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sexta-feira, 30 de setembro de 2011











A primeira novela das seis pós Cordel Encantado
por Fernando Russowsky


Eu não gostaria de estar na pele de Lícia Manzo. Estrear como autora de telenovelas escrevendo a obra que sucede Cordel Encantado é uma tarefa no mínimo ingrata. Missão que, a julgar por este início, vem sendo cumprida com bastante dignidade. Em comum com a antecessora, vi apenas a imagem com tratamento diferenciado e a primeira cena ser um sonho. O clima de conto de fadas de Cordel deu lugar a um tom mais soturno e realista. A nova novela deixa claro que se trata de um drama sobre relações familiares. E mostra que quer vencer por méritos próprios e não na carona de um grande sucesso.

Tenho lido nas redes sociais alguns comentários dizendo que a obra é parecida com as do autor Manoel Carlos. De fato, o título lembra bastante os das novelas dele e a abertura me remeteu à de Por Amor, com imagens dos protagonistas. Também pode ter contribuído para estas analogias a direção assinada por Jayme Monjardim, cujo estilo é bastante característico e marcante. Mas em relação a texto e roteiro, me pareceu bem diferenciada. Neste início, vi muito pouco da abordagem do cotidiano, tão típica das obras de Manoel Carlos. O que vi foi uma apresentação mais objetiva dos conflitos presentes na trama. No primeiro capítulo - com direito a participação especial do tenista Gustavo Kuerten interpretando a si próprio - eu já fiquei sabendo que Ana, a personagem principal, é uma jogadora de tênis em ascenção e que sua treinadora é uma megera que coloca a carreira acima de todas as outras coisas. A vi vencer um torneio, e que sua mãe é uma neurótica que deposita nela todas as suas expectativas e praticamente ignora a outra filha. Também já foi apresentada a avó Iná, o ponto de equilíbrio na conturbada relação familiar da protagonista, bem como o amor entre Ana e Rodrigo, irmão postiço, filho do marido da mãe. Pra finalizar, vi o traumático fim do casamento da mãe de Ana com o padrasto, dando início a um processo de divórcio litigioso. Tenho a impressão de que Manoel Carlos - sem entrar no mérito se isso é bom ou ruim - levaria mais tempo para apresentar todos estes conflitos, provavelmente toda a primeira semana, intercalando com várias cenas de crônicas do cotidiano.

A Vida da Gente também se difere da obra de Manoel Carlos pela ambientação. Ao invés do Leblon e alguma cidade serrana fluminense, o que se vê na novela das seis são Porto Alegre e Gramado. Em termos, tal e qual a maior parte das produções da Rede Globo ambientadas fora do eixo Rio-São Paulo, como Tropicaliente, cuja história se desenvolvia no Ceará, e Vira-Lata, que tinha um núcleo em Florianópolis: das cidades não se vê muito mais do que algumas externas. Além disso, os esses são chiados e os erres, puxados. Mas isto é coisa que se releva, eu tomo como “licença poética”. Até porque prefiro um “carioquês” honesto do que um sotaque regional forçado e mal feito. Portoalegrense que sou, não posso negar uma ponta de orgulho ao ver, pela primeira vez em 31 anos – desde Olhai os Lírios do Campo -, uma telenovela global se passando na minha cidade.




Confesso que assisti a este início mais por obrigação, para poder escrever este texto, do que por vontade. “Viúvo” de Cordel Encantado, não me conformava com a ideia de não ver mais os tipos divertidos e caricatos que viviam aventuras em uma atmosfera de conto de fadas. Mas respirei fundo, aceitei que Cordel terminou e que, como o show não para, uma nova novela estava começando. E tive uma agradável surpresa. A impressão com que fiquei foi a de estar diante de uma novela tradicional e cumpridora. Um drama que não inova - tampouco pretende - e consegue marejar os olhos. Agora é esperar pelos próximos capítulos. 



6 comentários:

Anônimo disse...

"Tenho a impressão de que Manoel Carlos - sem entrar no mérito se isso é bom ou ruim - levaria mais tempo para apresentar todos estes conflitos, provavelmente toda a primeira semana"

Ele levaria uns cinco meses... Ou a novela toda... hehe

A abertura de "A vida da Gente" me comoveu, gente. :p

Eduardo Vieira - Recife/PE

Juliano G. Bonatto disse...

Acho que a novela está ficando boa. Sem dúvida, para os fãs de Cordel, a novela não vai agradar logo de cara, e talvez nem venha a agradar. Mas , particilarmente, não gosto de comparações, acho que a cada obra deve ser analisada pelo o que é.

FABIO DIAS disse...

Eu estou adorando A vida da gente. Prefiro novelas mais realistas e atuais do que as fábulas de Cordel Encantado. Eu também gostei de tudo que foi apresentado até agora, a fotografia, o elenco, o texto!

Torço pelo sucesso.

Dan FM disse...

Ainda não assisti muita coisa dessa novela, mas digo que apenas a abertura me emocionou! Não há dúvidas de que se trata de uma história tocante e comovente!

André San disse...

Eu acho que se pode, sim, traçar uma comparação entre o texto de Manoel Carlos e Lícia Manzo. Os dois conseguem criar grandes enredos a partir de situações aparentemente simples, desventuras da vida. Lícia também sustenta uma narrativa bastante próxima da crônica cotidiana do Maneco, a meu ver. A diferença é que Lícia consegue ser mais ágil na condução da narrativa, Maneco é lento demaaaaaais! Mas não é difícil comparar os dois autores. Estou curtindo muito a novela, diga-se! Me ganhou já no primeiro capítulo. Abraço!
André San - www.tele-visao.zip.net

Anônimo disse...

Realmente Licia tem uma dificil tarefa, mas ela tem um ótimo texto, e com pequenos ajustes a história pode dar certo. Só tenho medo da direção do Monjardim deixar a novela lenta. Eu gosto bem mais do Ricardo Waddington dirigindo esse tipo de história. Ele imprime um ritmo necessário.