duas prestava.
A Narjara tava muito bem em Amor com amor se paga como a irmã invejosa. em O Amor está no ar a Betty Lago e a Natália do Valle também não se davam nada bem.
Foi a Alice quem vendeu as máquinas da mãe em "Amor e Intrigas"?
Julia e Yolanda são clássicas! Hoje em dia a história das irmãs que disputam a filha não teria tanta graça. E ainda pensam num remake de dancin days...espero que abandonem essa ideia estapafúrdia.
Valquíria vendeu as máquinas da mãe, em Amor e Intrigas. Já corrigimos!
Catarina e Verônica são as melhores. Talvez seja mais interessante quando a disputa é entre duas malvadas.
Tem também as gêmeas de Paraíso Tropical feitas por Alessandra Negrini.
Bjs
Acompanhei os embates de Ruth e Raquel, Tieta e Perpétua, e vários outros... As engraçadíssimas Tati e Alê, de "As Filhas da Mãe" deixaram muita saudade, mas as irmãs de que mais gostei foram Maria Luísa e Beatriz, de "Quem é Você?", uma novela maravilhosa que deveria ser reprisada!
Achei a premissa de "Amor & intrigas" parecida em demasia com "Vale tudo". A novela foi escolhida através de um concurso, mas o roteiro estava meio longe de ser original. Tudo bem que histórias assim são clichês e tal, mas me pareceu muita cópia. E o nome da novela muito mexicano hehe...
Lucas - www.cascudeando.zip.net
Postar um comentário