por Duh Secco
Irmãs, presume-se, estarão unidas por toda a vida, não só pelos laços de sangue, como também pela amizade e companheirismo que nasce devido a convivência ao longo dos anos. Ainda que haja divergências de personalidade, como Catarina (Adriana Esteves) e Bianca (Leandra Leal), em O Cravo e a Rosa; ou de pontos de vista, como no caso de Virgínia (Ângela Vieira), que discordou das atitudes de sua irmã Helena (Regina Duarte), em Por Amor. Irmãs podem se afastar ao longo da vida, ainda que não queiram, como aconteceu com Cassandra (Maria Zilda Bethlem) e Helena (Andréa Beltrão), separadas pelos negócios escusos do pai em Vira-Lata. Podem também se aproximarem diante de uma dificuldade, como Joana (Regiane Alves) e Dominique (Poliana Aleixo), de Beleza Pura, que se conheceram após a morte da mãe. E se manterem unidas por toda a eternidade, como bem vimos em A Viagem, com Dinah (Christiane Torloni) e Estela (Lucinha Lins). Existem inúmeros motivos para que irmãs se deem bem e outros tantos para que elas se odeiem. É o que vemos agora, na segunda parte de nosso especial “Irmãs, porém rivais”.
A disputa por um bom partido
Tudo corria bem quando Nina e Bianca eram moças. A primeira amava Pedro (Paulo Gorgulho); a segunda namorava Xampu (João Vitti). Acusados de assassinar uma prostituta, ambos foram presos. Sete anos depois, Xampu voltou para Remanso, sua cidade natal, adoentado e, antes de falecer, pediu à Bianca que se casasse com ele. Rica, Bianca mudou seu padrão de vida, enquanto Nina continuou auxiliando seu pai, Sirineu (Mauro Mendonça), na oficina mecânica deste. Eis que surgiu Mike (Jayme Periard), um homem misterioso que encantou as duas irmãs e acentuou os conflitos entre elas. No final, Bianca deixa a cidade para ser modelo, deixando o caminho livre para Nina.
Nina (Alinne Moraes) e Lenita (Mel Lisboa), em Como Uma Onda (2004).
Outra Nina, de outra novela de Walter Negrão, também disputou seu amado com a irmã. Era a protagonista de Como Uma Onda, vivida por Alinne Moraes. Em uma viagem à Portugal, Nina e Lenita, sua irmã, se apaixonam por Daniel (Ricardo Pereira). O rapaz está fugindo do país, depois de ter tido um romance com a filha de um poderoso homem. Chegando ao Brasil, Daniel é acolhido por Nina e Lenita na mansão da família Paiva. A segunda investe nele sem medo, enquanto Nina faz valer seu compromisso com JJ (Henri Castelli), com quem acaba se casando, após ser submetida à chantagem do rapaz. Eis que Lenita descobre ser filha adotiva do casal Sinésio (Hugo Carvana) e Mariléia (Denise Del Vecchio), decide rever seus conceitos e acaba abrindo mão de Daniel, que volta para Nina.
Eva (Malu Mader) e Nina (Maria Flor), em Eterna Magia (2007).
Parece que é sina de toda personagem chamada Nina sofrer por conta de uma disputa amorosa com a irmã. Que o diga a feiticeira de Serranias, que perdeu seu noivo, Conrado (Thiago Lacerda), para sua irmã Eva, uma conceituada pianista. Com o auxílio de Zilda (Cássia Kiss), e de um sortilégio que comete apoiada pela bruxa, Eva consegue se casar com Conrado e levá-lo para Irlanda. Anos depois, Eva se descobre portadora de um tumor no cérebro. Volta para Serranias disposta a reparar seu erro com a irmã. Mas a essa altura, Nina já não é mais a doce menina de antes e se aproveita do arrependimento da irmã para submetê-la a toda sorte de terrorismo, chegando inclusive a se fazer de inválida, na tentativa de recuperar Conrado e deixar Eva ainda mais culpada pelo que fez no passado.
Tão ardilosa quanto às irmãs de Eterna Magia era a Graça, da novela atualmente em cartaz no Vale a Pena Ver de Novo. Além de confabular contra a irmã, na tentativa de separá-la do advogado Guilherme (Rodrigo Faro), Graça ainda a empurrou para os braços do asqueroso Conde Klaus (Cláudio Côrrea e Castro), o “velho lambão” que exigiu a mão de Celina em casamento, como pagamento por uma dívida de jogo do pai dela, Reginaldo (Antônio Grassi). Após inventar uma gravidez, Graça se casa com Guilherme e se muda para a casa de Celina, a esta altura, já casada com o Conde. Eis que Graça realmente engravida e acaba falecendo durante o trabalho de parto, sendo levada deste mundo pelas forças das profundezas.
Irma (Carolina Ferraz / Elaine Cristina) e Madeleine (Ingra Liberato / Ítala Nandi), em Pantanal (1990).
Diferentemente do caso anterior, Madeleine usou a gravidez para se afastar de seu amado, Zé Leôncio (Paulo Gorgulho / Cláudio Marzo). Ela abandonou o marido em sua fazenda no Pantanal e voltou para o Rio de Janeiro, sem avisá-lo. Preocupada com o cunhado, Irma resolve ir ao encontro dele, para lhe dar notícias de seu filho. É quando os dois se rendem à paixão e transam em meio às águas do pantanal mato-grossense. Apesar da disputa, nem Irma, nem Madeleine, terminou ao lado de Zé Leôncio. Anos após ter abandonado seu marido, Madeleine decide ir visitá-lo, para convencer seu filho Jove (Marcos Winter), que está morando com o pai, voltar para o Rio. Madeleine acaba morrendo em um trágico acidente de avião, e Irma, morando ao lado do cunhado, termina por esquecê-lo ao se envolver com Trindade (Almir Sater).
Vanessa e Vânia, as filhas da madame Clô (Yara Côrtes) não se odiavam. Mas entraram em atrito por conta da disputa pelo amor do garçom Otávio (Paulo Figueiredo). O que elas não desconfiavam é que a verdadeira intenção de Otávio era se apoderar do patrimônio da família, principalmente do buffet que dava nome à história. O garçom, entretanto, acabou traído pelo coração e, depois de ter conquistado tudo o que havia almejado, ele desiste da vingança para se unir à Vanessa.
E quando o amor não se resume a um rapaz?
Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manu (Marjorie Estiano), em A Vida da Gente (2011).
Contra Ana, Manu nunca ganhou nada. Nem mesmo o amor da mãe, Eva (Ana Beatriz Nogueira). As duas irmãs, entretanto, eram extremamente unidas, até que um acidente levou Ana a passar anos em coma. Neste período, Manu acabou se envolvendo com Rodrigo (Rafael Cardoso), o grande amor de sua irmã. Casada com ele, terminou por criar Júlia (Jesuela Moro), a filha de Ana com Rodrigo, como se fosse sua. Quando Ana despertou do coma, Manu e ela entraram em um embate, não só pelo amor do rapaz, como também pelo da filha. O amor existente entre as duas, no final, acabou falando mais alto, e Ana e Manu se acertaram, para a felicidade de Júlia.
Nem só por amor se disputa um homem!
Carola (Fernanda Souza) e Ruth (Carol Castro), em O Profeta (2006).
As duas filhas de Lia (Nívea Maria) se envolveram com o paranormal Marcos (Thiago Fragoso) de formas distintas. Enquanto Carola o chamava para a realidade, fazendo-o lembrar do poder de seu dom, Ruth alimentava suas ilusões, incentivando Marcos a explorar suas visões para ganhar dinheiro. Eis que ambas se apaixonaram por ele, mas o jovem acabou optando mesmo por Sônia (Paola Oliveira), seu grande amor.
A inveja em família
Todo clã familiar pode abrigar confusões, intrigas, amores e, de vez em quando, muita, muita inveja! Que o diga a família Melo Diniz, aquela na qual a invejosa Ana Paula tripudiava sobre o sucesso da irmã, a produtora musical Maria Clara. E olha que esta sempre foi boazinha com a primogênita de Corina (Nívea Maria). Sustentava os sobrinhos, bancava os devaneios do cunhado Nelito (Taumaturgo Ferreira), e convivia com a irmã sem se importunar com o veneno dela. Ana Paula nunca se satisfez. Acabou como camelô nas ruas do Rio de Janeiro, enquanto Maria Clara permaneceu triunfante em seu posto de estrela.
Sofia (Betty Lago) e Júlia (Natália do Vale), em O Amor Está No Ar (1997).
O desvio de caráter é a porta de entrada para a inveja no seio familiar. Júlia, por exemplo, nunca foi afeita ao trabalho, como sua irmã Sofia, que comandava a empresa de aviação que mantinha com o marido sem se abater, mesmo após a morte deste. Obcecada por dinheiro, Júlia se aliou à principal rival de sua irmã, Úrsula (Nicete Bruno), sogra de Sofia que também almejava destituí-la do comando de suas empresas. Júlia contou ainda com Alberto (Luís Melo), seu fiel escudeiro, e, como comumente acontece nessas relações entre vilões, seu ardoroso amante.
A inveja entre irmãs pode chegar a extremos impensados para duas pessoas com o mesmo sangue. Débora, por exemplo, nunca suportou viver à sombra da irmã, Agnes, que fez um casamento melhor do que o seu. Débora também se incomodava com uma possível predileção de sua mãe, Adelaide (Walderez de Barros), por Luna (Liliana Castro), a filha de Agnes. A inveja era tanta que acabou resvalando em Cristina (Flávia Alessandra), a filha de Débora, que tramou, com a conivência da mãe, a morte de sua prima. Luna reencarnou como Serena (Priscila Fantin), e Débora, novamente, induziu a filha a se livrar dela, com uma bebida envenenada. Mas o plano da vilã, desta vez, falhou, e Débora acabou morrendo, provando do próprio veneno, para o alívio de sua irmã e sua sobrinha.
Se em irmãs que foram criadas juntas já há inveja, imagine entre duas irmãs que nunca haviam se visto antes, o que implica em laços afetivos passíveis de serem desfeitos a qualquer momento. Paula almejava se encontrar com a irmã gêmea, que ela só soube que existia quando sua mãe faleceu. Partiu para o Rio de Janeiro atrás dela, mas teve a maior decepção do mundo quando cruzou com Taís. A princípio se fazendo de amiga, a gêmea má se articulou para assumir o lugar da irmã no dia do casamento desta com o milionário Daniel (Fábio Assunção). Paula não deixou por menos, assumiu a identidade de Taís e passou a aterroriza-la. Até que a malvada morreu misteriosamente, e Paula enfim pode viver em paz.
Assim como no caso anterior, Andréa também desconhecia a existência de uma irmã biológica. Isso porque ela sempre acreditara ser filha biológica de Atílio (Hugo Carvana) e Mercedes (Amélia Bittencourt), o que descobriu ser inverdade após uma acalorada discussão com Júlia (Glória Pires), sua irmã adotiva. Após perder sua fama e fortuna, Andréa soube que, por trás da máscara de boa moça de sua ajudante Selma (Alessandra Negrini), havia uma mulher obstinada por vingança contra aquela que, apesar de ser sua irmã de sangue, não fora criada a seu lado. Andréa e Selma lutaram até o último minuto, pelo mesmo sucesso, o mesmo homem (Diogo, vivido por Herson Capri) e contra o sangue que as unia.
3 comentários:
A novela "A Vida da Gente" foi uma das melhores dentre as mais recentes da Rede Globo. Não apenas o embate entre as duas irmãs era interessante, mas todo o conteúdo da novela. Ninguém ficou imune aos dramas de Rodrigo, Ana e Manu!
Eu esperava muito da Nina e da Lenita em "Como uma onda", mas acho que a trama acabou não acontecendo como poderia. Em "Desejos de mulher" o mesmo, a Júlia e a Andreia podiam ter rendido bastante. Mas ambas foram boas novelas... Boas, que fique claro.
Lucas - www.cascudeando.zip.net
ótimas lembranças....adoro Eterna Magia e a troca de papéis de mocinha e vilã....adorei também o contraponto com as irmãs amorosas.
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