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ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

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sexta-feira, 6 de julho de 2012


Vamos ao Encontro?
Fátima Bernardes comanda programa convidativo, com atrações que não empolgam.

por Duh Secco



Nem a vingança de Nina (Débora Falabella) em Avenida Brasil; nem o sucesso das Empreguetes de Cheias de Charme. Nenhuma novela ou qualquer outro programa televisivo foi tão comentado na última semana como o Encontro com Fátima Bernardes, atração que a Globo estreou no dia 25 de junho, na intenção de levantar a audiência de suas manhãs e presentear a jornalista, pelos bons serviços prestados em todos esses anos de casa, com um programa do jeito que ela queria apresentar.


Assistindo o Encontro durante a primeira semana e em duas edições esparsas nos últimos cinco dias, fico me perguntando qual seria o real motivo de Fátima abrir mão de ancorar o telejornal de maior audiência deste país para investir em uma atração que ainda não disse a que veio. O formato não difere de outros programas que mesclam entrevista com jornalismo. É o velho bate papo com convidados sobre temas especiais, já visto por aqui em atrações como o Sílvia Poppovic e o Casos de Família, quando este era conduzido por Regina Volpato, e amplamente difundido no exterior através de Oprah Winfrey, expoente máxima deste tipo de programa. O grande diferencial do matutino comandado por Fátima Bernardes está na própria Fátima.


Talvez tenha sido justamente pelo desejo de apresentar outra faceta ao público, que a agora estrela das manhãs da Globo tenha se esforçado tanto para implantar este projeto. Longe da bancada do Jornal Nacional, Fátima se mostra mais desenvolta e envolvida com os fatos sobre os quais discorre. Sua figura é o que tem garantido a audiência e a popularidade do programa. E também o que motiva a imprensa especializada em divulgar os dados de audiência quase que imediatamente após o final de cada programa, como se comparasse a atual atração, ainda experimental, ao sucesso de Fátima em outros jornalísticos globais. Falta talvez a estes analisar mais o conteúdo ao invés de se debruçarem em cima de números, importantes para o departamento comercial, mas pouco relevantes para o público, que tem no Encontro mais uma opção para suas manhãs.


Quando se fala em conteúdo, aliás, nos deparamos com a raiz dos problemas do matinal de Fátima. A equipe de criação não soube definir qual o público para quem desejam falar. O Encontro se divide entre pautas destinadas a atender a ascendente classe C, o público-alvo de dez entre dez produções atuais da TV brasileira, e temas de grande abrangência, discutidos com convidados e outros membros da equipe, que assessoram Fátima no estúdio e em links. Os tais temas, entretanto, são desenvolvidos ao longo da semana, o que pode cansar o telespectador, principalmente aquele adepto do controle remoto, que não segue fielmente uma atração todos os dias. Como exemplo temos a adoção, assunto da estreia, cujo entrecho mais interessante, envolvendo casais homossexuais, ficou para a sexta, justamente o dia de menor audiência do programa na última semana, 05 pontos. O público, certamente, já estava saturado do assunto difundido durante as quatro primeiras edições da atração.


Foi na sexta também que Fátima reverenciou sua própria história, ao comemorar os 10 anos do pentacampeonato da seleção brasileira, que naquela ocasião elegeu a jornalista como musa da Copa. Um tiro no pé, já que a matéria mantinha a associação que ainda paira sobre o telespectador: a de Fátima ao Jornal Nacional. A celebração ainda sofreu com a falta de preparo do entrevistado, Ronaldo Fenômeno, astro maior da conquista futebolística que hoje está ligado ao agenciamento de novos nomes do esporte e a CBF, instituição para a qual serviu como blindagem dentro do comitê que organiza o torneio de 2014, no Brasil, abalado pelas denúncias envolvendo seu então-presidente, Ricardo Teixeira. O Fenômeno não se saiu bem nas recordações, menos ainda na interação com o tema da semana, que levou Fátima a expor um pouco de sua intimidade, ao dizer que costumam abordá-la com perguntas inconvenientes envolvendo seus filhos.


Essa Fátima mais descontraída, que dá a própria família como exemplo de situações, também está presente em praticamente todas as edições do Encontro. Tal comportamento a aproxima do público que está em casa. Já o pessoal que confere o programa no estúdio cerca a apresentadora por todos os lados. A cenografia aproxima a plateia de Fátima, mas confunde quem está assistindo, por não haver uma determinação que indique quem é convidado, quem é plateia ou mesmo quem é da equipe do programa, caso do repórter Lair Rennó, responsável por trazer as notícias da última hora. O dinamismo que estas inserções noticiosas promovem poderia servir como direção aos responsáveis pelo Encontro. O programa ganha em agilidade quando Fátima interage com Lair ou outros repórteres. Vale lembrar que um dos títulos pensados para a atração foi Dia Útil. E utilidade é o que ainda falta para o Encontro. Talvez focar as pautas em assuntos ocorridos no dia anterior ou mesmo na manhã do programa seja uma boa ideia para turbinar os índices. Já a presença dos humoristas Marcos Veras e Victor Sarro, com reportagens de rua e no estúdio, não agradam. É o tipo de humor que não pode ser ácido demais às 10h da manhã. Com isso, acaba ficando bobo.

Intervenções serão necessárias para tornar o programa mais interessante. A Globo, em seus 47 anos de existência, já soube contornar baixos índices nos primeiros momentos de uma grande aposta para sua grade. Foi o que aconteceu com o Mais Você, de Ana Maria Braga, que, testado no ar, acabou encontrando seu norte. É um programa agradável de se ver, ainda que não registre altos índices. O mesmo para o Encontro com Fátima Bernardes. É uma boa ideia que precisa ser melhor trabalhada.



2 comentários:

Jorge Fortunato disse...

Concordo pelnamente om tudo que vc escreveu.
Abraços

Sr. W disse...

Sinceramente não gosto do programa, mas penso como voce, alguns ajustes podem torná-lo agradável. Apesar de não ser fã da Fátima, fico chateado com as críticas e piadas sendo feitas por aí.
Parabéns pela elegância com a qual tratou-a em sua crítica.