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ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

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segunda-feira, 14 de março de 2011




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Trágica Informação
por Duh Secco
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05 de março. Record Notícias. Telejornal vespertino exibido somente para São Paulo. Na pauta do dia, o assassinato da menina Lavínia. A mãe da autora do crime cede uma entrevista ao repórter Luiz Bacci. E desanda a chorar. O repórter se comove. Segue a exposição da triste senhora chorando por, segundo ela, ter criado um monstro. Um desabafo sincero que a falta de ética jornalística transforma em um espetáculo degradante.

Tem sido assim nos últimos tempos. Todo crime bárbaro vira pauta pra “jornalístico”. As suposições dos jornalistas e a exposição dos envolvidos garantem picos de audiência. E quanto mais picos, mais insistem naquele assunto. Sônia Abrão é mestra nisso! Já chegou a entrevistar um seqüestrador, transformando o criminoso em uma estrela de TV, perturbando ainda mais a já perturbada mente do rapaz, o que atrapalhou o andamento das negociações e prejudicou o trabalho da polícia. Recentemente, leu uma carta de um dos envolvidos no desaparecimento de Eliza Samúdio, que se aproveitou do espaço cedido pela apresentadora para expor seus dramas pessoais, retirando assim a atenção de cima de seu suposto ato criminoso.

Até Ana Maria Braga, acostumada a receitas fáceis e piadas com seu Louro José, tem se rendido ao sensacionalismo. Em uma mesa de café da manhã, ela discute indigestos assuntos, que deveriam ser comentados apenas nos telejornais. Telejornais de verdade e não policialescos que apelam para o sensacionalismo, como o Brasil Urgente de José Luiz Datena. Quanto mais torpe o crime, mais Datena se exalta. Até aí uma reação normal, já que todo ser humano se indigna diante de tanta violência. O problema é que quanto mais Datena se exalta, mais ele se desespera ao ver os números de audiência. Incomoda profundamente ver o apresentador comentando assuntos tão pesados, enquanto corre o olho para o aparelho que realiza a medição dos índices do Ibope. E se queixar de seus números baixos ao mesmo tempo em que exige informações da polícia, como se fosse obrigação das autoridades informá-los a cerca de suas investigações.

Quem ganha com isso? Ninguém. A justiça se vê enrascada com informações sigilosas divulgadas sem o menor pudor. Os envolvidos no crime, seja vítima ou culpado, têm suas vidas expostas de maneira sórdida. E os apresentadores... Bem, esses só se preocupam mesmo em bater a concorrência. Dane-se a informação.

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