Jogando nas Onze
Por Fernando Russowsky
“Dia 12, tem novidade na Globo! Vem aí O Astro, a sua NOVELA DAS ONZE”! Na primeira vez que ouvi, achei que não tinha entendido direito. Mas quando a chamada passou novamente, tive a certeza de que não tinha delirado. Para mim, foi uma grande e agradável surpresa, confesso que meu coração disparou. Nasci em 1977 e, portanto, não acompanhei a sequência ousada e inovadora de novelas que a emissora apresentou às 22h, ao longo da minha década natalícia. Quando Eu Prometo foi exibida, numa alegada tentativa de retomar o horário, eu tinha seis anos e ainda não era ligado em teledramaturgia, de modo que não percebi a dimensão do que estava indo ao ar. Na época de Araponga eu estava com 13 e aproveitei bastante. Mas era público e notório que se tratava de uma iniciativa isolada, para fazer frente ao sucesso de Pantanal, da Manchete. Assim, sempre sonhei com o dia em que escutaria Dirceu Rabello anunciar a volta da “novela das dez”.
Considerando que a Globo reconheceu a extinção do horário das 20h, tendo anunciado Insensato Coração como “novela das nove”, a locução de O Astro não é a que eu esperava, mas soou como música para os meus ouvidos. Mesmo ciente de que este texto é fruto do departamento de marketing, e não de teledramaturgia da emissora. O remake da novela de Janete Clair pertence a um gênero que ganhou força na década de 2000, e tem como outros exemplos A Muralha, O Quinto dos Infernos, Um Só Coração e Aquarela do Brasil, entre outras. Um formato com duração menor que a de uma telenovela e maior do que a de uma minissérie e que costuma ser chamado pela imprensa de mininovela ou macrossérie, termos que a Globo não utiliza, chamando-o simplesmente de minissérie e, agora, “novela das onze”.
A imprensa divulgou que a Globo pretende dedicar a faixa a remakes de grandes sucessos do passado. Não discuto aqui se é, ou não, válido realizar estas regravações. O que me chama a atenção na proposta é a indicação de que a iniciativa poderá ter seguimento. Entretanto, há cerca de cinco meses já havia notas sobre O Astro, que durará três. E, pelo menos até agora, não vi nada a respeito de uma possível sucessora. Para mim, ainda não está claro se a emissora pretende fazer das “onze” um horário contínuo, se irá aproveitá-lo de forma intermitente ou se fará peça única.
Também circulou a notícia de que a “novela das onze” seria exibida de segunda à sexta-feira. Já sabemos, porém, que serão apenas quatro capítulos por semana, começando na terça. Este expediente vem sendo usado desde 1988, quando a Globo, para substituir Jô Soares, que fora para o SBT, criou a Tela Quente. Naquela época, a então “novela das oito” começava às oito e meia e terminava por volta das nove e meia, quando a emissora apresentava a linha de shows. O horário seguinte, dedicado a minisséries nacionais e enlatadas, ia das dez e meia a até mais ou menos onze e meia. Como o filme exibido nas noites de segunda-feira ocupava as duas faixas, devo admitir, embora considere uma aberração, que a não-exibição neste dia fazia sentido. Mas atualmente, quando o futebol da quarta-feira termina, muitas vezes, mais tarde do que a Tela Quente, não consigo enxergar nada que a justifique.
Por tudo isso, digo que minha felicidade ainda não é completa. Mas me permito sonhar: imagino O Astro fazendo grande sucesso, encorajando a Globo a realmente dar sequência ao projeto de remakes e tornando o horário permanente. Com a audiência crescendo cada vez mais, irão ao ar cinco, e não quatro capítulos por semana. A duração vai se flexibilizando, podendo ter entre 80 e 120 capítulos. Com o tempo, a emissora resolve arriscar roteiros originais, com aquela dose de ousadia que há tempos não se vê, precisamente desde os anos 70 do século passado... Ainda que eu saiba que, atualmente, o termo “novela das onze” seja apenas um golpe promocional, revela disposição, por parte da emissora, em trazer algo novo à sua tão estratificada grade de teledramaturgia e enche meu coração de esperanças de poder me dizer um telespectador contumaz das novelas das dez. Mesmo que sejam “das onze”.
6 comentários:
Torço pelo sucesso de O Astro também, as chamadas parecem boas, mas remakes de novelas de Janete Clair parecem sofre de algum mal...
A novela de 78 é um marco para mim, pois foi dela que minha mãe tirou meu nome, que era da personagem de Dina Sfat e hoje será de Carolina Ferraz.
Acho que vc tocou num ponto importante: a "novela" deveria ir ao ar às segundas também, depois da Tela Quente. Assim justificaria melhor a denominação da faixa. Pois desse jeito não diferencia em nada das minisséries exibidas. Desde o anúncio dito "pra comemorar os 60 anos da telenovela", vejo tudo como mais uma grande jogada de marketing pra tentar minar "A Fazenda", do que propriamente uma vontade da emissora de investir em novelas no horário.
Como telespectador torço muito também para que o horário se estabilize e traga essas doses de ousadia. Sonhar não custa nada.
Verdade sobre a novela ir ao ar também após a Tela Quente. O futebol realmente toma mais tempo que o filme em algumas vezes!
Lucas - www.portalcascudeando.blog.com
Infelizmente três coisas chatas que a globo não abrirá mão: Tela Quente, Futebol e Globo Repórter. São três programas que fará o horário de O Astro se tornar ingrato. Contando que não será exibida na Segunda, então a novela entrará as 23h mesmo apenas na terça e na quinta. Reflitam...
Já consigo imaginar um bom futuro: pelo menos uma novela das 11 por ano. Há um tempo circularam notícias sobre uma adaptação de O rebu, por Carlos Lombardi, mas como minissérie, agora pode vingar. Ricardo Linhares já disse em entrevista que adoraria fazer um remake de Saramandaia... Pra melhorar, só se Aguinaldo Silva resolvesse reescrever Gabriela, já pensaram?
Adorei o blog, abraços!
Bastante pertinente este banner de O Rebu. Não somente para ilustrar a criatividade e a ousadia das "novelas das dez" dos anos 1970, como seria ótimo ver um remake desta obra numa possível continuidade da agora chamada "novela das onze". Sonho em ver O Rebu!
André San - www.tele-visao.zip.net
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