"Aquele Beijo" traz humor de Miguel Falabella de volta às 7.
por Guilherme Staush
Estreou ontem, com 35 pontos de média, “Aquele Beijo”, novela das 19h da Globo, escrita por Miguel Falabella. Foi a maior média dentre as estreias das últimas seis produções do horário. Essa é a segunda novela do autor sem a parceria de Maria Carmem Barbosa, com que fez "Salsa e Merengue" e "A Lua Me Disse".
Com direção geral de Cininha de Paula, o capítulo de estreia girou em torno da protagonista Cláudia (Giovanna Antonelli), que em meio a uma crise com o namorado Rubinho (Victor Pecoraro), faz uma viagem a trabalho, e na fila do check in conhece Vicente (Ricardo Pereira), por quem sente um algo a mais naquele momento.
A novela contou também o drama dos moradores do Covil do Bagre, que sofreram com a ameaça de demolição do prédio onde vivem, para que no lugar seja construído um complexo de lojas de propriedade do poderoso Alberto (Herson Capri). Os moradores foram salvos no último minuto pelo advogado Vicente, que conseguiu uma liminar impedindo a demolição do prédio, tornando-se um herói, defensor dos fracos e oprimidos, logo nos primeiros minutos de exibição da novela.
A trama não trouxe grandes novidades, é bem simples (e romântica) por sinal, uma história de amor bem tradicional para quem esperava algo de mais extravagante em se tratando de Miguel Falabella. O grande diferencial é a maneira com que a história está sendo contada. A narração (do próprio Miguel) apresentando as personagens e suas histórias foi um grande acerto. Além de o público ter a oportunidade de conhecer de forma mais aprofundada o perfil das personagens logo de cara, evitou os recorrentes clichês pra lá de didáticos que são típicos do primeiro capítulo de uma novela, e que tanto chateiam os telespectadores mais exigentes. E a voz, já bem familiar do autor, aproxima ainda mais o público da história.
O núcleo de Mãe Iara (Cláudia Jimenez) e Joselito (Bruno Garcia) foi um dos grandes destaques do capítulo. A farsante mãe-de-santo, que acusa impiedosamente seu ajudante de ter sido o culpado pela morte de sua mãe, ocorrida na porta de sua casa, promete render ótimas cenas de humor. Bruno é sempre ótimo fazendo comédia, e Cláudia, apesar de nos últimos anos ter assumido uma constante expressão trágica em seu rosto e um jeito de falar mais melancólico ainda, faz render o ótimo texto do autor, resultado de uma parceria de anos.
Um ótimo primeiro capítulo, que cumpriu com louvor a tarefa de apresentar as personagens da novela ao público e garantir a volta do tradicional humor do horário das 7. Enfim, pouco a se dizer em se tratando de um simples capítulo. Muitas personagens importantes ainda entrarão em cena, como as de Grazi Massafera e Zezeh Barbosa, e a Maruschka de Marília Pêra deverá ser melhor definida até o final desta primeira semana.
É sempre um prazer poder rever ótimas atrizes como Patrícia Bueno, de volta às novelas depois de 25 anos (sua última foi "Mania de Querer", na extinta Rede Manchete). Por outro lado, a repetição de papéis a que a maravilhosa atriz Elizângela tem sido submetida nos últimos tempos, chega a ser irritante.
Outro destaque fica por conta da abertura da novela, que exibe uma sequência de cenas de beijos marcantes da teledramaturgia brasileira, como os de Sassá Mutema e Clotilde em “O Salvador da Pátria”, de Amanda e Herculano Quintanilha em “O Astro” e de Jade e Lucas em “O Clone”, entre outros.
Na trilha sonora, regravações de antigos sucessos como “Garota de Ipanema” com Daniel Jobim (tema de abertura) se misturam às gravações originais de músicas antigas, como “Garota Sangue Bom”, de Fernanda Abreu e “Flash-Back”, de Dalto, dos anos 80. Além destas, as recentes “Vai de Madureira", de Zeca Baleiro, e “Exato Momento”, de Zé Ricardo, tema dos protagonistas Cláudia e Vicente, integram a trilha.
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12 comentários:
Confesso que esperava mais humor, e personagens inusitados como os que o Miguel escreveu nas novelas anteriores. Achei a trama central muito folhetinesca, mas.. é só o começo. Vamos ver o que vem por aí..
Bjs
Concordo com quase tudo. Acho que faltou bastante humor em se tratando de uma novela das 7. Ainda espero que a novela cresça bastante nesse quesito nos próximos capítulos. Os autores das novelas das 7 parece que estão esquecendo da comédia. Estão mais pro lado do romance e do drama.
Achei os capítulos fracos!
Mas em se tratando de Miguel Falabella, podemos aguardar boas coisas! Assim espero.
Fábio Dias
www.ocabidefala.com
Achei tudo muito fraco, fake e sem graça.
Eduardo Vieira - Recife/PE
Adorei o primeiro capítulo. Gostei do elenco, das tramas, das músicas. Só não engulo o Ricardo Pereira.Acho ele extremamente sem sal e nao tem química alguma com a Giovanna.
"Flashback", do Dalto, é da década de 70.
Desculpe, mas vc está errado, Rodrigo. Flash-Back é do disco "Muito Estranho", de 1982.
O Dalto não tem discos gravados na década de 70.
Eu estou adorando o clima surreal e intencionamente over de Aquele Beijo: Miguel Falabella continua sarcástico, ácido, e dessa vez mais folhetinesco em relação à trama principal. Uma verdadeira homenagem aos clichês mais que revisitadas pelas telenovelas!
Aquele Beijo consegue fazer rir sem ser bobóide: o texto por si só causa a comoção humorística, não precisando se utilizar de expedientes já desgastados como tortas na cara, piadas infantilóides ou caricatura forçada. Claro que tem elementos ali que não convencem como a fraca atuação do Vitor Percoraro e a composição equivocada do Diogo Vilela, mas no geral a novela já me conquistou e me fez voltar ao horário, do qual fugi em razão da pobre Morde e Assopra.
Ponto para o Miguel e para o ótimo texto do Guilherme!
Gosto do humor do Falabella, mas a história romântica que envolve o trio central tá meio desgastada e desnecesária. Preferia uma protagonista mais inusitada.
Achei o romance central meio morno, embora tenha gostado muito dos mocinhos Claudia e Vicente. Mas Miguel acerta em cheio no humor! Os personagens da Vila Caiada e Covil do Bagre valem o ingresso! Adorei mãe Iara se lamentando pela mãe ter morrido sem ver o final da novela mexicana que acompanhava; e ri demais na cena em que Ana Girafa corre da ameaça de demolição, tentando salvar o secador de cabelos. Aquele Beijo promete!
André San - www.tele-visao.zip.net
Guilherme, "Flashback" é de um compacto que o Dalto gravou em 1974. A gravação original foi reaproveitada como uma das faixas do LP de 1982. Aliás, isso está escrito no LP, se você verificar.
Entao tá, Rodrigo. Se você tem certeza que a gravação de 82 é a mesma, o erro foi meu.
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